Emanuelle fez parte da Banda Eva e atuou em "A Favorita"

Emanuelle Araújo fala ao TMDQA! sobre nova fase na carreira musical e o próximo álbum

Atriz e cantora fala sobre se reconectar com suas raízes baianas em novo álbum

Emanuelle Araújo relembra a carreira em bandas como Eva e Moinho e trajetória solo. Atriz e cantora fala sobre se reconectar com suas raízes baianas em novo álbum.
Crédito: Amanda Tropicana

Emanuelle Araújo tem uma trajetória marcada pela diversidade artística e uma profunda conexão com suas raízes. Iniciando sua carreira aos 14 anos em um trio elétrico cover do Olodum, Emanuelle rapidamente se destacou no cenário musical.

Aos 16 anos, integrou a Beer Banda e, posteriormente, substituiu Ivete Sangalo na Banda Eva, onde permaneceu até 2002. Seu talento não se restringe à música: Emanuelle também se destacou como atriz, participando de novelas como A Favorita e do seriado Samantha, além de interpretar Gretchen no filme Bingo, o Rei das Manhãs e atuar em Meu Sangue Ferve por Você.

Em meio a tudo isso, Emanuelle lançou dois álbuns solo: O Problema é a Velocidade (2016) e Quero Viver sem Grilo – Uma Viagem a Jards Macalé (2020). Sua carreira solo reflete uma mescla de influências, desde o pop até ritmos tradicionais da Bahia, sempre com uma produção contemporânea. Também é uma das fundadoras do grupo Moinho, que explora diversas variações do samba, e deixou sua marca na Orquestra Imperial, um supergrupo de grandes nomes da MPB.

Atualmente, Emanuelle Araújo divulga seu novo single “Vá na Paz do Senhor”, que faz parte de um projeto dedicado aos ritmos baianos. A canção mistura tambores influenciados pelo Olodum e metais inspirados nas canções de Gerônimo.

O clipe, dirigido por Nanda Costa e Magali Moraes, foi gravado em Salvador e conta com a participação de figuras importantes na vida da cantora, como o ator Luís Miranda e o cantor Tatau (Araketu). Este single é o primeiro de uma série que culminará em um álbum completo produzido por Kassin, previsto para ser lançado no Carnaval de 2025, reafirmando a conexão de Emanuelle com a música baiana e sua constante evolução artística.

Confira abaixo um papo com a artista!

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TMDQA! Entrevista: Emanuelle Araújo

TMDQA!: Emanuelle, primeiramente muito obrigada pelo seu tempo, muito bom a gente estar trocando essa ideia. 

Emanuelle Araújo: Eu que agradeço!

TMDQA!: Estamos empolgados com esse novo álbum que vem por aí, os singles que você já adiantou que vai lançar ao longo do ano. Pelo que deu pra sentir, você tá fazendo um grande aceno às suas raízes, digamos que uma volta pra casa de onde você nunca saiu. E eu queria saber como é essa sua relação hoje com a sua terra, com a sua Bahia, depois de passar por todas essas transformações, sabe? Quando ficou conhecida pelo Brasil todo, você era uma menina e hoje você tem outra bagagem. Como que é fazer essas reconexões agora, depois de tanto tempo? 

Emanuelle Araújo: De fato, tem 20 anos que eu moro fora da Bahia, fora de Salvador, mesmo indo algumas vezes, principalmente em datas comemorativas de família e tal, até porque a minha família inteira mora lá, só eu e a minha filha moramos fora. Então a gente sempre está por lá em Natal, etc. Mas de fato, nesses anos todos eu fiquei muito longe, principalmente do mercado, investindo muito nos meus trabalhos coletivos na música popular brasileira, com os meus projetos de atriz. 

E o que está acontecendo comigo agora nesse momento voltando, inclusive, a trabalhar nesse mercado, como foi a gravação do videoclipe, entrando em contato com profissionais, é que eu estou ficando muito feliz e muito orgulhosa com uma juventude, com uma moçada, profissionais contemporâneos, muito conectados a essas novas linguagens, que hoje a gente está tendo que aprender e se diversificar. Mas ao mesmo tempo, muito linkado à ancestralidade, ao que a cultura baiana representa, sem perder a identidade cultural. E isso é uma coisa que eu estou achando muito interessante, a gente de fato está no movimento muito mais contemporâneo, a própria Magali Moraes, que é uma das diretoras do meu videoclipe – é a Magali com a Nanda Costa, que foi uma parceria muito bacana das duas –, e a Magali é uma profissional que eu conheci, que está aí no audiovisual, no cinema, na publicidade, uma garota super jovem, ao mesmo tempo muito antenada, e também muito pautada sobre a cultura popular baiana. 

Isso me interessou muito, vem me alimentando. Inclusive na música, tantos novos cantores, novas bandas surgindo por lá, novos espaços culturais. Eu acho tão importante os espaços culturais, para que os artistas na Bahia tenham a possibilidade de estar na sua terra para viver a sua arte. Então tem sido um momento muito bonito desse meu reencontro com o mercado, porque eu acho que, como você falou, da terra nunca me afastei, da arte, da cultura, mas eu acho que está sendo reencontro com o mercado, sabe, e eu tenho ficado muito feliz. 

Magali Moraes, Emanuelle e Nanda Costa (Crédito: Amanda Tropicana)
Magali Moraes, Emanuelle e Nanda Costa (Crédito: Amanda Tropicana)

TMDQA!: Legal. Bom que você citou a Nanda, porque eu acho que ela é talvez um símbolo de conexões ali, porque ela é também uma atriz, como você, que habita naturalmente o mundo da música por razões óbvias, e até ali no clipe o Luís Miranda também. Eu acho que eles representam bem essa junção de mundos em que você vive, e aí eu queria saber como que você cria essas pontes entre a Emanuelle que vive na música, Emanuelle que vive atuando enquanto atriz, como que funciona para você, se você cria essas conexões de forma proposital ou se elas acontecem naturalmente. 

Emanuelle Araújo: Eu confesso que as minhas conexões acontecem muito naturalmente, muitas vezes, dentro de um trabalho. Eu, por exemplo, nesse meu tempo todo de Rio de Janeiro, eu fiz muitos amigos e irmãos. Eu tenho uma família no Rio de Janeiro e amigos que eu criei no trabalho. Nos meus 10 anos de TV Globo, com uma novela atrás da outra, com um ritmo muito intenso, eu fiz os meus melhores amigos, que foram colegas de trabalho. E não foi uma procura, foi uma conexão que aconteceu naturalmente. 

Às vezes, as pessoas até acham que talvez esses camarins e esses meios profissionais sejam inóspitos para se fazer amizade. No meu caso, foi bem diferente. Eu hoje tenho uma família de grandes amigos no Rio. Isso é muito bonito para mim. Luís é um baianíssimo, e a gente, claro, já se conhecia na Bahia. Luís é um ícone para todos nós. Luís Miranda sempre foi aquele cara que muito jovem saiu de Salvador para São Paulo, para estudar teatro e já começou a ter uma carreira tão próspera. Mas a gente se conheceu mesmo e nos tornamos irmãos no cinema, fazendo um filme do Hermano Pena, no sertão da Paraíba [chamado Aos Ventos que Virão]. Também foi uma conexão natural. 

A Lan Lanh é companheira da Nanda. E eu conheci a Nanda no meio artístico, a gente fez alguns trabalhos juntas antes de ela ser companheira da Lan. E a gente já tinha uma afinidade, eu já gostava dela, mas, de fato, viramos amigas e irmãs. Em parte do momento dessa união maravilhosa das duas, a Lan é minha irmã. Desde antes eu vim morar no Rio, a gente tem uma conexão muito forte e familiar. Então a Nandinha veio nesse pacote de família junto com a Lan. E nossa, é uma comunhão incrível de amizade, de parceria de vida. Eu sou madrinha das filhas dela, que me dá muito orgulho das filhas delas. São duas crianças incríveis. Mas a gente também, para além da vida, a gente tem uma conexão artística muito grande. 

E o convite que eu fiz a ela para dirigir o clipe junto com a Magali partiu disso. Porque a gente já conversa muito sobre os nossos trabalhos. Não os trabalhos que fazemos juntas, às vezes os trabalhos que estamos fazendo na vida. Mas a gente já troca, já tem uma parceria de ideias. Eu falei, cara, eu vou chamar a Nanda para dirigir, foi muito bacana. A Nanda é muito criativa e tem uma cabeça muito plural, o que me interessava muito para esse trabalho. Foi uma ótima união com a Magali. Então é isso, são conexões naturais de afinidade, mas que, em sua maioria, partiram do trabalho, partiram os encontros profissionais. E eu acho isso muito interessante, porque acho que talvez venha da afinidade de trabalhar, que você desperta uma amizade e admiração. Eu sou muito fã dos meus amigos artistas. Sou fã mesmo, fãzoca. E é isso. 

TMDQA!: Perfeito. Agora nesse clima de tá tudo em casa, você tem chegando aí um show de 20 anos da Moinho também e eu queria saber como que é pra você revisitar fases específicas assim da sua vida, da sua carreira. Voltar ao passado gera algum desconforto pra você ou é só tudo muito familiar? Como você lida com esses momentos? 

Emanuelle Araújo: No Moinho, não existe o menor desconforto. O Moinho é a minha segunda casa. A gente tem uma relação de família mesmo, né? São 20 anos de Moinho, porque o Moinho se formou quando eu cheguei no Rio, então, estou há 20 anos no Rio, estamos completando 20 anos de Moinho. E nesses 20 anos, na verdade, a gente sempre fez o que a gente quis. A gente ficou alguns anos em casa noturna, fazendo show toda semana, para quem quisesse pintar e sempre lotado. Até que chegou uma hora que a gente começou a compor e teve a vontade de gravar um álbum, que foi o nosso primeiro, “Hoje De Noite”.

Depois gravamos um DVD, depois outro álbum. A gente sempre fez aquilo que a gente queria. A gente brinca e eu falo sempre nas entrevistas que somos um casamento aberto, nós três. Eu, Lan Lanh e Toni Costa, nós temos outras carreiras. Então, às vezes, existem hiatos, assim. A gente fica um tempo sem tocar, um tempo sem estar junto. Eu, quando estou mergulhada em algum projeto de atriz, é difícil. E isso não quebra em nada a nossa sintonia, sabe? De repente, a gente fica um tempão sem tocar e a gente marca o show e parece que a gente está esse tempo todo tocando. 

TMDQA!: É como andar de bicicleta, né? 

Emanuelle Araújo: É isso, eu acho uma característica do afeto e da sintonia artística, né? A gente tem muita identidade artística no palco. E sempre é uma festa. Estar no Moinho sempre é uma festa. 

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TMDQA!: Perfeito. Eu estava revisitando alguns lançamentos seus. Eu comecei a notar talvez um fio com doutor. Não sei se eu estou vendo coisa, mas pegando pelos títulos, a gente tem “O Problema É A Velocidade”, a gente tem “Quero viver sem grilo”, onde você canta Jards, e a própria “Vá Na Paz do Senhor” me passa como se fosse um convite para você desacelerar e de abrir mão, desapegar daquilo que não te pertence, do que não faz bem. E aí eu queria saber se faz sentido isso para você e se é o tipo de reflexão que vem com um certo tempo de estrada, sabe? Com a maturidade mesmo. 

Emanuelle Araújo: É, com certeza, é um tempo de maturidade. Estou na véspera de mais um aniversário e são quase 30 anos de carreira. São esse ano 30 anos de carreira profissional. E na verdade, eu tenho mais que isso até pensando em quando comecei. Mas são muitos anos de carreira profissional e muitas experiências, muitos experimentos, muitas oportunidades de percorrer os caminhos todos que eu sempre tracei. E eu sou muito feliz com a condução da minha carreira, porque eu sempre busquei essa pluralidade. 

Essa foi minha busca desde novinha, desde a companhia de teatro que eu vivia aqui, a gente vivia todas as artes. Desde a minha ida para a banda Eva, onde eu estava lá cantando em cima do trio elétrico, buscando sempre revisitar outros estilos musicais. Depois saí para poder investir na minha carreira de atriz e também experimentar mais dentro da música popular brasileira. Em relação aos meus dois álbuns, e o início desse, com “Vá Na Paz do Senhor”, você tem razão, existe um percurso. Até assumo que eu sinto que esse último álbum que está em manufatura, ele é o fechar de um ciclo, de uma trilogia, que começa no “O Problema É A Velocidade”, onde eu tenho o meu primeiro álbum solo, apesar de tantos anos de música, de tantas bandas e coletivos de música. Mas é a primeira vez que vou sozinha para um registro fonográfico e mergulho na música popular brasileira e me aproveito desse DNA baiano-carioca que já existia desde “O Problema É A Velocidade”, com todas as minhas andanças pelo Rio de Janeiro e minha alma baiana, onde eu mergulho nos compositores baianos e cariocas para fazer isso. 

Em seguida o “Quero Viver Sem Grilo”, que é uma homenagem a esse ícone, que para mim é um grande ídolo e uma grande inspiração em vários aspectos, que é o Jards Macalé, e aí é como se, partido desse primeiro lugar da música popular brasileira, do que bate no meu coração, do meu DNA baiano-carioca, eu vou reverenciar o meu mentor intelectual, que é, nos últimos anos. E vem esse último que vai falar da minha terra, da minha raiz, que é exatamente um momento de maturidade, um momento de querer me aproximar, de colo de mãe mesmo, daquilo tudo que me tornou artista. Mas lógico que tem esse fechar com a raiz com toda a bagagem desse tempo todo. 

Então, por isso que eu chamo de ciclo, porque é um movimento circular mesmo, tudo começa e tudo volta, e tudo vai, e tudo gira. E “Vá na Paz do Senhor” é uma canção que chegou de uma forma muito bonita pelo compositor Leonardo Reis, que é o compositor baiano, meu colega de Orquestra Imperial, uma das minhas bandas, junto com André Luiz Simões, o outro compositor. E logo na minha primeira audição da música, eu percebi algo muito interessante, dentro da ideia de ser um samba reggae, de eu estar reverenciando os ritmos afrobaianos. Então queria muito começar com samba reggae, raiz, e também pela letra, porque fala sobre não só o “Vá na Paz do Senhor”, no sentido de ir aquilo que não te serve, como Vá na Paz do Senhor, no sentido de “vá em paz”. 

Na verdade, essa expressão eu adoro. Ela, de fato, tem o significado que bate em você no seu momento que pode mudar. E essa liberdade que existe nessa expressão, que eu considero bastante democrática, de acordo com o momento que a pessoa se encontra. Para alguns é algo como, “ah, que vá aquilo que não é meu”. Para outros é tipo, “ah, que eu vá na alegria suprema, na energia suprema”, que  simboliza a paz do Senhor. Eu até brinquei com isso, com algumas pessoas falando sobre isso. Então eu acho que representa, sim, a abertura desses portais, onde eu vou falar sobre os ritmos da minha terra e onde eu vou fazer esse fechamento de ciclo desses três últimos álbuns. 

TMDQA!: Está tudo conectado. Agora, falando em amadurecer, você, por exemplo, citou o seu período ali à frente da banda Eva, foi onde muitos brasileiros te conheceram, eu também estou nesse grupo. E desde então, você fez mil coisas, no teatro, no cinema, na teledramaturgia, na sua carreira musical, enfim, aprendeu um monte de coisa. Então, pensando nessa ideia de voltar nas origens, tem alguma coisa que você aprendeu a duras penas nesse meio artístico, e que gostaria muito de ter sabido lá quando você começou? Pode ser uma coisa do seu processo criativo, pode ser das relações de mercado, sabe? 

Emanuelle Araújo: Eu não sei se eu jogaria isso lá para trás, porque eu acho que é importante que você aprenda com o tempo. Porque senão você não tem a coragem de viver situações. Eu aprendi muito sobre o que eu não quero. A gente começa uma carreira muito pautada no que a gente quer. “O que eu quero? Quero isso, quero aquilo. Quando eu sonho, vou querer alcançar tal coisa.” Então o querer, ele movimenta muito os nossos sonhos, movimenta muito a nossa trajetória. 

Mas a trajetória te traz também o conhecimento do que você não quer. E hoje, no meu momento, eu tenho muitas consciências daqueles caminhos que eu prefiro não seguir. Os caminhos que, sem nenhum julgamento, podem servir para o outro, mas não servem para mim. Então eu acho que esse entendimento também dos caminhos que te fazem feliz e daqueles que você pode tranquilamente pular, a maturidade traz. 

Então eu acho que essa experiência que a gente vai tendo no decorrer de uma carreira profissional, seja ela qual for, inclusive, não só a artística, eu acho que ela vai te dando subsídios para você entender quais os caminhos que, de fato, tem semelhança com a sua identidade, com a sua energia. E até como o seu querer real, porque isso vai mudando também com o tempo. A gente vai entendendo sobre o que a gente quer, de fato, sobre o que os outros querem da gente. 

E a gente às vezes tem dificuldade de se desconectar com as expectativas externas. Mas eu acho que isso não dá para voltar atrás e querer ter isso lá atrás. Eu acho que é importante ter isso com o tempo, ter isso com as experiências. Porque é importante passar pelas coisas e aprender com os caminhos da vida. 

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TMDQA!: Com certeza. Então, voltando para o presente, né? Você falou que ir na paz do Senhor pode significar múltiplas coisas, mas eu queria saber para você o que você está mandando ir na paz do Senhor agora, sabe? Ultimamente, na sua vida. Tipo assim, isso aqui não me serve mais. “Tchau e bença”. 

Emanuelle Araújo: Na verdade, pra mim, ter o sentido absoluto de ir na paz do Senhor é ir comigo mesma. E com quem eu sou, de fato, a minha identidade mais pura. Mais real, é um momento de um link absoluto com a minha origem, com o que me tornou artista, pessoa, as minhas grandes influências, os meus amigos, aqueles que estiveram lá no brotar da minha identidade artística. Não obstante, o videoclipe traz pra perto de mim os meus grandes amigos, muitos de muitos anos de vida, de início de carreira. E isso faz parte dessa expressão também, né? Quem é a sua turma? Quem é a galera que tem a ver com você em vários aspectos? Porque ter a ver não é ser igual, muitas vezes é ser diferente, mas tem a ver. 

E eu acho que nessa diferença, nessa diversidade que a gente se encontra, que me interessa cada vez mais, a gente saber estar no diverso, saber estar com todas as cores do nosso cenário, da nossa inspiração. E essa expressão hoje tem muito a ver com o meu momento. Que vá na paz do Senhor aquilo que não quero, mas que vá na paz do Senhor até pra eu ficar na paz do Senhor, porque eu acho que essa expressão fala, né? Ela deseja o bem em qualquer circunstância. 

TMDQA!: Está certo. Agora falando em ciclos, eu acho que dá para a gente ver de duas formas. O ponto final da história desse disco também vai ser uma espécie de recomeço. Você vai fazer todo esse cortejo de singles para a gente até culminar lá no Carnaval de 2025, que é a previsão do lançamento do álbum. E aí, nesse ponto que você está hoje, eu sei que não está finalizado o projeto, você ainda está com caminhos abertos… Mas o que você espera que as pessoas levem, quando, de fato, chegar ao público esse álbum? O que você quer que elas fiquem,  que esse disco deixe para elas? 

Emanuelle Araújo: A minha maior verdade. Eu não busco não gerar muitas expectativas quanto ao que o meu trabalho possa projetar. É lógico que todo artista busca o que as pessoas gostem, que as pessoas se divirtam, que eu possa de alguma forma alegrar as pessoas, trazer sentimentos que pode também não ser só alegria, não. Na verdade, o artista quer emocionar e as emoções podem ser diversas. Mas para além disso, me interessa muito que as pessoas talvez com esse trabalho me conheçam mais, se aproximem mais de quem eu sou de fato. Essa reconexão com as minhas origens vindo de tantos anos de experiência, por tantos caminhos, me faz me apresentar muito quem eu sou. E eu acho que isso é o que mais eu estou buscando. Estar muito inteira, muito de verdade em toda a concepção, em toda a manufatura desse projeto, desde a escolha das músicas, as composições, aos arranjos, até o resultado final, até o audiovisual, que eu busco linkar com essas músicas. Hoje em dia, eu penso muito como cinema. O cinema vem muito forte na minha cabeça. Às vezes, a música já está bem linkada a uma ideia de visual, de cor, de colorido dessas canções, então é isso. 

TMDQA!: Tá certo, Emanuelle. Tudo de bom com esse novo disco.

Emanuelle Araújo: Obrigada!