Construir um legado não é nada fácil – mas com certeza gratificante ao ter seus objetivos alcançados.
É exatamente isso que o Blur comprova com seu mais novo lançamento Live at Wembley Stadium, compilado capturado em duas noites extraordinárias no lendário estádio de Londres, celebrando mais de 30 anos de carreira da consolidada banda inglesa.
O grupo fez um anúncio de comeback aos palcos em novembro de 2022, no qual o foco era celebrar os 30 anos do lançamento do álbum Parklife, de 1994. Apesar de em 2019 terem se reunido para tocarem no The Big Top em Leytonstone, na Inglaterra, essa era a primeira vez em oito anos que Graham Coxon, Alex James, Dave Rowntree e Damon Albarn se reuniam para uma performance completa no país.
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Na ocasião, Albarn se dedicava por completo ao Gorillaz. Mas o resultado dessa história é que o Blur aproveitou muito bem o seu retorno, com apresentações ao redor dos continentes e o lançamento de um novo álbum de estúdio: The Ballad of Darren, que chegou em julho do último ano e mostrou um lado mais maduro dos britânicos.
Tivemos a oportunidade de escutar o recém-lançado material que registra esse espetáculo e sua data extra de melhor forma – os shows em Wembley aconteceram nos dias 8 e 9 de julho de 2023. Vem se aprofundar conosco e curtir esse histórico momento para a banda!
Significado em ser memorável
Quaisquer que sejam os laços que mantiveram o Blur unido por tantas décadas com toda certeza ficaram à mostra para a multidão no estádio de Wembley em julho passado. Apresentando-se para 150.000 pessoas, somando o público das duas datas, Damon apelidou o local como “um templo para os agnósticos” enquanto tocavam para esse público como divindades do rock dos anos 90.
Fechar dois shows em Wembley é mais do que especial para o quarteto. As despretensiosas estrelas do rock de cinquenta e poucos anos levantaram a poeira com uma seção de abertura que manteve o foco diretamente na ascensão inicial do Blur.
Músicas como “There’s No Other Way”, “Popscene” e “Beetlebum” soam perfeitamente superdimensionadas para o colossal ambiente. Outros destaques da discografia como “The Narcissist” e “St Charles Square” também transmitem graça, adicionadas ao setlist por causa do lançamento iminente na época.
O momento dos sobreviventes do britpop reflete alegria. Ao decorrer do material, é notória a compreensão da emocionada voz de Albarn em estar com seus amigos de anos após todo este tempo, e cantar os hits do grupo que resgatou a alma britânica na música tal como o Oasis para uma tamanha multidão tinha um único objetivo: fazer o público feliz.
Setlist/tracklist de peso
Live at Wembley Stadium traz 30 faixas na íntegra. E, sinceramente? Isto é o que a música faz. Faz com que as pessoas desmoronem de amor, faz com que as pessoas chorem suas mágoas, faz com que o mundo se una – coisa que definitivamente não é a mais fácil nos tempos vividos – e, assim, a percepção de um ao outro se intensifica através da arte.
Ao ouvir a sequência e as falas de Albarn ao público e amigos de banda, o único sentimento era de reflexão sobre o aqui e agora. Era fácil entender as razões pelas quais os hits do Blur se mantêm tão únicos. Não à toa, a atmosfera era de gratidão e paixão pelo trabalho feito, com um toque de “vamos dar aos nossos fãs o que eles verdadeiramente merecem”.
Aliás, confiram esse registro insano do público durante a atemporal Song 2!
Blur – Live at Wembley Stadium
Emocionante e emotivo até o seu final, podemos acreditar que Live at Wembley Stadium é a maneira que o Blur achou para dizer um “até logo”. Apresenta algumas surpresas, mas no geral, transmite a energia e a paixão em Wembley – mesmo que tenha chegado 30 anos depois do que deveria.
Cultura e afeto colidem por um pouco mais de duas horas, e a fusão entre os dois elementos é uma coisa linda de se ouvir. Se você tem qualquer dúvida disso, é só dar o play na primeira faixa do álbum e sentir a atmosfera do público enérgico.
Uma pena que não pudemos ver a banda por aqui, mas esse presente compensa muito esta perda!