“Ele formou a banda. Ele escolheu os membros. Ele deu o nome da banda. Ele escolheu a música que tocaríamos. Ele conseguiu shows para nós. Brian Jones foi o líder original da banda”.
As palavras do baixista Bill Wyman deixam clara a importância do saudoso guitarrista na formação de uma das bandas mais populares de todos os tempos, os Rolling Stones. Ainda assim, muita gente desconhece a história de Jones na banda de Mick Jagger, Keith Richards e companhia.
Nascido em fevereiro de 1942, Brian foi a incorporação do rockstar desde cedo, quando abandonou a escola e a casa dos pais para se tornar uma figura central do Blues e do Jazz na cidade de Londres dos anos 1960.
Além de mestre da guitarra, cultuado por gigantes como Jimmy Page e John Lennon, Jones tocava instrumentos de sopro como flauta doce e saxofone, sabia se virar no piano e na gaita e dominava tudo que tinha cordas: cítara, violoncelo, harpa e mais.
Para celebrar e te ajudar a conhecer melhor o fundador dos Stones, o TMDQA! preparou uma matéria especial sobre Brian Jones, falecido quando tinha apenas 27 anos, no dia 3 de Julho de 1969.
Desentendimentos entre Brian Jones e os Rolling Stones
A primeira formação dos Rolling Stones tinha Mick Jagger nos vocais, Bill Wyman no baixo, Charlie Watts na bateria e Keith Richards e Brian Jones dividindo as guitarras em perfeita harmonia, pelo menos de início.
Após o sucesso imediato com os primeiros álbuns autointitulados em 1964 e 1965, os outros integrantes passaram a se incomodar com o fato de que Jones dominava as composições, e ainda exigia uma parcela maior dos pagamentos por trabalhar também como empresário da banda.
Quando o grupo contratou o agente Andrew Oldham para cuidar das questões burocráticas, o guitarrista começou a perder espaço e demonstrar pouco interesse no trabalho coletivo, ao mesmo tempo em que via piorar o seu vício em drogas e suas oscilações de humor.
Nessa época, a banda já tinha emplacado sucessos como “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Paint It Black” e “Under My Thumb”, mas as entrevistas de Brian demonstravam seu descontentamento com os rumos do grupo (via Ultimate Classic Rock):
O meu objetivo de vida nunca foi ser um pop star. Eu até gosto, com ressalvas, mas não fico satisfeito artisticamente ou pessoalmente. E vamos falar a verdade, o meu futuro como um rolling stone é muito incerto.
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Demissão e “desintegração” de Brian Jones
Quando veio o álbum Beggars Banquet (1968), que tem o hit “Sympathy for the Devil”, os fãs ficaram surpresos ao não encontrarem nenhum crédito de composição para Brian Jones. A coisa só piorou quando Anita Pallenberg, então namorada do guitarrista, o trocou por Keith Richards.
Em junho de 1969, o guitarrista foi demitido dos Rolling Stones e divulgou um comunicado dizendo que não tinha mais afinidade musical com os outros integrantes e queria fazer suas próprias músicas.
A banda seguiu com Mick Taylor em seu lugar, e Jones pareceu estar mais feliz e saudável longe dos Stones. Ele até planejou formar um supergrupo com os amigos John Lennon (Beatles), Mitch Mitchell (The Jimi Hendrix Experience) e Alexis Korner, lenda do Blues britânico.
Infelizmente, não houve tempo para isso. Brian Jones faleceu no mês seguinte por afogamento em sua própria piscina, quando tinha apenas 27 anos, inaugurando o sombrio “Clube dos 27” que pouco tempo depois levaria Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison.
Em entrevista à Rolling Stone em 1971, Lennon disse que sua morte não foi uma surpresa, porque o guitarrista foi “se desintegrando” ao longo dos anos:
Ele estava diferente nos últimos anos, enquanto se desintegrava. Ele se tornou o cara que você torcia para atender o telefone, porque sabia que estava com problemas. Estava sofrendo muito. Nos primeiros dias ele estava bem, porque era jovem e bonito, mas depois se desintegrou na sua frente. Quando ele morreu, eu não senti nada, na verdade. Só pensei, ‘Bem, outra vítima das drogas’.
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Morte do guitarrista dos Rolling Stones ainda é questionada
Desde o momento em que a polícia declarou a morte de Brian Jones como acidental, jornalistas e pessoas próximas ao músico levantaram a hipótese de que ele teria sido assassinado. O caso foi reaberto em 2009, quando um repórter apresentou supostas evidências de um homicídio, mas a investigação não seguiu adiante.
Os dois filhos de Jones continuam acreditando no assassinato do pai até hoje, e as alegações viraram um documentário da Netflix em 2019, chamado Rolling Stone: Life and Death of Brian Jones.
De qualquer forma, o legado de Brian Jones em transformar o Blues norte-americano no Rock como conhecemos hoje é inegável, e o músico continua inspirando gerações de guitarristas com suas técnicas que revolucionaram a música dos anos 1960.