A importância do design

Vinicius Gut: designer de bandas e festivais nacionais e internacionais fala sobre a importância da identidade visual na música

Designer Vinicius Gut fala sobre sua trajetória na criação de identidades visuais para bandas e festivais nacionais e internacionais, destacando a importância do design na música e o impacto do merchandising.

Vinicius Gut - Divulgação
Vinicius Gut se tornou um designer especializado em música, atendendo a bandas e festivais (Crédito: Divulgação)

Que a identidade visual tem um papel importantíssimo no universo da música, isso ninguém duvida. Cada vez mais, ela vem tornando-se uma ferramenta poderosa para artistas e festivais que desejam marcar presença e se conectar com o público. Vinicius Gut, designer brasileiro com uma carreira consolidada no Brasil e no exterior, é prova disso. 

Seu trabalho dentro da música vem solidificando uma estética única e cheia de personalidade, mostrando como um visual marcante faz parte do show. Entre seus clientes estão nomes como Vans, Nike, Jack Daniel’s, Universal Music Group, Warner Music Group, Blink-182, Wu-Tang Clan, Fall Out Boy, The Who e Simple Plan, entre muitos outros. Mais recentemente, ele anunciou um novo cliente: o Lollapalooza de Chicago.

Oi rede nova, me chamo Vinicius Gut (@gut42 em todas redes) e trabalho,principalmente, criando artes de merch pra bandas e festivais

vinicius gut • gut42.com (@gut42.bsky.social) 2024-09-01T13:02:27.769Z
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Em uma entrevista exclusiva com o TMDQA!, Gut relembra o início de sua carreira, comenta sobre os desafios enfrentados e destaca a evolução do mercado de merchandising musical.

A importância de desenvolver uma linguagem própria no design

Gut começou a se interessar por desenho desde criança, um hobby que o levou a experimentar com ferramentas digitais como o Photoshop. “Eu comecei a desenhar desde criança, como muita gente, e depois passei a aprender a desenhar no computador”, explica. No início dos anos 2000, Vinicius passou a frequentar shows de bandas locais em Jundiaí, sua cidade natal, e, sem saber tocar nenhum instrumento, decidiu contribuir de outra forma: criando logos e artes para os amigos músicos. “Eu gostava de estar ali no meio, dos shows, das bandas, e queria me incluir de algum modo”, conta. Quem é fã de música, sabe como é!

A transição para o design profissional ocorreu de forma gradual, conforme Gut desenvolvia suas habilidades e ampliava sua rede de contatos. Em 2008, ele começou a trabalhar em um coletivo, o inbloodesign, que se especializou na criação de layouts para o MySpace, uma das principais plataformas de divulgação musical da época. “A gente fazia MySpace para bandas como NX Zero e artistas sertanejos. Foi nessa época que comecei a ter minhas primeiras oportunidades de criar estampas de camisetas”, relembra. Com o MySpace saindo de cena, Vinicius Gut passou a buscar outras oportunidades no mercado, conciliando trabalhos fixos em agências de design com projetos freelancers para bandas.

Crédito: Reprodução

Virando o jogo

A grande virada em sua carreira veio em 2015, quando ele teve a oportunidade de trabalhar com a banda americana State Champs. Ao invés de esperar uma oportunidade, Vinicius a criou. “Eu mandei um e-mail na cara dura, e eles gostaram. Foi a primeira banda de fora do Brasil com quem trabalhei”, recorda. 

Essa experiência abriu portas para outros projetos, incluindo a criação da capa do álbum de uma banda renomada, o Goldfinger, em 2017. “Depois disso, mais oportunidades começaram a aparecer, e hoje 90% dos meus clientes estão fora do Brasil”, diz.

Indo além do merch

Para Gut, o design de merchandise não se limita a criar uma camiseta com o logo da banda. Ele acredita que o trabalho deve refletir a essência do artista e criar uma conexão com o público. “Acho que o maior diferencial do meu trabalho é a composição e o uso da tipografia. Vejo muita gente que sabe ilustrar muito bem, mas não sabe usar uma tipografia legal”, observa. 

O designer destaca ainda a importância de entender as necessidades de cada trabalho e de adaptar seu estilo a diferentes nichos musicais, mantendo, ao mesmo tempo, uma identidade própria. “Cada projeto, cada banda pede uma linguagem específica. Acho que isso é o que me diferencia”, reconhece.

Vinicius Gut vem ganhando notoriedade por ser um designer com amplo conhecimento do mercado de merchandise para bandas e artistas. Isso o torna uma referência para quem está buscando investir em um setor que só tende a crescer. Afinal, até mesmo plataformas enormes como o Spotify estão abrindo suas “lojinhas”. Dentro do Spotify for Artists, há até guias ensinando a vender para os fãs.

Porém, esse ainda é um cenário incipiente. Segundo ele, enquanto no exterior as bandas já compreenderam o potencial do merch como fonte de renda, no Brasil esse mercado ainda está engatinhando. “Na pandemia, as bandas de fora continuaram lançando coleções de merchandise para se manter, já que não tinham shows. Aqui no Brasil, isso ainda é um pouco fraco”, avalia.

No entanto, já há muita gente de olho nessa fatia do bolo. Sites como Merch centralizam vendas de artistas e festivais, enquanto a Chico Rei e outras lojas desenvolvem coleções únicas em parceria com alguns dos principais nomes da música brasileira. Sem falar nos inúmeros sites independentes que criam produtos não oficiais em altíssimo nível. Será uma mudança nos padrões do mercado?

Crédito: Reprodução

Novo mercado em formação

Um dos efeitos do recente foco no merchandise é que profissões antes inexistentes, como merch designer, passaram a ser mais conhecidas. Embora esse trabalho exista há décadas, agora ele está alcançando níveis globais. Além disso, com muitos artistas seguindo a rota independente em suas carreiras, eles vêm tomando as rédeas dos seus produtos oficiais e se tornando cada vez mais garotos-propaganda de suas marcas. Se nos primórdios da indústria havia uma limitação dos produtos possíveis – camisetas, chaveiros, bonés -, hoje o céu é o limite.

Vinicius Gut oferece conselhos práticos para aqueles que desejam entrar no mercado de merch design, destacando a importância de começar pequeno e aprender com a prática. Ele sugere que aspirantes tentem se conectar com bandas locais ou amigos para entender o processo. “Aprender sobre conceito, sobre briefing, sobre a parte teórica e prática, como funciona o software, desenhar bastante e dominar a composição são passos fundamentais. Não é obrigatório saber desenhar, mas quem domina essa habilidade pode ter mais espaço. Contudo, há muitos merch designers que se destacam em outras áreas, como manipulação de fotos, imagem ou tipografia”, aponta.

Gut também enfatiza a necessidade de persistência e disposição para aprender, além de estar aberto a ajudar outros iniciantes. “Mande mensagens para as bandas com as quais você quer trabalhar, tente a sorte. Muitas vezes não há resposta, mas isso faz parte do processo. É importante também estar disposto a ajudar quem está começando, respondendo dúvidas e compartilhando conhecimentos, algo que eu sempre tento fazer. Gostaria de criar mais material educativo sobre o tema”, antecipa.

Crédito: Reprodução

Baita portfólio

A estética do trabalho de Vinicius Gut passou a falar por si só, e a visibilidade alcançada por clientes globais trouxe cada vez mais novos parceiros. No seu catálogo, estão alguns dos maiores festivais e artistas do mundo. No entanto, ele afirma que o caminho até aqui não foi fácil e que o sucesso é resultado de anos de trabalho e dedicação. “Quando voltei de um intercâmbio em Los Angeles, em 2016, decidi tentar a sorte e viver de freelas. Aos poucos, fui construindo meu portfólio e conquistando mais oportunidades”, relembra.

Vinicius também destaca a importância de adaptar seu trabalho às limitações técnicas da produção de merchandise, como a serigrafia, que exige uma paleta de cores limitada. “Tem que aprender a combinar e fazer uma composição balanceada com poucas cores”, explica.

Para o futuro, Vinicius Gut pretende continuar expandindo seu portfólio e explorando novas oportunidades no mercado internacional. “Eu gosto de desafios e de trabalhar com diferentes estilos musicais. Acho que é isso que mantém o meu trabalho interessante”, conclui.

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