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Universal Music Group desenvolve ferramenta de clonagem de voz com Inteligência Artificial

Parceria com a SoundLabs permite que artistas da Universal Music Group usem modelo vocal criado com IA (inteligência artificial). Entenda!

música, inteligência artificial, IA
Crédito: Shutterstock

O Universal Music Group (UMG), dono da maior gravadora do mundo, anunciou uma parceria com a startup de tecnologia SoundLabs para oferecer modelos de voz com inteligência artificial (IA) a seus artistas. 

O resultado foi o desenvolvimento do MicDrop, um software que usa técnicas de aprendizado de máquina para replicar vozes. A novidade proporciona novas possibilidades criativas e de produção musical, mas levanta algumas demandas éticas e legais.

MicDrop: a nova ferramenta de voz IA

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O MicDrop já estreia como uma ferramenta avançada que permite aos artistas criar modelos vocais de alta fidelidade usando seus próprios dados vocais. Com essa tecnologia, cantores e produtores podem realizar transformações como voz-para-voz, voz-para-instrumento, fala-para-canto e até transposição de idiomas. 

A UMG garante que os artistas mantenham total controle sobre seus modelos vocais, que não serão utilizados sem permissão e não estarão disponíveis ao público em geral. A Universal afirmou em um comunicado:

O MicDrop é a primeira de uma série de ferramentas interoperáveis de IA desenvolvidas pela SoundLabs para design de som e geração de música. Ela dá aos artistas novos ‘superpoderes musicais’ e reimagina completamente como a música é feita, permitindo-lhes expandir o que é possível.

A tecnologia é especialmente útil para cantar em idiomas estrangeiros sem necessidade de aprendizado, criar gravações mesmo após problemas de saúde que afetem as cordas vocais e até mesmo permitir a produção musical após a morte do artista. Além disso, pode ser usada como um sintetizador vocal, oferecendo mais oportunidades criativas para os músicos.

Chris Horton, vice-presidente sênior de tecnologia estratégica da UMG, acrescentou que a UMG se esforça para manter os artistas no centro da estratégia de IA, de modo que a tecnologia seja usada a serviço da arte, e não o contrário:

A SoundLabs permitirá que os artistas da UMG ultrapassem os limites criativos usando a IA de voz-para-voz para cantar em idiomas que não falam, realizar duetos com suas versões mais jovens, restaurar gravações vocais imperfeitas e muito mais.

O futuro da música e a ética na IA

O otimismo é compreensível, mas esbarra em questões que vão além de uma nova ferramenta criativa. Isso porque qualquer produto que emula ou reproduz vozes reais representa um desafio ético e legal no momento em que ainda se estuda a repercussão da Inteligência Artificial em diversas áreas – inclusive na música.

A integração da IA no music business, embora promissora em termos de inovação, exige atenção e soluções ponderadas. Afinal, são grandes passos que abrem precedentes sem paralelos, afetando tanto a produção contemporânea quanto a futura. Um dos caminhos possíveis é garantir gravações de artistas mesmo após sua morte, alterando significativamente o legado que deixarão.

Foto stock via Shutterstock

Inteligência Artificial e música: muitas questões, poucas soluções

Um dos principais desafios para pensar o lugar da Inteligência Artificial no mercado da música reside na atribuição de autoria e propriedade intelectual.

Quando uma obra musical é composta por IA, quem detém os direitos autorais? São os programadores da IA, os curadores dos dados de treinamento ou os artistas que fornecem insumos criativos? A legislação atual, em muitos casos, não está preparada para lidar com esse “feat” improvável. 

Outro ponto crucial é a transparência e o viés algorítmico. Como os sistemas de IA são treinados com base em grandes conjuntos de dados, há o risco de perpetuar estereótipos e preconceitos existentes na sociedade. É fundamental garantir que esses algoritmos sejam transparentes, auditáveis e livres de vieses discriminatórios, para que a IA não contribua para a marginalização de determinados grupos musicais ou estilos.

Além disso, surge a questão da exploração do trabalho humano. A IA pode automatizar diversas tarefas na indústria musical, desde a composição até a mixagem, o que levanta preocupações sobre o potencial deslocamento de mão de obra humana. Por isso, se faz necessário que a implementação da IA seja acompanhada por medidas de proteção aos trabalhadores do setor, como requalificação profissional e investimento em novas áreas de atuação.

Por fim, debates éticos também se acendem em torno da manipulação da audiência e da privacidade dos usuários. Algoritmos de IA podem ser utilizados para direcionar músicas específicas para determinados públicos com base em seus dados pessoais, levantando questões sobre a livre escolha e a autonomia dos ouvintes. Não é à toa que muitos artistas vêm se mobilizando para frear alguns destes avanços.

Estes são apenas alguns exemplos das questões presentes no debate da IA no mundo da música atualmente. O MicDrop chega nesse cenário buscando oferecer novos caminhos, mas somente após sua aplicação em larga escala é que será possível determinar se será bem sucedido.

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