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Como Oasis e Chappell Roan tentam conter escalada de preços de ingressos com diferentes estratégias

A polêmica sobre os preços dos ingressos continua a crescer, com a precificação dinâmica elevando os valores de shows concorridos

Oasis e Chappell Roan - venda de ingressos está sob escrutínio
Oasis e Chappell Roan - venda de ingressos está sob escrutínio (Créditos: Simon Emmett, Ryan Clemens/Divulgação)

Os fãs de música vêm ganhando mais um preço dinâmico para se preocupar. Depois dos valores proibitivos de carros de aplicativo em áreas de shows e festivais, cada vez mais salgados de acordo com a demanda, agora o uso de preços dinâmicos para a venda de ingressos também vem se tornando cada vez mais comum. 

Essa prática de precificação tem elevado os valores de entrada para eventos concorridos, deixando consumidores frustrados e sem opções acessíveis. Outra questão preocupante é o cambismo, que vem se modernizando e garantindo uma quantidade considerável de ingressos e os revendendo por preços astronômicos.

Panos quentes

A recente turnê de reunião do Oasis e os shows da cantora Chappell Roan reacenderam o debate sobre essa prática. No caso do Oasis, ingressos inicialmente vendidos por cerca de £148 (R$1.082) passaram a custar mais de £400 (R$2.924) poucas horas após o início das vendas. A banda tentou conter o aumento dos preços dos ingressos em sua turnê de reunião ao limitar a venda oficial para canais autorizados e combater plataformas de revenda que inflacionam os valores. 

O Oasis também buscou acordos com promotores para controlar a precificação e permitir que os fãs comprassem ingressos a preços mais justos. No entanto, mesmo com essas medidas, a demanda elevada fez com que a tarifa dinâmica continuasse a impactar os custos finais, dificultando o controle total sobre os valores. 

A venda foi tão caótica que autoridades do Reino Unido e União Europeia irão investigar o caso, sem falar que já tem gente aceitando ingresso para pagamento de hospedagem em pleno Reino Unido – onde os preços de locação são costumeiramente altos!

Chappell Roan, por sua vez, pediu publicamente que seus fãs evitassem pagar valores exorbitantes após ver os preços de seus shows dispararem em plataformas de revenda. A própria cantora anunciou que iria cancelar ingressos identificados como adquiridos por robôs – de supostos cambistas – e os colocaria à venda novamente, de forma a garantir que fossem para as mãos de quem “realmente merece”.

Como dá para notar, a questão dos ingressos é cheia de áreas cinzentas. Práticas como a precificação dinâmica podem parecer imorais, porém são legais. Isto é, até que a legislação mude – e há parlamentares no Reino Unido trabalhando para isso.

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O impacto da precificação dinâmica

A precificação dinâmica não foi inventada pelas tiqueteiras. Trata-se de uma estratégia em que os valores aumentam conforme a demanda, há tempos amplamente usada em setores como aviação e hospedagem. No caso dos ingressos para shows, isso representa uma barreira, tornando eventos culturais cada vez menos acessíveis ou apenas disponíveis para fãs com muito dinheiro.

Embora a venda de ingressos seja feita por grandes corporações, artistas de mais estatura na indústria conseguem impor suas próprias regras. É o caso de Robert Smith, do The Cure, que conseguiu a façanha de exigir que a Ticketmaster devolvesse dinheiro de taxas abusivas. Na The Eras Tour, de Taylor Swift, esse modelo de vendas também ficou de fora – o que não evitou preços exorbitantes por ingressos que estavam nas mãos de cambistas. Seus shows no Brasil passaram por investigação e a Lei Taylor Swift está em tramitação no Senado.

Artistas como Bruce Springsteen, Harry Styles e Coldplay também já enfrentaram críticas por adotar esse tipo de venda. No entanto, o controle total sobre os preços nem sempre está nas mãos dos artistas, já que promotores e plataformas de venda muitas vezes implementam essas estratégias automaticamente, com base no fluxo de vendas. 

Talvez seja o caso de sair do piloto automático — mesmo que ele seja muito, muito lucrativo.

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A resposta dos governos e o futuro da venda de ingressos

Em meio à crescente insatisfação do público, governos têm sido pressionados a investigar o impacto da precificação dinâmica no acesso a eventos. No entanto, ainda não há soluções concretas para regulamentar a prática.

O cambismo agrava ainda mais a situação ao aumentar a especulação em torno dos ingressos. Revendedores não autorizados adquirem grandes lotes de entradas e, utilizando plataformas de revenda online, aumentam os preços de forma abusiva, especialmente para shows de grande demanda. Essa prática torna mais difícil para fãs comuns acessarem os ingressos a preços oficiais e acaba pressionando ainda mais o mercado de vendas.

A demanda por ingressos em eventos de grande porte segue alta, e, enquanto a precificação dinâmica continuar, os consumidores devem enfrentar dificuldades para garantir entradas a preços mais acessíveis. O futuro da prática dependerá de como governos, plataformas de venda e artistas responderão às críticas e aos pedidos por maior transparência e equidade no processo de venda.

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