A participação da banda francesa Gojira na abertura das Olimpíadas foi um dos momentos de destaque da cerimônia que aconteceu em Paris na última sexta-feira, 26 de julho, mas também causou bastante polêmica.
Como falamos aqui, a banda que atualmente é uma das principais representantes do Heavy Metal foi acusada, através de vários comentários, de realizar um “ritual satânico” durante sua performance na capital francesa.
Inclusive, uma das pessoas que classificaram a apresentação dessa forma foi o influenciador de extrema direita Andrew Tate – réu por tráfico humano na Romênia – e diversas outras figuras polêmicas mais ligadas ao conservadorismo e ao extremismo.
Apresentação polêmica do Gojira nas Olimpíadas
O Gojira apresentou uma versão de “Ah! Ça Ira” – hino do povo contra a monarquia – ao lado da cantora de ópera Marina Viotti durante o terceiro ato da cerimônia, “Liberté”, e ao longo da performance foi exibida uma representação da rainha francesa Maria Antonieta decapitada.
Em entrevista à Rolling Stone, o vocalista do grupo de Metal, Joe Duplantier, se manifestou sobre as alegações de propaganda satânica durante a performance de sua banda nas Olimpíadas:
“Não é nada disso. É história francesa. É o charme francês, sabe? Pessoas decapitadas, vinho tinto e sangue por todo lugar — é romântico, é normal. Não há nada satânico [risos]. A França é um país que fez uma separação entre o estado e a religião durante a revolução. E é algo muito importante, muito querido à fundação da França republicana. Nós chamamos isso de laïcité. É quando o estado não é mais religioso, então é livre em termos de expressão e simbolismo. É tudo sobre história e fatos. Não olhamos muito de perto para o simbolismo em termos de religião.”
Na conversa, que revelou os detalhes por trás da apresentação da banda na cerimônia, Joe também revelou o que pensou sobre a responsabilidade de estar representando o Metal no cenário mundial com tanta exposição:
“Eu tento não pensar muito sobre isso porque isso continua me deixando louco [risos]. O Comitê Olímpico poderia ter escolhido literalmente qualquer um para tocar. Estou pensando em bandas como Metallica ou AC/DC que são nomes conhecidos e potências em nosso gênero que todos nós reverenciamos e são nossos heróis. Nós nunca nos consideramos a maior banda do mundo, que seria digna de tocar nas Olimpíadas ou algo assim. É tão estranho.
A maneira como penso sobre isso é que é um desafio em 2024 dar esperança às pessoas, mostrar algo original. As pessoas viram de tudo, desde o pouso na lua até a IA. Então foi um desafio para Paris e o Comitê expressar algo novo, refrescante e original [ao nos contratar] e também mostrar o que a França representa.
Pelo menos da nossa parte, o fato de que Metal e ópera nunca foram vistos juntos na TV e na frente de tantas pessoas antes é uma declaração para o país da França. Está dizendo: ‘Ei, olha. Ainda estamos empurrando os limites do mundo.’ Então, parabéns à França por juntar tudo isso.”
Representaram bem demais!
Baterista do Gojira falou sobre performance nos Jogos Olímpicos
Alguns dias após a apresentação, o irmão do frontman, o baterista Mario Duplantier, usou sua conta do Instagram para celebrar a apresentação do Gojira, que se tornou a primeira banda de metal a tocar nos Jogos Olímpicos. Ele disse:
“Que tremenda honra fazer parte desta cerimônia ambiciosa e épica em Paris. Tenho que admitir que bater cabeça na frente de um bilhão de pessoas, batendo o mais forte que pude em um cenário revolucionário feito de fogo e sangue, foi uma experiência muito gratificante! Um grande passo para a comunidade do metal também.”
Confira a apresentação do Gojira na abertura dos Jogos Olímpicos na íntegra no player abaixo e, em seguida, veja a publicação do baterista Mario Duplantier!