Todo movimento cultural, político e social precisa ser acompanhado de ritmo, sons ou simplesmente de barulho. Por isso, músicas de protesto foram destaque em períodos conturbados no planeta, desde o Blues nos Estados Unidos até a MPB durante a ditadura militar brasileira.
Acontece que, pelo menos nos últimos dez anos, o mundo todo vem enfrentando uma degradação acelerada da sociedade, e isso está sendo refletido na música atual.
Seja na questão ambiental, com desastres cada vez mais constantes e severos, no radicalismo político que amplia as desigualdades e cria guerras por todos os cantos, ou ainda o avanço da tecnologia que ameaça a nossa capacidade de enxergar os fatos.
Artistas botaram o dedo na ferida em 2024
Inspirado nesta lista da Far Out, o TMDQA! reuniu as seis melhores músicas de protesto, nacionais e internacionais, lançadas em 2024!
Confira abaixo faixas sensacionais de nomes nacionais como Black Pantera e Edgar – que, por sinal, nunca fogem da luta -, a força das mulheres na Inglaterra com Lambrini Girls e Chloe Slater, além de um nome dos EUA que você certamente não esperaria ver por aqui.
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As melhores músicas de protesto de 2024
Lambrini Girls – “God’s Country”
Formada durante a pandemia em Brighton, na Inglaterra, este trio composto por Phoebe Lunny, Lilly Macieira e Catt Jack conquistou a forte cena Punk local depois do EP You’re Welcome, do ano passado.
Mostrando que não pretendem recuar, elas lançaram no último mês de abril o novo single “God’s Country”, cujo clipe escancara visualmente vários problemas vividos pelos ingleses como o corte de verbas pra saúde e pesquisa, falta de moradia para o povo, casos de violência racial e muito mais.
Como se não estivesse suficiente, o vídeo termina com uma mensagem claríssima: “Este país está fodido!”. Assista abaixo!
Edgar – “Original de Quebrada”
Um dos artistas mais provocativos do Brasil nos últimos anos, Edgar lançou em maio seu quarto álbum de estúdio chamado Universidade Favela, e liberou um clipe incrível para a música “Original de Quebrada”, uma parceria com Nelson D.
O vídeo foi gravado na Favela do Coqueiro, em Guarulhos (SP), onde o rapper cresceu e voltou a morar durante a pandemia. Segundo ele, retomar o contato com as raízes fez com que quisesse mostrar pro mundo “as belezas e experiências de viver na favela”.
Recomendamos o álbum completo, que é um resgate da autoestima do povo marginalizado apesar das dificuldades, mistura Trap, Reggaeton e Funk e ainda tem parcerias com Nakata, Os Fita e rappers da França e Reino Unido.
Macklemore – “Hind’s Hall”
Sim, é ele mesmo! Os hits de Macklemore no começo dos anos 2010, como “Thrift Shop” e “Can’t Hold Us”, já tinham mensagens políticas “disfarçadas” pela irreverência do cantor americano.
Dessa vez ele escancarou suas opiniões de fato na música “Hind’s Hall”, uma espécie de diss track contra o governo de Israel e o apoio oferecido pelos Estados Unidos na guerra contra a Palestina.
O artista destinou parte dos royalties da canção a agências de refugiados e ainda ganhou um elogio de ninguém menos que Tom Morello, que disse que essa “é a música mais Rage Against The Machine desde o Rage Against The Machine”.
Slim Soledad – “Transmission”
Outra cantora brasileira formada em Guarulhos, Slim Soledad vive atualmente em Paris e já foi destaque em vários festivais internacionais como Primavera Sound, Time Warp e Boiler Room.
Ela tem inovado na música eletrônica ao unir Techno, Electro e Funk brasileiro, sempre com letras em defesa da população LGBTQIA+ e das liberdades individuais, algo que ela faz desde cedo com o Coletivo Ch3rnobyl, um dos mais importantes da área em São Paulo.
Lançado em maio, o single “Transmission” é a primeira mostra do EP de estreia da artista, que chega este ano mas ainda não tem uma data definida. Fique de olho!
Chloe Slater – “Nothing Shines On This Island”
De volta para a Inglaterra, a cantora Chloe Slater é a prova de que também dá pra fazer Indie Pop de protesto, com músicas suaves e não necessariamente tendo as mensagens berradas no microfone.
Ela lançou no mês passado o primeiro EP chamado You Can’t Put a Price on Fun, que como o título mostra fala sobre a soberba de quem acumulou muito dinheiro e poder, atacando especificamente os “riquinhos de pubs” que saem para paquerar – ou assediar – garotas.
“Nothing Shines On This Island” fala justamente sobre a decadência moral da juventude britânica, e você pode ouvi-la abaixo.
Black Pantera – “PROVÉRBIOS”
Se você acompanha o TMDQA!, sabe que um trio de Minas Gerais está cruzando fronteiras entre o Metal, o Punk e o Pop Rock enquanto enfrenta diretamente o racismo estrutural no Brasil.
É claro que estamos falando do Black Pantera, que explodiu em 2022 com as pedradas do disco Ascensão, e este ano não deixou por menos no novo álbum chamado PERPÉTUO.
O lançamento abre espaço para melodias mais suaves, mas sem perder a essência combativa da banda que fica clara em faixas como “SEM ANISTIA”, “PROMISSÓRIA” e “PROVÉRBIOS”, cujo clipe foi inspirado numa imagem histórica dos Panteras Negras em frente ao Tribunal de Oakland, na Califórnia.