Noel Gallagher reclama de “lacração” de bandas que misturam música e política

Noel Gallagher, ex-Oasis, revela seu incômodo após discursos políticos de artistas durante o festival Glastonbury. Saiba mais.

Noel Gallagher
Foto por Matt Crockett

Noel Gallagher confessou ter ficado incomodado com os discursos políticos de algumas bandas e artistas que se apresentaram na edição de 2024 do festival Glastonbury.

O prestigiado evento já tem um histórico de engajamento político, mas isso ficou um pouco mais em destaque este ano pois sua programação aconteceu antes das eleições gerais do Reino Unido e em meio ao conflito da Palestina e Israel.

Em entrevista ao The Sun (via NME) após a realização do Glastonbury, Noel, que tocou no evento pela primeira vez em 1994 com o Oasis, apontou que gosta do festival mas se incomodou com a edição deste ano:

Não me entenda mal, eu adoro o Glastonbury. Eu acho que é uma das coisas mais importantes. Na verdade, é provavelmente a melhor coisa da Grã-Bretanha, além da Premier League.

Aquele lugar está tendo muita coisa ‘woke’ agora, uma coisa meio sermão, com sinalização de virtudes. Eu não gosto disso na música — pequenos idiotas de merda balançando bandeiras e fazendo declarações políticas e bandas subindo no palco e dizendo, ‘Ei, pessoal, a guerra não é terrível, hein? Vamos todos vaiar a guerra. Foda-se os conservadores, cara’, e tudo isso. É tipo, olha, toque suas músicas e saia.

O termo woke, usado pelo ex-Oasis, é um certo equivalente ao que ouvimos por aqui como “lacração” – geralmente aplicado para descrever de forma pejorativa pessoas e instituições ligadas a pautas sociais comumente vistas como de esquerda, incluindo questões raciais e de gênero.

Noel Gallagher critica viés político no Glastonbury

Curiosamente, entre os artistas que aproveitaram o espaço do Glastonbury para se manifestarem politicamente, um outro ícone do Britpop se destacou: Damon Albarn, como falamos aqui no site.

Durante sua participação surpresa no show do Bombay Bicycle Club, o líder do Blur pediu um momento ao público para conversar sobre “três coisas”. Primeiro, o astro pediu para que a multidão reagisse se fosse “pró-Palestina”, e em seguida falou sobre a importância das eleições gerais do Reino Unido, que aconteceu nesta quinta-feira (4).

Por último, ele declarou:

Talvez seja hora de pararmos de colocar octogenários no controle do mundo inteiro.

Além do criador do Gorillaz, outros nomes que se pronunciaram ao longo de seus shows foram PJ Harvey, IDLES e Kneecap. Harvey, por exemplo, convidou a artista performática Marina Abramović, que disse à multidão:

O mundo está em um lugar realmente horrível… Há guerra, há fome, há protesto, há matança, há violência. Mas o que está acontecendo se olharmos para o quadro geral? Violência traz mais violência. Matar traz mais matança. Raiva traz mais raiva. Manifestação traz mais manifestação.

Já o set do IDLES apresentou, de forma controversa, um protesto com a participação surpresa (até para o grupo) do artista e ativista Banksy através de uma ativação de um bote com bonecos representando imigrantes, que dividiu opiniões até mesmo entre apoiadores da causa. Veja abaixo!

 

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