Tem gringo em Jaguariúna

Fenômeno do country, Dustin Lynch fala ao TMDQA! em sua primeira vinda ao Brasil

Dustin Lynch, uma das grandes estrelas do country americano, está conquistando o Brasil com a parceria inédita em “Gosta de Caras Assim”, versão de seu hit “Small Town Boy” com Fernando & Sorocaba

Dustin Lynch - country
Crédito: Divulgação

Dustin Lynch, uma das maiores estrelas do country americano, está conquistando o público brasileiro com sua colaboração em “Gosta de Caras Assim”, versão do sucesso “Small Town Boy”. Gravado em parceria com Fernando & Sorocaba, o dueto foi filmado em Nashville e é um marco na união entre o sertanejo e o country. Para celebrar esse momento, Lynch está no Brasil para participar de shows da dupla, incluindo o aguardado Jaguariúna Rodeo Festival.

O astro americano também percebe a nova onda de popularidade do gênero que o consagrou. Superastros como Luke Bryan, Zach Bryan e Laney Wilson lotam arenas, enquanto nomes do pop, como Beyoncé e Post Malone, se aproximam do country de forma criativa e, claro, mercadológica. O atual momento amplia o alcance de uma música americana por excelência, mas que sempre foi um mercado à parte e muito lucrativo.

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Dustin vinha surfando essa onda há tempos. Com nove músicas no topo das paradas, múltiplos álbuns de sucesso e mais de 4,4 bilhões de streams globais, Lynch possui uma das carreiras mais consistentes do country moderno. Seu hit “Small Town Boy”, que agora ganha uma versão brasileira, alcançou quase 340 milhões de streams no Spotify e liderou as paradas por semanas nos Estados Unidos. Recentemente, o cantor lançou o álbum Killed The Cowboy, reforçando sua posição de destaque.

A parceria com Fernando & Sorocaba reflete o momento de grande colaboração entre gêneros musicais e culturas. A dupla trouxe o artista americano como convidado especial em seu show para solidificar ainda mais o pezinho que busca fincar nos EUA, oferecendo música sertaneja moderna para brasileiros, latinos e americanos. Aproveitando sua primeira vinda ao país, Dustin Lynch falou com o TMDQA! sobre o panorama atual e planos futuros.

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TMDQA! Entrevista: Dustin Lynch

TMDQA!: É tão bom falar com você, Dustin. Como você está?

Dustin Lynch: Estou bem no primeiro dia no Brasil!

TMDQA!: Pois é, que demais! E ainda por cima no meio de uma onda de calor.

Dustin Lynch: Sabe, estamos acostumados a isso nessa época do ano. Lá nos EUA é úmido e quente, como aqui. Eu não sabia o que esperar, mas todo mundo está reclamando um pouco. Eu fico tipo, não, eu estou pronto para arrebentar.

TMDQA!: É o tipo de coisa que faz você se sentir em casa.

Dustin Lynch: Sim!

TMDQA!: Quero ir direto ao ponto, sei que você tem pouco tempo e quero começar com a razão principal de estarmos aqui, que é a música country, certo? Parece que o country está ficando cada vez maior e alcançando diferentes públicos. Provavelmente existe um número recorde de artistas esgotando ingressos em grandes shows. Minha primeira pergunta é: o que você acha que diferencia este momento? O que te faz único? Por que agora?

Dustin Lynch: Por que agora? Acho que é um alinhamento de várias estrelas, muita paciência e o tempo certo. Existe um plano maior, acho, de por que estou aqui hoje, entre todas as pessoas do mundo. Um dos primeiros caras com quem fiz música se tornou meu amigo e vem ao Brasil há um tempo, considera Sorocaba parte da família dele, e nos apresentou. Sorocaba queria fazer uma colaboração, então começamos a sonhar alto. E isso nos trouxe aqui ao Brasil pela primeira vez. E você está certa, acho que, mais do que nunca, há muita colaboração entre todos os gêneros. Tenho ocupado vários lugares.

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TMDQA!: Sim, não estou reclamando, que ótimo! Mas acho que muita gente diria que as grandes estrelas do country, como Alan Jackson, Willie Nelson e Reba McEntire  têm um legado enorme, e ninguém discordaria. Mas o que você acha que definirá o legado dessa geração, da sua geração no country? E como você se vê contribuindo para isso?

Dustin Lynch: Acho que agora temos um alcance que os artistas que você mencionou não tinham, antes desse recente boom tecnológico sobre como consumimos música, com as mídias sociais sendo uma grande parte disso, e como podemos nos comunicar com os fãs diariamente. Estou em qualquer lugar do mundo e alguém marca minha música aqui no Brasil, e posso responder e me comunicar com eles. Acho que isso vai moldar essa geração de forma diferente da anterior.

Acho que estamos todos mais próximos. E que, hoje em dia, todos percebemos que temos muito mais semelhanças do que diferenças, especialmente quando se trata do que meus amigos me contaram sobre o Brasil. Isso me fez querer vir aqui pela primeira vez, porque o que as pessoas acreditam, o que gostam de cantar e celebrar aqui, é parecido com o que fazemos lá.

TMDQA!: Certamente. E falando de tempo, você é um artista que está gravando há mais de uma década. Existe algo que você aprendeu ao longo do caminho que teria feito uma grande diferença para aquele novato em 2012, algo que teria facilitado sua vida ou, pelo menos, diminuído o estresse se você soubesse?

Dustin Lynch: Sem dúvida, sim, sem dúvidas. Eu diria: acredite em si mesmo, confie no seu instinto. Tem muita insegurança que aparece quando você é um artista novo, porque eu peguei o violão, comecei a escrever músicas e a colocar para fora emoções que eu não expressava, mas que podia através da letra e melodia. A comunicação é obviamente uma grande coisa quando se trata de fazer música nesse nível. Muitas pessoas estão envolvidas, desde o momento em que a música é criada até o momento em que ela é lançada e o público a escuta.

Confiar nesse instinto em relação à minha música, no que eu quero dizer e como quero apresentar isso ao mundo teria me poupado muitas noites sem dormir, caso eu tivesse tido mais voz no passado. Agora, tendo aprendido isso, a vida é muito mais agradável, porque não tenho mais medo de expressar minhas opiniões.

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TMDQA!: Sim, mas há coisas que só vêm com o tempo, certo? Não dá para apressar.

Dustin Lynch: Sem dúvida.

TMDQA!: Não sei o quanto você conhece da nossa música sertaneja, mas provavelmente já percebeu que é algo bem diferente, embora compartilhe algumas semelhanças com o country. Minha pergunta é: o que você acha que torna essa conexão entre você e o sertanejo possível? Qual é o fio condutor aqui?

Dustin Lynch: Bem, o fio condutor é, eu acho, a emoção à qual somos viciados em sentir, evocar, receber e entregar no palco, além da celebração. Sempre volto à ideia de que nem sempre sei o que estou ouvindo ou compreendendo, mas consigo sentir e ver nas plateias, nas multidões aqui. E é disso que eu me alimento, é com isso que eu vibro, sabe? E quando gravamos minha versão com Fernando & Sorocaba e tocamos ao vivo, quando filmamos o videoclipe em Nashville, eu me senti em casa. Não parece nada estranho nos instrumentos ou no palco. Claro, estou me apoiando muito nos meus parceiros, mas há muita similaridade na estrutura do que estamos tocando, tanto ritmicamente quanto melodicamente, claro.

TMDQA!: Sim. Agora, me corrija se eu estiver enganada, mas acho que o que torna a música country tão única é que ela está profundamente enraizada no povo americano e na terra. E isso meio que dificulta a experiência completa dela fora dos EUA. Quero dizer, para aqueles de nós que nunca estiveram no Tennessee ou no Texas. Então, quando você se apresenta no exterior, tenho certeza de que as pessoas abraçam a música, mas o que você diria que é a maior concepção errada que as pessoas de fora dos EUA têm sobre o country?

Dustin Lynch: A maior concepção errada, uau. Bem, meu pensamento inicial vai para algo negativo. Talvez que somos todos caipiras sem educação [risos], é isso. Eu não sei. Acho que todos cantamos sobre emoções, e o tema mais consistente é se apaixonar e se desapaixonar, o desgosto amoroso. Mas também tento sempre lembrar que minhas partes favoritas dos shows não são apenas sobre desamor. É um tema mais alegre, celebrando aquele sentimento de estar com alguém pela primeira vez, o primeiro beijo, o primeiro encontro, ou mesmo um relacionamento de longo prazo, e os pontos altos da vida, por assim dizer. E também adoro cantar sobre festas, e estou ali para proporcionar uma atmosfera para que as pessoas se encontrem, para que dois solteiros se conheçam. 

Uma das maiores surpresas que tive foi ver pessoas que não se conheciam se encontrarem no meu show, e depois voltarem anos depois, agora com uma família. Literalmente, estamos fazendo bebês! É muito legal [risos]. Então, respondendo à sua pergunta, a concepção errada é talvez a ideia de que é uma música unidimensional e que as pessoas de fora não conseguem se relacionar porque não são de lá ou nunca estiveram lá, mas isso é falso. Nós cantamos sobre tudo. Não importa onde você esteja no mundo, as pessoas estão procurando por alguém especial e sonhando com esse sentimento.

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TMDQA!: Sim, se isso não for universal, não sei o que é. E sinto que você sempre se orgulhou de ser um “Small Town Boy”. O que te mantém ligado às suas raízes atualmente?

Dustin Lynch: Sim, há um orgulho que vem de… Acho que todo mundo tem orgulho do lugar onde cresceu. Meu lugar me fez quem eu sou. Ainda como compositor, quando estou escrevendo, volto para lá na minha mente. Os móveis na canção, por assim dizer, os lugares de que falo, as cores, os cheiros, as pessoas, todos são personagens dessa cidade que me formaram como pessoa, como homem. 

E acho que isso nos torna únicos como artistas, porque não temos as mesmas experiências. Estamos todos buscando essas diferentes experiências, mas elas são similares de certa forma. E, sabe, eu tenho orgulho de onde venho, porque isso me fez quem eu sou. Tenho uma fé forte. Amo minha família, amigos são muito importantes. Fazer um trabalho honesto e árduo é importante, e é sobre isso que gostamos de cantar.

TMDQA!: E eu aposto que a maioria das pequenas cidades em qualquer lugar do mundo é exatamente como você descreveu. E, falando em descrever, vou apenas citar algo que li sobre você, que diz que você “tem uma das carreiras mais consistentes na música country moderna”. Isso é enorme. É um grande feito. Então, o que me interessa é: como você alcança isso? O que você acha que contribuiu para sua consistência ou longevidade nesse negócio?

Dustin Lynch: Uma excelente equipe, desde o começo, de compositores, criadores que colaboram comigo e meus produtores. E acho que também tem a ver com realmente dedicar meu tempo à minha música, lançá-la, gravá-la, apenas garantindo que… Bom, é algo que volta àquelas primeiras vezes em que eu duvidava do meu instinto e talvez ouvia algumas opiniões externas que não deveria. Confiar no meu instinto, acho que aprendi como escritor, como artista, que preciso ser apaixonado por cada música que gravo, porque quero subir no palco e sentir aquelas emoções de maneira genuína. E, se tivermos sucesso com a música, preciso estar pronto para cantá-la pelo resto da vida. Então, tenho que garantir que realmente amo a música. E tenho sido abençoado com músicas que, por algum motivo, não sei o que é, mas elas sobem nas paradas e continuam lá, e as pessoas querem continuar ouvindo. Não sei o que é isso. Se eu soubesse, faria mais [risos]. Mas tive sorte algumas vezes. Acho que, se continuarmos confiando no processo, vivendo a vida e amando o que fazemos, coisas boas acontecerão.

TMDQA!: Sim, vamos chamar isso de “o molho secreto”.

Dustin Lynch: Sim.

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TMDQA!: Você tem nove singles número um. Com seis álbuns lançados, como você continua se desafiando musicalmente, e o que vem a seguir para você?

Dustin Lynch: Bem, o desafio é sempre buscar ótimas músicas e não se contentar, identificar talvez algumas áreas em que ainda não falamos. Eu adoro o aspecto de produção de gravar músicas, tentar novos sons, novos arranjos que, de certa forma, empurrem o gênero um pouco para frente. Talvez isso irrite algumas pessoas que não gostem de ver essas inovações na música country, mas isso mantém tudo divertido e emocionante para nós, nos dá novos capítulos para tentar novas coisas, ver se conseguimos fazer isso funcionar. Às vezes, funciona maravilhosamente, e às vezes, não funciona. Mas você já entra sabendo disso, esse é o risco que corremos.

Desde a primeira música que toquei no violão, gravada em fita cassete, eu ficava no carro da minha mãe, ouvindo de volta a gravação no carro, no caminho de casa, aos 14 anos. Sou viciado nesse momento desde então, e ainda sou. Quando escrevemos uma música e conseguimos gravá-la, não vejo a hora de entrar no carro, ligar o som e ouvir. É a coisa mais legal do mundo. Sentar com amigos em uma sala, com alguns instrumentos, e criar algo do nada, e depois poder ouvir através de uma caixa de som, é a coisa mais incrível que existe. Isso é o que me mantém indo em frente.

TMDQA!: Sim, deve ser um momento de euforia. E quem sabe, talvez ouviremos um toque brasileiro no seu próximo álbum.

Dustin Lynch: Eu aposto que sim.

TMDQA!: Boa, estaremos atentos a isso. Muito obrigado pelo seu tempo, Dustin. Espero que você aproveite muito sua estadia no Brasil.

Dustin Lynch: Obrigado. Tudo de bom!

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