"De Volta Ao Novo - Volume 2" já está nas plataformas

Jota Quest fala ao TMDQA! sobre novo álbum, longevidade e nova geração da música mineira

Com inéditas e colaborações, novo álbum marca os 25 anos da banda e sua trajetória no pop rock

Jota Quest - Divulgação
Crédito: Divulgação

A banda mineira Jota Quest acaba de revelar a segunda parte de seu nono álbum de estúdio, com De Volta Ao Novo, Volume 2 (Deluxe) já disponível em todas as plataformas.

Trazendo novas colaborações e faixas inéditas, o trabalho marca um momento especial na carreira do grupo, que celebra 25 anos de estrada com a turnê “JOTA25”. Como uma verdadeira cereja no bolo, o atual lançamento finaliza um ciclo iniciado em 2023 com o “Volume 1” e consolida a trajetória de um dos principais nomes do pop rock brasileiro.

Jota Quest em busca de reconexão artística

Com De Volta Ao Novo, o Jota Quest propõe uma reflexão sobre o futuro, resiliência e a busca por novos caminhos artísticos. É como explica Rogério Flausino, vocalista da banda:

“Dos versos da faixa-título ‘De Volta Ao Novo’ pinçamos o nome e o conceito desse novo álbum que remetem, entre outras reflexões, à força de nossa decisão por mais uma reconexão artística em busca de um novo repertório e caminho.” 

O álbum reafirma valores como amor, amizade, união e respeito às diferenças, temas que permeiam a obra do grupo e que, segundo Flausino, se misturam e espelham a própria existência da banda. Mas de onde vem esse olhar positivo sobre o mundo?

“Existem vários Jota Quest, o mais dançante, o mais canção, o mais romântico. O mais pop, tem o Jota Quest do groove e funk, que gosta de música black, eles estão aí. Mas o papo é sempre um papo bacana, um papo leve, eu sou assim. Eu acho que o mundo já é uma loucura total. Eu não sei escrever sobre coisas ruins, eu não quero escrever sobre coisas ruins.” 

Justo! 

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Após quase três décadas de carreira, o Jota Quest lança um trabalho que não apenas celebra seu passado, mas também aponta para o futuro. O lançamento de De Volta Ao Novo, Volume 2 (Deluxe) ocorre em um momento estratégico, durante a reta final da “JOTA25”. A turnê comemorativa tem lotado arenas e estádios em todo o Brasil. Nestes shows, o Jota Quest revisita sucessos que marcaram gerações, ao mesmo tempo em que apresenta as novas faixas, criando uma conexão entre o passado e o presente da banda.

A ideia de dividir o álbum em duas partes surgiu durante o processo criativo. Segundo Flausino, a pandemia trouxe desafios para o grupo, que precisou repensar suas estratégias de gravação e lançamento. A pandemia afetou diretamente a produção do álbum, que começou antes do isolamento social e se estendeu por quase quatro anos em períodos intermitentes. Quando a crise sanitária parecia arrefecer, a banda ensaiava um retorno ao estúdio, mas foram muitas retomadas frustradas pelo agravamento dos números no Brasil.

Flausino recorda que, quando finalmente veio a aguardada reabertura, todo mundo só queria saber de pegar a estrada. Afinal, o Jota Quest tinha passado boa parte do tempo fazendo lives direto de seu estúdio em Belo Horizonte, interagindo com o público por meio de enquetes sobre o setlist das apresentações remotas e posteriormente as lançando em EPs, o que já saciava a vontade de novos lançamentos no forno.

“O processo do ‘De Volta Ao Novo’ foi diferente de todos os discos que a gente já fez. A gente não conseguia voltar a produzir. E aí uma hora a gente falou ‘não, cara, para com isso, vamos esperar voltar’. Aí quando voltou, a pandemia acabou, a gente falou, ‘não, agora é show. Depois a gente olha o disco’. Fomos para a turnê, fizemos seis meses da J25, oito meses, foi legal. Aí falamos ‘ok, agora vamos olhar para o disco’. Fomos ouvir o que a gente tinha e a gente achou que estava tudo ultrapassado. Tipo, ‘a gente precisa gravar de novo, não’, aí fomos atrás do Rick [Bonadio] e retomamos o trabalho. Parte das canções já existiam, outras a gente tinha feito ali, começamos a procurar coisas e tal. Aí o Lucas Silveira mandou um lance, por exemplo. O [Wilson] Sideral [irmão de Rogério Flausino] fez uma música nova, a gente foi juntando aquilo e começamos a ver que tinha o disco mesmo.” 

Novas colaborações e faixas inéditas

O Volume 2 (Deluxe) traz nove canções inéditas, incluindo colaborações que reforçam a diversidade sonora e a capacidade do Jota Quest de se reinventar. Uma das participações de destaque é do rapper mineiro FBC na faixa “O Amor é Mágico”, que traz uma sonoridade dançante e contemporânea. A escolha por FBC reflete a conexão da banda com a cena musical atual, especialmente em Minas Gerais, onde surgiu e mantém suas raízes.

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O Jota Quest mantém essa nova geração por perto. Nomes como Lagum e Marina Sena eles encontram pela estrada, como aconteceu recentemente no festival Turá, em Recife. 

“Que legal que tem uma nova geração de mineiros aí. A galera sempre tem atividade, porque as coisas mudam muito. E não foi só para o rock brasileiro. A música, a MPB e tudo mais sempre foi riquíssima e essa produção nunca parou. Eu acho que a crise que se abateu sobre esses estilos musicais teve a ver com a crise das grandes empresas fonográficas, das grandes gravadoras. Vem a pirataria, aí vem o digital, muda tudo, muda as ferramentas… Os artistas não pararam de produzir, não parou de nascer banda. O que mudou foi como fazer isso, chegar à maior quantidade de pessoas.” 

Com uma clareza notória, Flausino mandou a real sobre o momento de mercado que as novas gerações de artistas estão encontrando:

“Eu acho que a queda do investimento que houve num período entre a pirataria e a efetivação da música digital com os players, até isso começar a gerar grana de novo e aí rodar a roda, é que foi a grande responsável por uma diminuição da presença desse tipo de música, que sempre precisou de investimento para chegar ao grande público. O Jota está aqui porque naquele início dos anos 90, houve um grande investimento das grandes gravadoras e pipocou de banda bacana durante um tempão. Depois a coisa começou a declinar, mas eu sempre fui contra esse pensamento, de que isso tinha acontecido porque estava havendo uma crise de criatividade. Não é isso. É coisa de mercado.” 

Além de FBC, o álbum conta com parcerias com músicos de diferentes gerações e estilos. Sérgio Britto, dos Titãs, coassina a composição de “Eu Queria Ser (Canção pra Rita Lee)”. Lucas Silveira, da Fresno, e Jeff S. colaboram na faixa “Amantes da Sétima Arte”, que explora a relação entre música e cinema. Podé Nastácia e Sideral, parceiro mais antigo do Jota Quest, também contribuem para o álbum, com destaque para as faixas “Amor Não Resume em Palavras” e “Despertar”.

“Valer o Dia” ganhou clipe gravado em Nova York

A faixa “Valer o Dia” foi escolhida como single de destaque do álbum e ganhou um videoclipe gravado no Brooklyn, em Nova York, durante a turnê do Jota Quest pelos Estados Unidos. Com direção de Mess Santos, o clipe apresenta cenas emblemáticas da banda tocando com a silhueta de prédios de Manhattan ao fundo, criando uma atmosfera que mistura a energia urbana de Nova York com a identidade musical do Jota Quest.

A escolha por Nova York não foi por acaso. A cidade, com sua diversidade cultural e vibrante cena musical, serviu como inspiração para a banda, que buscou captar essa energia em “Valer o Dia”. O resultado é um clipe que reflete tanto a maturidade do Jota Quest quanto seu desejo de explorar novos horizontes.

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Faixas bônus e resgate de singles

Além das nove faixas inéditas, o Volume 2 (Deluxe) inclui cinco faixas extras, que resgatam singles lançados durante a pandemia. Essas músicas, que agora fazem parte oficialmente do álbum De Volta Ao Novo, incluem “A Voz do Coração (feat. Rael)”, “Guerra e Paz”, “Imprevisível” e “Te Ver Superar (feat. Dilsinho)”.

Outro destaque é a regravação da clássica “Por Enquanto”, da Legião Urbana, em versão reggae. A canção, imortalizada por Cássia Eller, foi produzida especialmente para o álbum tributo Cássia Reggae Vol. 3 (2023), que celebra os 60 anos da cantora. Com essa regravação, o Jota Quest presta homenagem a uma das maiores vozes da música brasileira, ao mesmo tempo em que reafirma sua capacidade de reinterpretar clássicos com uma abordagem contemporânea.

Essa alta produtividade do Jota Quest não é novidade: faz anos que sua discografia é extensa. Se não há álbuns saindo, há EPs, singles, remixes e coletâneas diversas. Esse movimento é reflexo de músicos prolíficos, de uma estratégia mercadológica, ou ambos?

Eu acho que são as duas coisas ao mesmo tempo, porque esse é o nosso trabalho e esse é o meu tesão. E essa inquietude é inerente, a gente não é uma banda alternativa, a gente é uma banda pop. A gente tá aí tocando, tá sempre presente, a gente tá muito junto, tem um monte de ideia. Um tá sempre apresentando um negócio para o outro. A gente tem um estúdio próprio, a nossa sede aqui em Belo Horizonte. Então a gente tem estrutura pra isso e a gente tá sempre ali fazendo.”

Talvez essas estratégias tenham ajudado a manter o Jota Quest renovando seu público, inclusive facilitando o diálogo com fãs de outras cenas musicais.

“Esse negócio de fazer remixes e novas versões das músicas, a gente sempre fez, sempre achou legal ter isso. Pode ser uma decisão estratégica? Pode. Às vezes você faz um single e você manda pra rádio, nem todas as rádios se adaptam àquela música. Aí pedem, ‘você não pode fazer uma versão pra mim mais assim, mais assado?’ A gente vai pro estúdio e faz, entrega a música e começa a tocar naquela rádio. E a mensagem chega a mais gente. Então a gente se dedica a fazer essas coisas porque entende que isso pode ajudar a música a crescer. Então, a gente faz.”

Errados não estão!

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Encerramento de um ciclo e novas perspectivas

Com a conclusão de De Volta Ao Novo, o Jota Quest conclui mais uma fase importante em sua carreira, deixando um legado que reflete tanto os desafios superados quanto as conquistas alcançadas. A banda segue descobrindo novos caminhos, mostrando que a capacidade de se reinventar é fundamental para a longevidade artística.

E o que fez o Jota Quest durar?

Nós somos o resultado de muito trabalho, muita perseverança, muito profissionalismo, dedicação exclusiva a esse sonho. Aquele sonho de menino que foi virando realidade e a cada conquista você fala, ‘caraca, vamos mais’. A gente aprende muito mais nos erros do que nos acertos. Quando o cara te passa aquele calço, você cai no chão e dói, aí você fala, ‘caraca, tinha que ter ficado mais atento’, é isso. E aí, como é que a gente continua se desafiando? Está aqui, é um ‘De Volta ao Novo’. Você vai fazer um disco, depois de tanto tempo, juntar todo mundo. Ainda mais nesse disco, quatro anos de confusão, pandemia. Esse disco nos representa, nos representa como artistas. É um discão. Não podia ser só mais um disco, não, tem que ser um puta disco. Não é um puta disco para quem vai ouvir, é um puta disco para você. Você tem que falar assim, ‘puta, cara, arregaçamos, mano’. Porque isso te mantém vivo, te mantém com tesão. ‘Pô, fiz aí um disco’. Não, não, ‘fiz um puta de um disco’. Ele tem que ser revolucionário, nem que seja só para você, mas ele tem que ser.” 

O futuro do Jota Quest, embora ainda incerto, promete novas surpresas para os fãs. Se De Volta Ao Novo é um acerto de contas com o passado, o próximo passo da banda pode ser a abertura de um novo capítulo, onde o Jota Quest, mais uma vez, se reinventa e desafia as expectativas.

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