"Quero transformar esses discos num grande espetáculo pros meus fãs"

TMDQA! Entrevista: Alee e o recomeço no meio do "Caos"

Rapper Alee lança seu segundo álbum e busca virar a página, após problemas com a antiga gravadora

Alee

A trajetória de Alee, rapper baiano de 24 anos, é um testemunho do poder transformador da música, das dificuldades enfrentadas na indústria e do caos que leva à reinvenção. Seu novo álbum, Caos, não é apenas um título; é uma expressão do turbilhão interno que o artista enfrentou nos últimos anos, canalizado em uma obra que marca seu renascimento.

Nascido em uma família de músicos, Alee cresceu cercado pela arte. Seu avô, multi-instrumentista, plantou as primeiras sementes da musicalidade que viriam a florescer em sua vida. O tio, membro do grupo Timbalada, desempenhou um papel essencial no incentivo à música.

“A gente tinha uma brincadeira em que, se eu aprendesse uma nota musical, ganhava um presente. Então, ele incentivava muito a arte na minha vida e permitiu que eu alcançasse essa desenvoltura”, relembra o rapper. No entanto, sua jornada musical começou longe do rap; as primeiras composições eram sertanejas, até que um disco de 50 Cent o apresentou a um novo mundo. A partir daquele momento, o hip-hop se tornou seu destino.

Apesar de sua bagagem familiar, Alee encontrou sua verdadeira voz ao lado de amigos e parceiros de cena, como Leviano, Brandão85 e Teto. Essas conexões foram fundamentais para moldar sua identidade como artista. “Foi uma troca de conhecimento enorme. Todo mundo sabia um pouco e compartilhava isso. Isso ajudou a fortalecer o meu corre”, comenta, destacando a importância dessa parceria em seu desenvolvimento.

A fluidez com a qual Alee transita entre gêneros musicais como o cloud rap, o drill, o trap e o R&B reflete sua inquietude criativa. Para ele, a música é uma respiração constante, e ficar preso a uma zona de conforto é simplesmente impensável. “Amo ficar em casa criando música, sou fissurado nisso, e isso me permite experimentar coisas novas sempre”, afirma. Essa paixão é evidente em sua versatilidade, que ele considera essencial para descobrir novas formas de expressão.

O recomeço de Alee

No início deste ano, o rapper baiano deu vida ao seu primeiro disco, Dias Antes do Caos, que abriu os caminhos para a sua história de renascimento na carreira. O projeto marcava o fim do seu ciclo na Hash Produções, sua antiga gravadora, representando uma espécie de libertação financeira e artística.

O primeiro trabalho foi um teste não apenas para seu público, mas também para sua antiga gravadora, que resultou numa batalha judicial. Após assinar o contrato com apenas 17 anos, o músico afirma que ele prejudicou sua carreira e trouxe lições dolorosas. “Eu achava que era ótimo, mas estava preso num contrato abusivo. E meu maior aprendizado é não confiar demais e entender meu próprio direito na música”, reflete o artista.

No último dia 23, Alee deu continuidade ao disco anterior e lançou seu novo álbum, intitulado Caos, revelando um artista que explora emoções intensas e contraditórias. O primeiro disco nasce de um período de quase desistência, enquanto o segundo é a expressão de um recomeço. “Eu fui dominado pelo caos, pela confusão que estava dentro de mim. Esse caos não tem fórmula, então não quis seguir nenhum padrão da cena. Eu consegui ser autêntico dentro desse sentimento que me dominava”, explica.

Em seus dois dois discos – que podem fazer parte de uma trilogia -, o jovem rapper baiano cria uma estética autêntica, flutuando em diferentes estilos de batidas e apresentando flows versáteis. Como ele mesmo diz, a bagagem musical permite que tenha recursos de sobra para explorar melodias criativas, que são sustentadas com rimas bem elaboradas.

Próximo capítulo

Apesar das dificuldades, Alee emerge dessa experiência com maturidade e força renovada. O Caos, que em muitos aspectos simboliza destruição, também é o ponto de partida para um novo capítulo em sua vida. “Esse recomeço me permite ajudar a minha família e meus amigos. Uma pessoa é capaz de mudar a vida de muitas ao seu redor”, afirma com convicção.

Agora, com a carreira em ascensão e uma visão clara do futuro, Alee se prepara para transformar sua música em algo ainda maior. “Quero criar uma estrutura enorme, pensar numa roupa diferente, enfim, quero transformar esses discos num grande espetáculo pros meus fãs”, revela. O caos, que antes era fonte de angústia, se tornou a matéria-prima de sua reinvenção artística. E o futuro, para Alee, parece ser tão grandioso quanto os shows que ele sonha em realizar.

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