Durante seus 30 anos de carreira, o Rammstein é reconhecido como uma das maiores bandas do Metal Alternativo e Industrial – mas também ganhou fama pelo noticiário sempre conturbado com as atitudes polêmicas de Till Lindemann e companhia no palco e nos videoclipes.
Apesar da imagem polêmica, no entanto, o grupo alemão não compactua de forma alguma com o neonazismo e movimentos de extrema-direita, coisas que eles foram injustamente acusados de apoiar em sua obra de oito álbuns lançados.
Pra não deixar nenhuma dúvida, a banda lançou lá em 2001 uma música chamada “Links 2 3 4”, que diz claramente no refrão: “Querem o meu coração no lado direito, mas ele bate à esquerda”.
Neste editorial, vamos explicar as inspirações revolucionárias por trás da canção que se tornou uma das mais famosas do Rammstein e é a segunda que mais aparece nos shows do grupo, atrás apenas do hit “Du Hast”.
As polêmicas e “exageros” do Rammstein
Quem é fã do Rammstein já está acostumado com os clipes violentos – que incluem cenas de guerra, canibalismo e muito conteúdo sexual – e as performances bizarras no palco, que inclusive renderam a Lindemann uma noite na cadeia nos EUA em 1999, depois que o infame “pênis gigante” que eles usam de cenografia causou desconforto no público de Massachusetts.
O vocalista também foi preso na Rússia em 2021, onde iria se apresentar num festival organizado pela extrema-direita local e que não seguia as prevenções contra a COVID-19. No ano passado, ele foi alvo de um processo por abusos sexuais, mas a investigação foi encerrada por falta de provas.
Dentro de casa, a banda é idolatrada, mas também causa confusão em alguns grupos conservadores. O vídeo de “Stripped”, por exemplo, usa trechos de um filme da propaganda nazista para criticar o passado político da Alemanha, mas para muitos acaba passando do limite.
O que diz a letra de “Links 2 3 4”?
Diante de tantas controvérsias, o grupo escolheu “Links 2 3 4” como um dos singles do álbum Mutter (2001), o terceiro da carreira. A música faz alusão ao hino do movimento operário alemão “Einheitsfrontlied” (“Canção da Frente Unida”, em português), escrito pelo poeta e dramaturgo Bertolt Brecht em 1934, logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Em sua adaptação, o Rammstein brinca com o ritmo da marcha militar – mas não para falar sobre armas e guerras, e sim sobre o coração do povo alemão:
Pode alguém quebrar corações?
Podem os corações falar?
Pode alguém afligir corações?
Pode alguém roubar corações?
Querem o meu coração no lado direito
Mas logo olho para abaixo
E lá ele bate à esquerda
Esquerda, dois, três, quatro
Continua após o vídeo
O belo clipe de “Links 2 3 4”
Para o clipe de “Links 2 3 4”, o Rammstein fugiu de imagens chocantes e decidiu passar uma clara mensagem política, usando a famosa analogia das formigas como representação da classe trabalhadora alemã.
O vídeo – ao qual você pode assistir acima – mostra uma colônia desses insetos sendo invadida por besouros, e uma formiga que observa o massacre promovido pelos inimigos em sua casa decide unir a sua classe para derrotar as forças opressoras.
Como se não bastassem esses recados bem claros na letra e no clipe da canção, em 2011 o vocalista Till Lindemann explicou as motivações por trás de “Links 2 3 4” e afirmou que essa imagem de que a banda seria de extrema-direita só existe na Alemanha:
“Nós viemos do leste e crescemos como socialistas. Costumávamos ser chamados ou de punks ou de góticos, nós odiamos os nazistas! E de repente vem essa acusação da extrema-direita. Continuamos fazendo exatamente a mesma coisa hoje, mas ninguém na América sequer entende a ideia para inventar algo assim. Isso só acontece na Alemanha. A nossa resposta a essa animosidade foi ‘Links 2 3 4’, para deixar claro onde estamos politicamente.“
Continua após o vídeo
Outras canções de protesto do Rammstein
Mas é claro que essa não foi a única vez que o Rammstein falou sobre a conturbada história alemã em suas músicas. Recentemente eles geraram muito barulho com a faixa “Deutschland”, uma clara afronta aos ultranacionalistas do país.
O clipe da música (sempre eles!) traz a atriz alemã Ruby Commey, que é negra, representando a nação “Germânia”, e ainda os integrantes da banda atuando como oficiais nazistas e como prisioneiros judeus.
E as críticas políticas da renomada banda de Metal não se limitam só à Alemanha: lançada em 2004, “Amerika” fala sobre o “imperialismo cultural” dos Estados Unidos e a invasão dos norte-americanos no Iraque em 2003, enquanto “Mein Land” aborda o racismo e outros temas sociais sensíveis no país.
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