No episódio de estreia de Pinguim, nova série da Max ambientada na Gotham do diretor Matt Reeves, uma escolha inusitada de trilha sonora chama atenção. Ao longo das cenas, a clássica “9 to 5”, de Dolly Parton, dá o tom, inicialmente quando Oz Cobb entra em um carro e depois nos créditos animados. A música pode parecer fora de lugar no universo sombrio do Batman, mas foi colocada de forma estratégica no episódio.
Lançada em 1980, “9 to 5” se tornou um hino de crítica ao trabalho exaustivo e à exploração. Tanto que é a canção tema do filme de mesmo nome – em português, Como Eliminar Seu Chefe – estrelado pela própria Dolly Parton com Jane Fonda e Lily Tomlin. Já no contexto de Pinguim, ela entra em cena para transmitir algo mais sobre o protagonista.
A versão de Oz apresentada na série difere da representação tradicional do vilão nos quadrinhos. O personagem de Colin Farrell, mais humanizado, mantém traços que o conectam à sua classe trabalhadora. A inserção da música de Dolly Parton no episódio sugere que, aos olhos de Oz, ele é um trabalhador que busca seu lugar ao sol, assim como os personagens da música, que enfrentam um sistema injusto.
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A influência de “9 to 5” na trajetória de Oz Cobb
A letra de “9 to 5” pontua a insatisfação de Oz com sua posição no mundo do crime de Gotham. Após anos de lealdade à família Falcone, ele se sente apenas mais uma peça no esquema dos poderosos.
O refrão da música, que fala sobre “trabalhar de nove às cinco” e “colocar dinheiro na carteira de outra pessoa”, parece resumir sua frustração e motivações para desafiar o status quo.
Entretanto, ao contrário do tom de resistência da música, Oz não busca uma mudança de sistema. Ele deseja substituir os poderosos e se tornar o chefe, evidenciando uma interpretação distorcida da luta retratada por Dolly Parton.
Para ele, o caminho é a ascensão ao poder e a eliminação dos que o impedem de atingir seus objetivos.
A mensagem feminina em Pinguim
Além de simbolizar a jornada de Oz, a escolha de “9 to 5” também faz referência às mulheres fortes na vida do personagem-título. No universo de Pinguim, figuras femininas, como Sofia Falcone e a mãe de Oz, têm papeis centrais na construção de sua personalidade e em suas ações.
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Sofia, apesar de sua influência, acaba sendo manipulada por Oz, enquanto sua mãe, uma mulher simples, representa o espírito de luta e perseverança que o move. A trilha sonora, portanto, conecta as histórias de poder e resistência tanto no enredo quanto na construção dos personagens.
Com isso, Pinguim consegue utilizar a música pop para dar profundidade ao seu protagonista e explorar de maneira sutil as dinâmicas de poder presentes na trama.
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Um pinguim pegando fogo
A série derivada atraiu 5,3 milhões de espectadores nos Estados Unidos nos primeiros quatro dias após sua estreia em 19 de setembro, de acordo com a HBO. Esse número inclui exibições na transmissão linear e visualizações em plataformas de streaming.
A audiência superou os números de estreia da temporada final de Succession e da segunda temporada de The White Lotus, por exemplo, dois dos maiores sucessos do canal. A série também obteve a maior audiência em quatro dias para uma nova produção no serviço Max desde The Last of Us em janeiro de 2023, ficando apenas atrás de True Detective: Night Country.
Ambientada após os eventos do Batman de Robert Pattinson, Pinguim mostra o personagem Oswald “Oz” Cobb, interpretado por Farrell, tentando consolidar seu poder no submundo de Gotham após a morte de Carmine Falcone.
Com uma aprovação de 94% no Rotten Tomatoes, a série foi elogiada pela crítica por sua abordagem sobre a criminalidade. O elenco inclui ainda Cristin Milioti, Rhenzy Feliz e Clancy Brown, enquanto Lauren LeFranc atua como roteirista e showrunner. Os episódios serão lançados semanalmente pela HBO.
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