Empresário foi conhecido como o "terror das gravadoras" nos anos 1960 e 1970

Allen Klein: quem foi o controverso empresário que gerenciou os Beatles e os Rolling Stones ao mesmo tempo

Manager ajudou maiores bandas de Rock da época a enriquecerem, mas também fez sua fortuna em cima delas

Allen Klein, o empresário que gerenciou os Beatles e os Rolling Stones ao mesmo tempo

Se a indústria fonográfica está longe de oferecer condições ideais para os artistas atualmente – Taylor Swift e Neil Young que o digam -, a coisa era selvagem nos anos 1960 e 1970, e exigiam medidas igualmente selvagens como as de Allen Klein.

Considerado um dos homens mais poderosos do mercado da música naquela época, o empresário chegou a cuidar simultaneamente das carreiras das duas bandas mais importantes do Rock: os Beatles e os Rolling Stones.

Embora houvesse uma certa rivalidade entre os grupos de Mick Jagger e de Paul McCartney quando estavam no auge, eles não se importaram de dividir um manager. Na verdade, as duas bandas precisaram mesmo é lutar contra o próprio Allen Klein.

Nesta matéria especial, vamos te contar a história do empresário que também viveu momentos agridoces com Sam Cooke, teve uma parcela de “culpa” para o fim dos Beatles e faleceu em julho de 2009 como um dos homens mais ricos da música.

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Início de carreira e tragédia com Sam Cooke

Sam Cooke é um dos mais influentes ícones do Soul, com hits como “Bring It On Home to Me”

Allen Klein foi pioneiro no gerenciamento de carreiras ao enfrentar as grandes gravadoras, que eram soberanas nos anos 60 e 70 e costumavam exigir demais dos músicos. Depois de representar nomes como Steve Lawrence e Neil Sedaka no final da década de 50, ele fundou a ABKCO Music & Records em 1961, aos 30 anos de idade.

A empresa servia como intermediária entre a gravadora e o artista – ou seja, Klein cuidava da gravação, a fabricação e os direitos autorais dos álbuns de seus clientes, e os vendia já finalizados para as majors.

Esse modelo agradou Sam Cooke, um dos maiores cantores românticos dos EUA e que na época já tinha emplacado mais de 30 sucessos nas paradas. Acontece que sua gravadora, a RCA Records, se recusava a abrir as contas do músico para uma revisão.

Usando seus contatos e métodos nada tradicionais, Klein conseguiu essa auditoria e convenceu Cooke a criar um selo próprio para administrar seu catálogo.

Tragicamente, o cantor foi assassinado em 1964, e todos os direitos das músicas ficaram com o acionista minoritário da produtora recém-criada: Allen Klein. Até hoje, familiares de Sam Cooke tentam reaver os royalties de sua obra.

Allen Klein e os Rolling Stones

Os Rolling Stones viviam um momento de transição em meados dos anos 1960, como te contamos nesta matéria, com o afastamento do guitarrista Brian Jones e o vocalista Mick Jagger assumindo o protagonismo nas composições e nos negócios.

Foi nesse momento que o empresário da banda, Andrew Oldham, sugeriu que Allen Klein fizesse sua famigerada revisão no contrato com a gravadora, nesse caso a Decca Records.

A renegociação foi um sucesso, garantindo aos Stones £2,6 milhões a mais em royalties do que os Beatles estavam ganhando na época. Mas adivinha quem ficou com o dinheiro?

Jagger, que tinha estudado na Escola de Economia de Londres, convenceu seus colegas de banda a entrarem na Justiça contra Klein em 1971, e o grupo conseguiu os valores e direitos de volta… num período de 15 anos.

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Allen Klein e os Beatles

Allen Klein com George Harrison (Foto: Reprodução)

Mesmo em meio a todas essas desventuras, Allen Klein abordou o poderoso empresário dos Beatles, Brian Epstein, sugerindo a mesma prática com a EMI, mas ele manteve as rédeas firmes e negou ajuda.

Só que Epstein faleceu em 1967, deixando o Fab Four completamente perdido com suas finanças. A banda fundou a Apple Corps, mas John Lennon disse em entrevista na época que os Beatles estariam “falidos em seis meses”.

Klein encontrou a brecha que precisava e passou a ser o contador pessoal de Lennon em 1969, só para pouco tempo depois assumir também as contas de George Harrison e Ringo Starr.

Aquilo foi a gota d’água para Paul McCartney, que já estava insatisfeito com os rumos da banda e decidiu romper definitivamente com o grupo após o álbum final, o clássico Let It Be (1970).

O imbróglio jurídico de Allen Klein com os Beatles e os Stones se arrastou por décadas, e o empresário chegou a ser preso em 1980 por falsificar seu imposto de renda. Ainda assim, ele seguiu cuidando da carreira de grandes artistas como Phil Spector, e viveu uma vida pra lá de confortável até os 77 anos.