A A24, estúdio queridinho dos críticos e cinéfilos descolados, está em fase de produção de uma cinebiografia sobre o chef, autor e documentarista Anthony Bourdain. O filme, intitulado Tony, conta com Dominic Sessa como o provável intérprete de Bourdain, e a direção de Matt Johnson, conhecido por seu trabalho em BlackBerry.
Embora o roteiro ainda esteja em desenvolvimento, espera-se que a ligação de Bourdain com a música seja um aspecto central na narrativa, refletindo como essa paixão moldou sua vida e carreira.
Música como trilha sonora da vida de Anthony Bourdain
Para Anthony Bourdain, a música não era apenas uma paixão paralela; ela era a trilha sonora que guiava sua vida. No restaurante Work Progress, em Manhattan, ele começava cada turno com a trilha sonora épica do filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, com o icônico “The End” do The Doors criando uma atmosfera carregada e visceral que refletia o espírito rebelde de Bourdain.
“Imitando a sequência do título, tocávamos o álbum da trilha sonora, os helicópteros chegando baixo e rápido, o zumbido das lâminas ficando mais alto e sobrenatural, e pouco antes de Jim Morrison começar com as primeiras palavras, ‘Este é o fim, meu novo amigo… o fim…’, nós encharcávamos todo o fogão com conhaque e o acendíamos, fazendo com que uma enorme bola de fogo parecida com napalm subisse para os exaustores.”
Como dá para ver, o rock ‘n’ roll estava sempre presente, criando um ambiente que refletia a intensidade e o caos de uma cozinha profissional (mas não tentem isso em casa!). Não era raro também que Tony citasse Joe Strummer e Patti Smith quando tentava descrever um prato, e o chef comparava o recrutamento da equipe de um restaurante a montar uma banda que tem que estar em sintonia a cada noite.
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Bourdain costumava tocar uma seleção de clássicos do punk rock de Nova York enquanto trabalhava, incluindo bandas como Dead Boys, Richard Hell and the Voidoids, Ramones e Television. Essa escolha refletia seu gosto pessoal, mas também era uma forma de energizar o ambiente, tornando a música quase tão essencial quanto os ingredientes em seus pratos.
Quando Anthony Bourdain começou a ganhar reconhecimento, ele continuou a entrelaçar música e culinária de maneiras que iam além do convencional. Em seu livro Cozinha Confidencial, ele descreve como a trilha sonora de seu espaço de trabalho era uma mistura de rock dos anos 70, algo que ajudava a definir o ritmo e a vibração do ambiente.
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Influência na TV e no cenário cultural
Bourdain levou essa sensibilidade musical para seus programas de televisão, usando a música como uma ferramenta capaz de moldar a narrativa e o tom de suas séries.
Em Parts Unknown, Bourdain fez questão de selecionar pessoalmente a trilha sonora de cada episódio, colaborando diretamente com músicos que admirava. O tema de abertura, por exemplo, foi encomendado ao Queens of the Stone Age e Mark Lanegan, garantindo que a música refletisse a energia e a autenticidade que ele buscava em suas viagens gastronômicas.
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Além disso, Bourdain frequentemente utilizava músicas para contextualizar as culturas que explorava em seus programas.
Em um episódio filmado na capital da Alemanha, ele optou por uma trilha sonora que incluía faixas da “trilogia de Berlim” de David Bowie, juntamente com músicas da banda de rock experimental Neu e da Brian Jonestown Massacre, capturando a essência da cidade. Em outro episódio, ambientado em Miami, Bourdain compartilhou uma refeição com Luther Campbell do 2 Live Crew e discutiu ritmos locais com Questlove, mostrando como a música era intrínseca à cultura que ele estava explorando.
Bourdain também tinha um apreço especial por criar playlists temáticas para suas viagens, muitas das quais foram compartilhadas em plataformas como o Spotify. Em uma dessas listas, ele incluiu desde clássicos do punk até hits contemporâneos, com comentários sobre como cada música se conectava com suas experiências.
Para Anthony Bourdain, a música era uma forma de se conectar mais profundamente com os lugares que visitava, transformando cada refeição em uma experiência multissensorial que transcendia a simples degustação.
Um legado cultural único
A cinebiografia Tony da A24 promete explorar esses aspectos da vida de Anthony Bourdain, destacando como a música foi uma constante em sua jornada e um elemento definidor de sua personalidade. Não é à toa que, após seu falecimento, muitos músicos prestaram homenagem.
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Além de celebrar suas contribuições para o mundo da gastronomia, espera-se que o filme capture a essência de Bourdain como um embaixador do rock ‘n’ roll, alguém que viu na música uma forma de se expressar e de se conectar com o mundo.
Seu legado vai muito além da comida: ele influenciou a cultura pop, mudando a maneira como entendemos a relação entre música, culinária e a narrativa das experiências humanas.mos anos, mas sob uma nova luz.
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