Eric Clapton mostra por que é um deus da guitarra com show épico em São Paulo

Foram 13 anos de espera, mas Eric Clapton finalmente voltou ao Brasil nos últimos dias. Depois de realizar shows em Curitiba, Rio de Janeiro e no Vibra São Paulo, o ícone da guitarra finalizou sua turnê por aqui com uma apresentação marcante no Allianz Parque, também na capital paulista, que teve ingressos esgotados.

Desde o primeiro acorde, o sentimento que melhor descrevia a relação da plateia com Clapton era reverência. Verdadeiro mestre de seu instrumento, Eric abriu o show logo com “Sunshine of Your Love”, maior sucesso do Cream e um dos grandes clássicos do Rock – gênero, aliás, que ficou em segundo plano durante a performance.

Ao contrário do que alguns poderiam esperar, boa parte da noite foi focada no Blues. Tanto é que, na prática, Clapton tocou mais músicas do pioneiro Robert Johnson do que das bandas mais famosas das quais fez parte, Cream e Derek and the Dominos. Além de “Sunshine of Your Love”, o Cream foi representado apenas por “Badge”, enquanto “Got to Get Better in a Little While” foi a única composição de Derek and the Dominos a aparecer.

Poucos hits, muita reverência

É claro que o público sentiu falta de sucessos como “Layla” e “Wonderful Tonight”, que não foram tocados em nenhum dos shows no Brasil. No entanto, a simples presença de Clapton, que encantava a cada improviso e mostrava uma sintonia arrebatadora com sua banda de apoio, fez com que a reverência que tomava conta do Allianz Parque se mantivesse durante toda a noite.

O ponto alto do show foi mesmo “Tears in Heaven”, grande clássico que emociona toda vez que ouvimos. Em versão acústica e com a presença do brasileiro Daniel Santiago ao seu lado, Clapton colocou o estádio inteiro para cantar junto em um mar de luzes de celular, o que criou uma atmosfera única e que, por si só, já justifica o ingresso para vê-lo.

No mais, não dá pra dizer de forma alguma que a apresentação foi ruim. A forte presença do Blues reforça a importância do gênero para Eric Clapton, que nunca escondeu ter sido criado ao som dos nomes que, hoje, homenageia em seus shows. O sentimento de familiaridade que muitas dessas canções trazem também agrada, ainda que muitos fãs provavelmente preferissem um repertório mais focado nas composições próprias.