A Revelator, uma empresa global de soluções tecnológicas para a indústria da música, recentemente estabeleceu sua presença no Brasil, com Luciana Pegorer liderando o escritório local.
Com uma carreira de mais de 20 anos na indústria musical, Pegorer traz uma vasta experiência e profundo conhecimento do mercado brasileiro. Ela já atuou na Warner Music Brasil, foi membro do conselho da Merlin e liderou a Associação Brasileira da Música Independente. Além disso, Luciana co-fundou o selo musical web3 KickOff Music, voltado para ajudar artistas independentes a navegarem no ecossistema NFT.
Sob sua liderança, a Revelator pretende impulsionar a indústria musical independente no Brasil, oferecendo soluções inovadoras de gestão e distribuição de música.
O mercado musical no Brasil está em franca expansão, sendo o maior da América Latina em receitas e um dos dez maiores do mundo. Em 2023, o mercado brasileiro alcançou R$1,9 bilhão, um crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior. Reconhecendo os desafios deste cenário competitivo, a Revelator oferece uma plataforma completa de gestão para artistas, selos e gravadoras, incluindo ferramentas de distribuição musical, controle de royalties, e inteligência de mercado.
A empresa foi patrocinadora master da Trends Brasil Conference, destacando seu compromisso com o crescimento do setor no país. Segundo Bruno Guez, fundador e CEO da Revelator, a chegada de profissionais como Luciana Pegorer é crucial para atender à dinâmica do mercado latino-americano e oferecer suporte de alta qualidade aos clientes locais.
Com isso em mente, o Tenho Mais Discos Que Amigos! conversou com a executiva para entender como a empresa planeja navegar o complexo cenário da distribuição para streaming. Confira abaixo para conhecer um pouco mais sobre este mercado!
TMDQA! Entrevista: Luciana Pegorer (Revelator)
TMDQA!: Luciana, você possui uma vasta experiência na indústria musical, incluindo passagens pela Warner Music Brasil e pela Associação Brasileira da Música Independente. Como essa trajetória impacta hoje a sua atuação na Revelator?
Luciana Pegorer: Minha experiência em produção fonográfica começa na era do CD. Quando entrei para a Warner Music, para gerenciar o catálogo de clássicos e jazz da gravadora, descobri todo um universo fascinante dos bastidores da distribuição de música e entrei de cabeça. Com o conhecimento adquirido na Warner montei meu selo musical em 2003. Naquela época, ainda existia um mercado de mídias físicas forte, que só começou a declinar de verdade por volta de 2010. Foi aí que me engajei na ABMI. Acredito muito na máxima “a união faz a força”, e queria deixar uma contribuição para o mercado da música independente através da associação. Foi uma época em que viajei bastante, participei de associações globais como a Merlin, a WIN e a WIM, e trouxe na bagagem muita informação, e assim consegui contribuir para o amadurecimento dos profissionais do mercado.
Esse aspecto do meu engajamento se consolida na realização da Trends Brasil Conference que fundei, organizo e faço a curadoria há 9 anos. A conferência é a mais prestigiada em negócios da música do país, pois consegue reunir de A a Z, alternativos a majors, aspirantes a consagrados, iniciantes a experientes, todos os aspectos e nichos da indústria, uma diversidade real que muito me orgulha. A Conferência também me ajudar a preservar um conhecimento amplo do mercado da música no Brasil.
O mercado independente não para de crescer e vem se profissionalizando, com cada vez mais empresas em destaque. E para que possa seguir crescendo, precisará se valer de ferramentas de gestão que facilitem o trabalho operacional com mais transparência, análise de dados, redução de custos, aumento de eficiência e faturamento. Minha missão é jogar luz sobre os atributos tecnológicos da Revelator. Não estamos falando de uma distribuidora, mais uma no mercado. Estamos falando de um sistema completo de gestão de royalties e distribuição de música. Uma ferramenta para turbinar os negócios das pequenas e médias gravadoras no Brasil.
TMDQA!: O mercado musical no Brasil está em plena expansão, com um crescimento de 13,4% em 2023. Como a Revelator planeja capitalizar sobre esse crescimento e quais são suas principais estratégias para conquistar o mercado brasileiro?
Luciana: Distribuição digital como serviço também se tornou uma commodity. Não estamos competindo nesse jogo. O foco da Revelator é eficiência e transparência, oferecer ferramentas da mais alta tecnologia para que as empresas de música no Brasil alcancem um novo patamar de maturidade e independência. Buscamos atender o mercado com ferramentas on-line orientadas por dados e em tempo real, permitindo que os profissionais tomem decisões suportadas por informações precisas e atualizadas. A adesão ao modelo da Revelator vai demandar uma mudança de mentalidade. Sair da terceirização das atividades meio, para assumir o controle total do negócio. Isso se torna fácil, no entanto. Com poucos cliques, o empreendedor administra uma quantidade gigantesca de dados da música distribuída. Nossa estratégia é divulgar e demonstrar o software da Revelator para as empresas que julgo estarem nesse momento de maturidade para esse passo adiante. Competir nesse mercado global vem demandando necessariamente maior controle, eficiência e transparência por parte do empreendedor. É aí que entramos.
TMDQA!: A Revelator oferece uma série de soluções tecnológicas para a indústria da música, incluindo gestão de catálogos e administração de royalties. Quais principais lacunas você identifica hoje no mercado musical brasileiro?
Luciana: Temos uma lacuna enorme de automação. Existem inúmeros serviços que facilitam a vida do empreendedor do mercado da música, mas que não conversam entre si. Você contrata os serviços e fica com o trabalho manual dessa gestão. Há muitas empresas ainda hoje prestando contas com artistas através de planilhas de Excel. Muitas empresas distribuindo conteúdo sem conhecer os dados e, sem estes, não conseguem tomar as decisões corretas de marketing e investimento para o artista ou um próximo lançamento. As empresas não conseguem compartilhar dados com os artistas regularmente porque as ferramentas atuais tornam o rastreamento e o relatório de vendas digitais extremamente difíceis. Os dados vêm de várias fontes e são armazenados em diferentes formatos. As empresas precisam consolidar as informações de uma variedade de lojas e serviços, e exibi-las de maneira uniforme e compreensível. É um trabalho manual quase nunca viável.
TMDQA!: A Revelator oferece uma plataforma que promete aumentar a eficiência na distribuição musical e simplificar as operações de royalties. Você pode nos contar mais sobre como essas funcionalidades operam na prática e quais benefícios elas trazem para os artistas e selos independentes?
Luciana: O que a Revelator faz é resolver a questão da automação. O sistema da Revelator é todo integrado. Você insere seu banco de dados com as informações do artista, autor, fonogramas, videofonogramas e obras. O sistema programa os splits de royalties gerando relatórios de receita e pagamento separados por detentores de direitos, bastando para isso apertar um botão. Através da integração com PayPal e Tipalti, você pode gerar os pagamentos para seus artistas ou selos, tudo de forma automática.
Distribuir conteúdo com o sistema da Revelator é também extremamente fácil e te dá autonomia de inspeção, alterações, inclusões e takedowns. Além de permitir que você reúna entrega e distribuição. Como for melhor para o seu negócio. Por exemplo, digamos que a empresa tenha acordos diretos com alguns DSPs. Ela pode usar seus acordos diretos e a Revelator faz apenas a entrega. E onde ela não tem acordo, a Revelator distribui com acordos próprios. Isso dá a ela muita independência na garantia de receber a melhor remuneração possível para os seus ativos.
Análise de tendências e receitas também é muito simples na Revelator e estamos desenvolvendo cada vez mais ferramentas nessa área.
TMDQA!: Quais são os principais desafios que a Revelator enfrenta ao entrar no mercado latino-americano? Quais particularidades regionais nos tornam únicos diante do mercado global?
Luciana: Os mercados brasileiro e latino-americano são muito relacionais. Contar com profissionais do mercado local para o trabalho de expansão é fundamental para qualquer empresa global que queira estabelecer negócios nesses territórios. Localizar o idioma da plataforma e dos materiais de suporte também é fundamental. Este é um ponto ainda em desenvolvimento, mas que em breve estará totalmente sanado.
TMDQA!: Considerando sua experiência como um todo, que passa ainda pela diretoria da Merlin e no comando da Trends Brasil Conference, quais são as tendências emergentes que você acredita que terão maior impacto na indústria musical nos próximos anos?
Luciana: O assunto da hora é a inteligência artificial e sim, é uma tecnologia que gera impactos positivos e negativos na indústria musical. Acredito que nossas estruturas globais, definidoras de parâmetros, as inúmeras associações mundo afora, darão conta das ameaças, nos deixando com os benefícios da I.A. para as inúmeras áreas do negócio.
Correndo em paralelo, quase ninguém fala, mas o impacto que a blockchain vai gerar na distribuição de conteúdo e receitas é gigantesco. A Revelator tem se debruçado sobre a web3 desde o seu início. Já dispomos de tokenização de ativos e distribuição de pagamentos on-chain. Temos uma área de mintagem de colecionáveis sem custo extra à disposição do usuário, com um marketplace todo integrado. Estamos trabalhando na integração de splits e pagamentos de royalties via stablecoins, em carteira digital, tudo automatizado e transparente. Um novo mundo descentralizado está surgindo. A tão sonhada era de menos atravessadores e percentuais deixados pelo caminho está mais próxima do que se imagina. E a Revelator está na ponta dessa transformação.