A música, muitas vezes, tem o poder de causar diferentes reações nos ouvintes, mas você já deve ter percebido que uma maneira específica das pessoas se manifestarem ao ouvir canções mais pesadas é fazendo caretas.
Este fenômeno que pode ser observado tanto nos fãs de estilos musicais como Rock e Metal, como também nos artistas que tocam estes gêneros, foi recentemente explicado pelo cientista britânico Milton Mermikides em conversa com a Guitar World (via Metal Injection).
Fazendo uma relação entre a expressão facial tanto com uma onda de dopamina de um riff poderoso quanto com o som dissonante de uma guitarra distorcida, Mermikides apontou que:
“A careta talvez seja apenas um termo moderno para uma experiência musical longamente documentada que cai em algum lugar entre o prazer visceral profundo e uma espécie de envolvimento físico, irritação ou mesmo repulsa – uma ‘dor prazerosa’ de êxtase.”
Para o cientista, as caretas acontecem devido a capacidade única da música de provocar diferentes reações físicas e emocionais nos ouvintes:
“Isso inclui nossa resposta à dissonância, como a aspereza de um som – um acorde estridente, uma melodia angular ou um ritmo sincopado. Quando acoplados à liberação de dopamina de previsões satisfatórias e engajamento corporal, eles podem produzir respostas ‘cross-modais’.
É como se a música fosse tão rica, saborosa e satisfatória que sangra em nossos outros sentidos. Não apenas a ouvimos, como podemos quase prová-la e cheirá-la – daí as respostas faciais e corporais características.”
Caretas provocadas pelas músicas pesadas
Reunindo outras opiniões sobre o assunto, o Guitar World compartilhou os depoimentos do trio de guitarristas da banda de Metal Progressivo Periphery, Misha Mansoor, Mark Holcomb e Jake Bowen, que apontaram que as caretas também servem como uma forma de comunicação. Holcomb declarou:
“Às vezes, bastam alguns segundos ouvindo um riff e o rosto aparece; nenhuma palavra precisa ser dita. Na sala de escrita, caretas são o nexo da nossa linguagem porque elas são não verbais.”
O músico ainda destaca que “riffs de caretas não podem ser muito notáveis. Precisa ter um elemento neandertal para funcionar”. Mansoor acrescentou:
“É como um reflexo. É uma dessas coisas às quais você reage e então pensa. Mais importante ainda, é uma forma de comunicar apreciação – uma reação primitiva, inconsciente e uma honra concedida apenas aos melhores riffs.”
Holcomb ainda lembrou de um momento em que a expressão facial de outras pessoas significou muito para ele:
“Eu me lembro de Plini e Tosin Abasi vindo para ouvir uma demo de ‘Wildfire’. Foi quando o segundo riff entrou; eu me lembro de olhar para os rostos deles para ver como eles honestamente se sentiam sobre a música. Quando você recebe aquela reação de careta de alguém que você respeita, por mais bobo que pareça, isso tem muito peso.”