Há alguns dias, passando pelo feed do finado Twitter, encontrei certos usuários debatendo se o rapper Veigh está repetitivo ou não em suas músicas. A discussão chegou à estrela em ascensão, que logo respondeu os críticos, discordando desses apontamentos.
“Você que diz que eu faço as mesmas coisas, eu tenho bastante coisa diferente, talvez só não chegou até você. Eu rimo em qualquer beat e vai ficar bom, não adianta. Você pode não gostar de mim, mas falar que eu não sei fazer é mentir pra si mesmo”, tuitou ele, compartilhando imagens de diferentes músicas.
Esses questionamentos por parte do público contra os artistas sempre aconteceram. Contudo, essas críticas têm crescido cada vez mais no Rap Nacional, motivadas pelos novos padrões de consumo e as imposições mercadológicas que surgiram através das plataformas de streaming.
Em busca de mais reproduções nos seus perfis nesses aplicativos, diversos artistas têm recorrido à uma “receita de bolo pronta”, trabalhando em suas próprias zonas de conforto, com sonoridades facilmente digeridas pelos consumidores digitais. Porém, esse não é o caso do Veigh.
Enquanto o debate sobre a saturação é válido e necessário, é preciso entender que há casos em que o público confunde a repetição com a identidade do próprio artista. E o Veigh é essa segunda opção.
Desde que surgiu, o rapper de Itapevi imprime uma estética muito própria enquanto rima. Criando um flow e uma melodia singular, ele tornou-se capaz de transformar a maioria de suas músicas em hits. E independente do estilo do instrumental, a revelação de 2022 sempre se destaca, mostrando que sua qualidade artística também inclui a versatilidade.
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As críticas não foram só para Veigh
Emicida, por exemplo, também já foi alvo dessa crítica vazia. Anos atrás, quando ainda era um artista sem tanto alcance no mainstream, parte dos fãs de rap apontavam para uma suposta variação de flows dele. Enquanto, na verdade, Leandro sempre mostrou coragem para experimentar além do rap, mas mantendo sua identidade na construção de seus versos e rimas.
Ao mesmo tempo que o público cobra artistas para que fujam da mesmice, ele também questiona aqueles que inovam sua discografia. Um dos maiores exemplos é Tyler, The Creator, que após o lançamento do álbum Flower Boy, em 2017, recebeu uma chuva de críticas por abandonar a sonoridade suja, dando espaço para músicas mais híbridas e melódicas.
O próprio Racionais MC’s não escapou disso. Quando Cores & Valores foi lançado em 2014, as redes sociais foram palco de críticas sobre a sonoridade e a temática da obra – que destoava dos discos anteriores. Porém, o álbum estava à frente do seu tempo, sendo reconhecido pelos ouvintes nos tempos atuais.
O fato é que parte do público do rap nem sempre sabe o que quer. Há uma falsa carência por mudança que, em diversos momentos, esbarra em críticas gratuitas. Embora seja necessário, sim, cobrar aqueles que estão numa zona de conforto em busca de somar plays no Spotify, é preciso também respeitar as características individuais e vontades artísticas de quem segue acertando, fugindo da “pastelaria” que a indústria se tornou.
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