Há 5 anos, Taylor Swift começava o movimento de regravar seus álbuns; confira 10 lições dessa estratégia

Há 5 anos, Taylor Swift começava o processo de regravação de seus discos após romper com a Big Machine Records. Relembre essa trajetória e lições!

Taylor Swift no Rio de Janeiro, 2023
Foto por Diego Castanho para o TMDQA!

Em 30 de junho de 2019, começava uma treta que teria repercussões por anos na indústria da música: Taylor Swift se posicionou contra a venda de sua ex-gravadora, a Big Machine Records, para Scooter Braun, com quem tinha relações conflituosas. E foi assim que Taylor decidiu regravar seus primeiros seis álbuns. 

Cinco anos depois, esse movimento ainda pode ser sentido, com o próximo “Taylor’s Version” já gerando expectativa e Scooter Braun se retirando do cenário do agenciamento musical em meio ao lançamento da série documental do Max, Taylor Swift vs. Scooter Braun: Bad Blood.

A decisão de Taylor Swift em regravar seus discos foi uma resposta à venda das gravações originais (masters) sem seu consentimento. O objetivo da cantora era recuperar a propriedade de sua música e desvalorizar as gravações originais. 

O que poderia parecer um trabalho desnecessário se mostrou uma estratégia valiosa — como tudo em que Swift põe a mão.

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Por que Taylor Swift está regravando seus seis primeiros discos?

No mundo da música, as gravações master garantem direitos exclusivos de licenciamento e lucro para seus proprietários — nem sempre os artistas ou autores. Tradicionalmente, esses direitos são mantidos pelas gravadoras, criando um desequilíbrio de poder. Swift, ao regravar suas músicas, colocou uma lupa sobre a distinção entre direitos de gravação e composição, já que ela é a autora de todas as suas canções.

Swift assinou seu primeiro contrato com a Big Machine Records em 2005, aos 15 anos, cedendo os direitos de suas gravações master. No ano seguinte, tudo iria mudar: Taylor Swift foi lançado já trazendo clássicos atemporais, como “Tim McGraw”, lançando a cantora a um estrelato sem precedentes. Ela logo furou as bolhas do country com suas canções universais sobre as dores de crescer.

Em 2018, ao final do contrato com a Big Machine Records, Taylor optou por não renovar e assinou com a Republic Records, assegurando a propriedade de suas futuras gravações. Em 2019, a venda da Big Machine para a Ithaca Holdings de Scooter Braun motivou ainda mais sua decisão de regravar os álbuns.

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Decisão criativa e de negócios

As regravações de Swift, como Fearless (Taylor’s Version) e Red (Taylor’s Version), superaram as versões originais em popularidade e vendas.

Este sucesso devolveu à artista controle comercial total sobre sua música e reforçou sua base de fãs. Desde o início dos lançamentos, em 2021, quatro álbuns já estão entre os fãs. Além de Fearless e Red, já é possível ouvir Speak Now e 1989. Isso significa que faltam apenas o álbum homônimo e Reputation para serem relançados.

Além disso, a desvalorização das gravações originais após o lançamento das novas versões de Swift demonstrou o impacto financeiro inegável da estratégia.

Taylor Swift provoca (mais) mudanças na indústria

O sucesso de Swift levou as gravadoras a revisarem seus contratos com novos artistas, impondo restrições mais longas para a regravação de músicas, agora variando entre dez e trinta anos após o término dos contratos. Antes, as restrições comuns eram de cinco a sete anos. Esse movimento busca garantir exclusividade e evitar que artistas concorram com suas próprias regravações.

A relação entre artistas e gravadoras sempre foi complexa, mas a era digital transformou essa dinâmica. Com a ascensão de plataformas de streaming e redes sociais, os artistas têm mais autonomia para promover suas carreiras sem depender exclusivamente das gravadoras. Exemplos como Chance the Rapper, que opta por uma carreira independente, mostram que o sucesso sem gravadoras é possível.

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Artistas emergentes, inspirados pela experiência de Swift, estão mais conscientes sobre a importância de manter a propriedade de suas gravações. Olivia Rodrigo, por exemplo, negociou a propriedade de suas masters, seguindo o exemplo de Swift. E mesmo nomes já experientes, como Bryan Adams, estão seguindo o mesmo caminho da cantora da Pensilvânia.

A decisão de Taylor Swift de regravar seus álbuns trouxe à tona questões éticas e legais sobre a propriedade da música. As gravadoras, em resposta, aumentaram as restrições de regravação, mas essa estratégia pode não ser sustentável a longo prazo. Para se adaptarem à evolução da indústria musical, as gravadoras devem considerar alternativas que promovam uma relação mais colaborativa e justa com os artistas.

Abaixo, você confere de que forma as regravações de Taylor Swift impactam o negócio da música.

10 mudanças na indústria da música após Taylor Swift regravar suas canções

1. Reavaliação dos contratos de gravação

As gravadoras estão revisando seus contratos com novos artistas, impondo restrições mais longas para a regravação de músicas, variando agora entre dez e trinta anos após o término dos contratos.

2. Valorização da propriedade intelectual dos artistas

A decisão de Taylor Swift trouxe mais atenção à importância dos artistas manterem a propriedade de suas gravações master, influenciando novos artistas a negociar esses direitos em seus contratos.

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3. Desvalorização das gravações originais 

As novas versões regravadas por Swift superaram as versões originais em popularidade e vendas, desvalorizando financeiramente as gravações antigas. 

Este resultado foi surpreendente, já que os fãs tendem a se apegar às versões que lhe conectaram com seu artista favorito. Porém, os Swifties compraram a briga de Taylor sem sequer olhar para trás!

4. Mudança na dinâmica de poder 

A era digital e o sucesso de artistas independentes demonstraram que eles têm mais autonomia e não precisam depender exclusivamente das gravadoras para promover suas carreiras.

5. Adaptação das gravadoras

As gravadoras estão sendo forçadas a buscar colaborações mais equilibradas e a tratar os artistas como parceiros legítimos, em vez de apenas funcionários.

6. Influência sobre novos artistas

A experiência de Swift inspirou novos artistas, como Olivia Rodrigo, a negociar a propriedade de suas gravações desde o início de suas carreiras.

7. Mudanças nas práticas de licenciamento

Ao regravar suas músicas, Swift obteve controle comercial total sobre sua música, demonstrando o poder que os artistas podem ter sobre o licenciamento e uso de suas canções.

8. Popularização de regravações

Embora não seja a primeira artista a regravar suas músicas, Swift foi a mais bem-sucedida, popularizando a prática e mostrando que esta pode ser uma estratégia viável para outros artistas.

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9. Impacto financeiro

O sucesso das regravações de Swift resultou em uma valorização significativa de seu patrimônio, contribuindo para que ela se tornasse bilionária, destacando o potencial financeiro dessa estratégia. Claro que ter turnês extremamente lucrativas também ajuda!

10. Pressão para reformas na indústria

O debate sobre a ética na propriedade da música foi intensificado, pressionando a indústria a reconsiderar suas práticas e buscar alternativas mais justas para a relação entre artistas e gravadoras.