Nesta sexta-feira (26), a abertura das Olimpíadas de Paris, na França, terá um significado especial para os fãs de Metal. Isso porque uma das bandas mais interessantes do gênero nos últimos anos, o Gojira, estará presente em uma performance em parceria com a cantora de ópera Marina Viotti, se somando a uma escalação que também deve contar com Céline Dion, Lady Gaga e Aya Nakamura.
Fundado em Ondres, na região de Landres, ao sudoeste da França, o Gojira tem praticamente a mesma formação desde seu surgimento em 1996, ainda sob o nome Godzilla – que adotou em 2001 antes de mudar para a pronúncia original japonesa do monstrengo dos cinemas. Além do vocalista e guitarrista Joe Duplantier e seu irmão Mario Duplantier na bateria, a banda conta com o guitarrista Christian Andreu e o baixista Jean-Michel Labadie, o único que entrou em 1998 no lugar de Alexandre Cornillon.
De lá pra cá, o Gojira se tornou uma banda bastante famosa dentro do Metal. Não à toa, já esteve no Brasil em múltiplas ocasiões, estreando em 2013 no festival Monsters of Rock e passando pelo Rock in Rio nas edições de 2015 e 2022. Mas esta não é a única ligação do grupo com o Brasil, especialmente para o vocalista Joe Duplantier.
Gojira é engajado na causa amazônica e tem ligação forte com o Brasil
Como a gente te contou nesta matéria de 2021, Duplantier desembarcou no Brasil naquele ano para se juntar aos indígenas nos protestos contra o Marco Temporal que tomaram conta de Brasília em Agosto. Ele participou das manifestações, conversou com os nativos e até chegou a ser batizado pela tribo Guarani-Kaiowá.
Em entrevista com o portal Metal Injection na época, Joe explicou os motivos por trás de sua vinda ao Brasil e de sua preocupação com esta causa:
“A forma como estamos usando recursos, a forma como nos comportamos, a economia, os sistemas políticos, a educação, o dinheiro… é uma bagunça organizar tudo entre nós humanos. Há algumas coisas que são esquecidas ou consideradas de forma errada. E as pessoas tendem a se desconectar da natureza, sendo que nós somos natureza.“
Durante a entrevista, que você pode conferir na íntegra clicando aqui, Joe ainda se posicionou contra o então presidente Jair Bolsonaro, cujas ideias, segundo ele, envolviam “planos para erradicar a floresta o máximo possível”. “Alguém precisa parar esse cara”, resumiu ele na ocasião.
Não à toa, o Gojira tem uma música chamada “Amazonia”, dedicada justamente à floresta brasileira; segundo ele, a canção surgiu em um dia que a banda se encontrou no estúdio e viu notícias sobre a Amazônia estar em chamas:
“Era um sentimento muito simples. Era difícil ver a Amazônia, com tudo que ela representa para a humanidade e para a diversidade de animais, em chamas.”
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Qual o estilo musical do Gojira?
Falando em música, é claro que este é o ponto mais central de tudo que envolve o Gojira. A fama da banda vem justamente por se destacar de outras que surgiram nos últimos tempos com uma sonoridade única, que pode ser melhor descrita como Death Metal Progressivo.
Para entender isso, basta destrinchar os termos: o Death Metal é um dos estilos mais extremos do Heavy Metal, marcado geralmente por linhas de guitarra intensas, com repetições marcantes de riffs pesados e graves, e vocais guturais. Todos esses elementos estão presentes no som dos franceses, mas eles vão muito além disso ao experimentar com influências distintas.
A principal delas compõe a outra parte do nome do gênero: o Rock Progressivo é conhecido há anos por representantes como Yes e Pink Floyd, além de suas vertentes mais ligadas ao Metal com bandas como Dream Theater. Uma das principais marcas do estilo é experimentar com técnicas musicais, explorando ritmos complexos, compassos que fogem do padrão da indústria e criando músicas longas e desafiadoras.
Tudo isso o Gojira faz com maestria, como fica claro em alguns dos principais sucessos da banda, incluindo “Stranded” e “L’Enfant Sauvage”, e o que diferencia ainda mais o grupo é a preocupação constante em manter uma sensação melódica que não costuma estar nas prioridades de bandas mais extremas do Metal.
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Gojira: do interior da França para a abertura das Olimpíadas de Paris
Esse ponto relacionado às melodias é justamente uma das principais explicações de como o Gojira conseguiu sair de uma cena underground do interior da França para os maiores palcos do mundo. É claro que o talento dos músicos fala mais do que qualquer coisa, com o baterista Mario Duplantier, especialmente, sendo considerado amplamente um dos melhores do mundo em sua profissão.
Como você já deve ter percebido, esse caminho foi longo: a formação da banda foi em 1996, mas o primeiro disco, Terra Incognita, veio só em 2001. O primeiro grande sucesso dos franceses, ainda limitado apenas à cena do Metal, foi em 2005 com “Flying Whales”, canção do álbum From Mars to Sirius, de 2005; entre estes dois lançamentos, eles ainda divulgaram The Link em 2003.
O álbum de 2005 foi um divisor de águas, produzindo também alguns clássicos que estão entre os preferidos da banda até hoje, como “The Heaviest Matter of the Universe” e “Backbone”. Depois de manter, mas não conseguir expandir tanto o sucesso com The Way of All Flesh (2008), a cartada certeira e definitiva foi justamente com L’Enfant Sauvage em 2012, primeiro lançamento dos caras por uma grande gravadora e cujo alcance ressoa até hoje.
Dali pra frente, o Gojira vem conquistando cada vez mais espaços e mostrando que ainda há muito espaço para inovação no Metal. A banda lançou em 2016 o excelente disco Magma, considerado por praticamente qualquer estudioso do gênero como um álbum fundamental dos Anos 2010 e responsável por inspirar uma série de novas bandas, e em 2021 veio o trabalho mais recente, Fortitude.
Aproveite para mergulhar nessa discografia com as nossa recomendação de uma música de cada álbum logo a seguir!
Uma música de cada disco para conhecer o Gojira
Terra Incognita (2001)
The Link (2003)
From Mars to Sirius (2005)
The Way of All Flesh (2008)
L’Enfant Sauvage (2012)
Magma (2016)
Fortitude (2021)
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