Quando chegou ao quinto álbum de estúdio em 1991, o Red Hot Chili Peppers buscava uma sonoridade com mais nuances além do Funk Rock que consagrou a banda no finalzinho dos anos 80, e o baixista Flea tinha algumas ideias guardadas na manga.
O guitarrista John Frusciante, que havia entrado na banda no meio do disco anterior, Mother’s Milk (1989), estava mais à vontade para trazer suas melodias complexas para Blood Sugar Sex Magik – afastando o grupo dos riffs de Heavy Metal -, e uma linha de baixo escrita por Flea foi a base perfeita para isso.
Estamos falando do clássico “Give It Away”, música escolhida como o primeiro single do álbum e lançada 20 dias antes do disco completo, o que aumentou demais a expectativa pelo novo trabalho do RHCP.
Mas a faixa não empolgou Flea de cara, e o baixista precisou ser convencido por John, Anthony Kiedis e Chad Smith de que era a escolha certa para o álbum – apesar dos protestos do produtor Rick Rubin. Bora conhecer essa história?
Por que Flea não gostou do riff de “Give it Away”?
Considerado um dos maiores baixistas de Funk de todos os tempos, Flea nasceu em Melbourne, na Austrália, e mergulhou no mundo do Jazz ainda na infância quando se mudou para a Califórnia com a mãe e o padrasto, que era músico e costumava receber amigos em casa para tocar.
Ele se apaixonou pelo trompete e fez aulas do instrumento, e se manteve alheio ao Rock até que um colega de escola, o guitarrista Hillel Slovak, o apresentou bandas que misturavam o estilo com Funk e Hip-hop, como Grandmaster Flash e Defunkt.
Essas influências aparecem nas linhas de baixo dos quatro primeiros álbuns do Red Hot, mas para Blood Sugar Sex Magik Flea decidiu experimentar composições mais ligadas ao Rap Rock e ao Rock Alternativo, caso de “Give It Away”.
É claro que a música ainda tem todo o groove e os slaps tradicionais do baixista, mas também incorpora técnicas diferentes como o slide, notas fantasma e muito preenchimento com cordas soltas e notas altas ao mesmo tempo. O resultado é um riff alucinante e com dificuldade de execução altíssima, que certamente inspirou milhões de jovens baixistas pelo mundo.
Mesmo assim, o próprio Flea e Rick Rubin não gostaram da ideia, e o produtor pediu para que o baixista “simplificasse” o riff. Coube a Frusciante, Kiedis e Smith convencerem os dois de que “Give It Away” já tinha uma linha perfeita, como o baixista relembrou em entrevista à Bass Player em 1992 (via Guitar World):
“Eu falei para os caras, ‘ah, é só mais uma linha de baixo, eu não gostei muito’. Mas eles disseram ‘não, é muto boa, precisamos gravar!’. Que bom que foi assim!”
O sucesso de Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers
“Give It Away” se tornaria a música mais tocada ao vivo pelo Red Hot Chili Peppers em toda a carreira: já são mais de mil performances da canção pelo mundo, superando os hits “Californication” (808 vezes) e “Under The Bridge” (804 vezes), segundo o site setlist.fm.
A faixa alcançou rapidamente o topo das rádios e das paradas de Rock, incluindo cinco semanas consecutivas em primeiro lugar na Billboard Modern Rock Tracks, e ainda garantiu ao RHCP o Grammy de Melhor Música de Hard Rock em 1993.
Curiosamente, “Give It Away” teve um novo pico de popularidade em 2021, quando o single ganhou o certificado de duplo Platina, com mais de 2 milhões de cópias vendidas. Atualmente, ela está entre as 10 mais reproduzidas da banda nos streamings.
Sem falar no disco Blood Sugar Sex Magik, uma verdadeira aula de Rock com quatro integrantes que se complementam perfeitamente, criando esses e outros hits como “Suck My Kiss”, “Breaking the Girl”, “I Could Have Lied”, “Funky Monks” e, claro, “Under The Bridge”.
O álbum de 1991 se manteve nas paradas por mais de um ano, e hoje já ultrapassou 13 milhões de cópias vendidas, sendo 7x Platina apenas nos EUA. Favorito dos fãs, também foi considerado um dos melhores de todos os tempos pelo Hall da Fama do Rock e veículos como Rolling Stone e Guitar World.
Relembre abaixo a música que começou toda essa história, o clássico “Give It Away” do Red Hot Chili Peppers!
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