O renomado diretor Francis Ford Coppola trouxe à tona uma interessante conexão entre seu divisivo novo filme Megalópolis e a cidade de Curitiba. Segundo Coppola, o ex-governador Jaime Lerner e seus projetos urbanísticos serviram de inspiração para a construção do personagem interpretado por Adam Driver, que propõe uma cidade utópica em um futuro distópico.
Ao longo da produção, Coppola destacou o quanto a arquitetura inovadora de Curitiba, desenvolvida durante a gestão de Lerner, influenciou o conceito de Megalópolis. O filme, que estreia no Brasil em 31 de outubro, promete trazer uma reflexão sobre o desenvolvimento urbano e as tensões entre inovação e conservação.
Uma visão utópica com inspiração brasileira
Em Megalópolis, o protagonista Cesar Catilina, vivido por Adam Driver, tenta implementar um projeto de cidade que visa corrigir as desigualdades sociais. Coppola mencionou que a ideia da Nova Roma, cidade fictícia onde a trama se passa, tem forte base na Curitiba que conheceu em 2003, especialmente pelo impacto do planejamento de Lerner. O urbanista é mundialmente reconhecido por transformar a cidade em um exemplo de mobilidade sustentável e uso inteligente de espaços.
A escolha de Curitiba como referência não é um acaso. Naquela época, Francis Ford Coppola já tinha a capital do Paraná em mente para o projeto, e ainda passou por outras cidades brasileiras, como Foz do Iguaçu, Belém, Recife e Salvador. Assim como Lerner acreditava no poder de remodelar cidades para o benefício de todos os habitantes, o personagem de Driver busca criar uma nova cidade onde arquitetura e sociedade se integrem de maneira harmoniosa.
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Segundo informações do site Hoje PR, em julho de 2003, Coppola desembarcou em Curitiba para uma estadia de duas semanas, hospedando-se na suíte presidencial do Hotel Bourbon. Durante sua visita, ele foi visto em diversos pontos icônicos da cidade, como a Arena da Baixada, onde assistiu a um clássico entre Paraná Clube e Atlético Paranaense – àquela época, ainda sem o H no nome.
O cineasta estava na cidade para pesquisar soluções urbanísticas específicas, como o sistema de transporte coletivo e programas de reciclagem, que pudessem inspirar seu filme. Ele ficou impressionado com a eficiência das vias exclusivas para ônibus e elogiou a limpeza da cidade, embora tenha notado com desconforto as fachadas pichadas.
Conflitos e tensões que permeiam a narrativa
No entanto, o projeto de Cesar Catilina encontra forte oposição. Franklyn Cicero, interpretado por Giancarlo Esposito, representa o status quo, defendendo os interesses políticos e econômicos já estabelecidos. O filme explora as tensões entre esses dois extremos, mostrando o choque entre o desejo de um futuro mais inclusivo e as forças que tentam preservar o sistema vigente.
Curitiba, ao que tudo indica, oferece o pano de fundo perfeito para essa narrativa. Coppola destacou em entrevistas que a cidade exemplifica o que o filme tenta discutir: a busca por um futuro mais equilibrado e sustentável em meio às pressões da política e economia tradicionais.
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Um momento delicado para Francis Ford Coppola
A produção de Megalópolis gerou uma série de controvérsias, desde seu financiamento até o marketing.
Um dos pontos mais debatidos foi a necessidade do diretor de financiar o projeto com recursos próprios. Para garantir a realização de seu sonho cinematográfico, Coppola investiu cerca de US$ 120 milhões do próprio bolso, o que incluiu a venda de parte de sua famosa vinícola na Califórnia. Isso ocorreu após nenhum estúdio se interessar em bancar a ambiciosa produção. Ele ainda declarou que suas propriedades, incluindo uma na Argentina, foram fundamentais para viabilizar o projeto.
Além disso, Megalópolis passou por polêmicas no marketing. Um dos trailers do filme foi retirado do ar após a revelação de que continha resenhas falsas de críticos renomados. O uso dessas aspas gerou grande repercussão negativa, com especulações de que as críticas foram geradas por inteligência artificial, o que agravou o desconforto em torno da estratégia promocional.
Para completar, Megalópolis enfrentou outra polêmica relacionada ao comportamento de Francis Ford Coppola no set. O diretor foi acusado de assédio durante as filmagens, com alegações de conduta inadequada em relação a alguns membros da equipe. Paralelamente, Francis sofreu uma grande perda pessoal com a morte de sua esposa em 2022. Eleanor Coppola, que foi uma colaboradora próxima do diretor ao longo de sua carreira, teve uma influência significativa em muitos de seus projetos.
O impacto dessas perdas e controvérsias pareceu se refletir no tom melancólico do filme e na persistência de Coppola em realizar sua visão final, apesar dos desafios. O diretor afirmou que seu objetivo com Megalópolis é desafiar as normas de Hollywood e trazer uma abordagem inovadora.
Em breve, os brasileiros descobrirão se ele conseguiu. Vai conferir o filme nos cinemas? Então já prepara aquele casaquinho, afinal…
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