Abram caminhos para o G.O.A.T.

Exclusivo: ícone do Hip Hop, LL Cool J fala ao TMDQA! sobre seu primeiro álbum em uma década

LL Cool J comenta seu novo disco, "The FORCE", com participações de Nas, Eminem, Busta Rhymes, Rick Ross, Fat Joe, Saweetie, Snoop Dogg e Sona Jobarteh

LL Cool J
Crédito: Divulgação

Ícone do hip-hop, LL Cool J está de volta com seu aguardado novo álbum, The FORCE (acrônimo de Frequencies of Real Creative Energy, ou seja, Frequências de Energia Criativa Verdadeira). Essa não é a primeira sigla impactante da carreira de LL, que simplesmente se denomina o inventor do hoje popular termo G.O.A.T. – abreviação de Greatest of All Time, ou seja, o Maior de Todos os Tempos. 

Os superlativos fazem parte do jogo do rap, mas no caso do astro nova-iorquino, ganham estaturas de outro patamar. Afinal, são quase 1,90m de lirismo, agressividade e puro carisma. O resultado é uma carreira tão longeva quanto impressionante.

Após mais de uma década sem lançamentos musicais (dedicada à sua veia de ator, na série NCIS: Los Angeles), LL retorna com 14 faixas que misturam sua energia clássica com uma abordagem moderna do gênero. Produzido por Q-Tip, do grupo A Tribe Called Quest, o álbum mostra a paixão incansável de LL Cool J pela música, reafirmando seu status como um dos maiores inovadores do hip-hop.

O álbum traz colaborações de peso, como Nas, Eminem, Busta Rhymes, Rick Ross, Fat Joe e Saweetie, e aborda temas relevantes, como injustiça racial e legado. Uma das faixas mais impactantes, “Spirit of Cyrus”, conta com a participação de Snoop Dogg e já se destaca como um dos momentos mais poderosos do disco. Além disso, o single “Murdergram Deux”, com Eminem, é um dos destaques do álbum, mostrando a inventividade de dois dos maiores nomes do rap.

Com The FORCE, LL Cool J reafirma sua relevância no cenário musical atual, provando que a grandeza continua sendo uma marca registrada de sua carreira. A obra reflete tanto a urgência de temas sociais quanto a diversão e a energia que sempre caracterizaram o artista. O lançamento foi coroado com uma performance incensada no MTV Video Music Awards. 

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Na esteira de tudo isso, LL Cool J conversou com o TMDQA! sobre o atual momento na carreira. Confira abaixo!

TMDQA! Entrevista: LL Cool J

TMDQA!: Oi, LL! Tudo bem?

LL Cool J: Estou ótimo. E você?

TMDQA!: Que bom! Estou bem também. É um prazer estar falando com você. Quero ir direto ao ponto. Este novo álbum é muito empolgante. 

LL Cool J: Obrigado!

TMDQA!: Imagina. E acho que ele te traz de volta às suas raízes, ao mesmo tempo que continua avançando, certo? Como você equilibra o seu legado com a necessidade de seguir evoluindo?

LL Cool J: Você tem que amar o que faz. E eu amo o que faço. Eu realmente amo o desafio de criar algo novo, algo inovador, algo criativo. Eu adoro a ideia de criar um som novo ou de enfrentar o desafio de trabalhar um som novo, sabe? E é disso que se trata. Você precisa estar inspirado. É como cozinhar. Se você está realmente inspirado e quer fazer aquilo, você vai fazer da melhor forma possível. Você vai se interessar, vai ser curioso, vai ser determinado e vai se entregar totalmente para conseguir o que quer. E é isso que eu faço.

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TMDQA!: E isso transparece na música. Eu sinto que esse álbum é uma grande celebração. Dá para perceber o quanto você está feliz de fazer música de novo, mas ele também aborda temas mais pesados, como, por exemplo, em Spirit of Cyrus, onde você trata de violência policial e questões raciais. Por que você sentiu que era importante trazer essas histórias para o The Force?

LL Cool J: Eu estava inspirado. O lance da arte é que, muitas vezes, as pessoas — e eu não acho que elas façam isso de propósito, mas elas colocam uma responsabilidade nos artistas. Talvez até seja de propósito, mas sem más intenções. Elas só acham que os artistas devem ter certas responsabilidades. Eu, pessoalmente, acho que, como artista, você tem que fazer o que te inspira. O que quer que te inspire a criar, é isso que você faz. 

E no caso de Spirit of Cyrus, um dia, um cara da polícia me ligou e disse: “Fique em casa, tem um homem à solta e ele se parece muito com você.” Quando perguntei por quê, ele me contou o nome do cara. Eu fui pesquisar, entrei em uma verdadeira jornada na internet, e percebi que o cara realmente parecia muito comigo. Foi louco. Então, continuei lendo e lendo. E eu percebi que as reclamações que ele tinha, enquanto policial, eram reflexos dos mesmos problemas que eu via acontecendo na sociedade. Isso me inspirou, essa história verdadeira me inspirou a escrever uma música a partir da perspectiva dele, e foi assim que surgiu. Essa é a beleza da coisa. Simples assim. Quando estou inspirado, não me seguro. Sem censura.

TMDQA!: Você deixa a música fluir através de você, certo?

LL Cool J: Exato. Deixe fluir, não pense muito. E deixe ir. 

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TMDQA!: E o resultado ficou autêntico e poderoso. Quando falam das participações especiais no álbum, os nomes de Eminem, Nas e Busta Rhymes aparecem, como deveriam. Mas e as mulheres? Quando Saweetie e Sona Jobarteh entram, a energia muda completamente. O que elas trouxeram para o álbum, e por que foi importante ter essas mulheres poderosas em The Force?

LL Cool J: Em Proclivities, eu queria explorar o lado secreto da sexualidade. Queria falar sobre aquele lado consensual e secreto, onde as pessoas gostam de fazer coisas que são fora do convencional e explorar mundos que não são convencionais. Eu queria fazer uma música sobre isso porque é uma parte real da vida, mas é algo de que as pessoas não falam, porque é secreto. 

Sempre gostei da voz da Saweetie, desde que ouvi Best Friend, com a Doja Cat. Sempre achei que ela soava bem naquela faixa em especial. Pensei: “Seria legal fazer algo com ela, se eu encontrar a música certa.” Quando encontrei, ela trabalhou bastante no verso, ajustando, mexendo, e até tem uma versão diferente do verso em alguns discos de vinil especiais. Ela realmente se dedicou e criou um verso muito forte e divertido, que capturou o espírito da música. Nós nos encontramos no meio dessa jornada de explorar as nossas proclividades.

Muita gente não entende o que a palavra “proclividades” significa, especialmente no Brasil. [risos] Basicamente, se você não pode ir a lugares onde há jogos de azar, tipo Las Vegas, porque adora jogar, então você tem uma proclividade para jogos de azar. Se você tem um tio que gosta de beber vodka o dia todo, ele tem uma proclividade para o álcool. Nós exploramos essa sexualidade, essa proclividade, esse desejo de ir além da superfície, e achei que seria uma música interessante. As pessoas estão acostumadas com músicas sobre dança sensual e sexo, mas não estão acostumadas com canções que vão além da superfície. Esta vai além.

TMDQA!: E sobre Black Code Suite, com a Sona?

LL Cool J: Com Black Code Suite, eu queria fazer uma música que fosse uma jornada desde a minha vizinhança, desde a minha porta, até a África. Queria conectar a diáspora africana, as pessoas de descendência africana ao redor do mundo, e fazer o “churrasco negro” mais épico do mundo, onde todos fossem convidados.  E aí vai, “Look at mama, she’s in the kitchen / She’s swingin’ her hips and dippin’ the chicken in flour” (Eu vejo a mãe na cozinha / balançando os quadris enquanto empana o frango), e depois viajo até a Sona.

O que ela trouxe foi aquele instrumento ancestral, a kora, que tem centenas de anos. Ela é a primeira mulher a dominar esse instrumento. Ela compôs a segunda parte da música, que é por isso que chamamos de “suite”. É uma composição que se une como duas partes de uma peça. Quando essa parte da música entra, você é transportado para outra dimensão, entende? Esse é o poder da música. Se eu posso te levar para outro mundo, então estou fazendo meu trabalho como artista.

TMDQA!: Construindo pontes, né?

LL Cool J: Exatamente. Você entendeu.

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TMDQA!: Agora, este álbum parece ser a cereja no topo de uma carreira incrível. Você está no Hall da Fama do Rock, tem Grammys, uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. O que ainda falta realizar?

LL Cool J: Quero mais amor. Por exemplo, você já comeu muitas refeições boas na vida, não é? 

TMDQA!: Com certeza.

LL Cool J: Mas ainda vai continuar comendo, certo? 

TMDQA!: Claro.

LL Cool J: Então, é a mesma coisa. [risos]

TMDQA!: Você ainda está faminto.

LL Cool J: Ainda estou muito faminto. Ainda quero mais. Uma bananeira não para de dar bananas até que esteja esgotada. Enquanto ela continuar florescendo, vai continuar produzindo. E eu quero continuar produzindo frutos até o fim.

TMDQA!: Justo. Olha, eu não estou reclamando…

LL Cool J: Não, não, eu sei. Quer dizer, talvez estivesse reclamando um pouquinho [risos]!

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TMDQA!: Não mesmo! Agora, eu ouvi dizer que você ajudou a popularizar o termo “GOAT”.

LL Cool J: Popularizar? Eu criei! 

TMDQA!: Ah, você criou? Ok!

LL Cool J: É sério.

TMDQA!: Não, eu acredito! É que há duas versões por aí – de que você criou e outra que só se inspirou por Muhammad Ali.

LL Cool J: É, eu me inspirei no Ali, mas a sigla fui eu que inventei. Tirei “Greatest of All Time” de Muhammad Ali e de Earl Manigault, que era um jogador de basquete de rua. Juntei as iniciais e criei o acrônimo GOAT.

TMDQA!: Saquei! Então, podemos fazer uma rodada rápida com suas escolhas de GOATs [os melhores de todos os tempos] em diferentes categorias?

LL Cool J: Claro!

TMDQA!: Melhor álbum de rap?

LL Cool J: The Force! [risos] Mas “G.O.A.T. (Greatest of All Time)” também é o álbum GOAT, porque foi o que popularizou o termo. Quer dizer, não foi uma “rodada relâmpago”, eu realmente pensei em The Force, mas faria sentido ser “G.O.A.T.” por causa disso. Literalmente!

TMDQA!: Faz sentido. Melhor rapper feminina?

LL Cool J: Uau… [longa pausa]

TMDQA!: A primeira que vem em mente.

LL Cool J: Aí que está… Penso logo em [Roxanne] Shante, mas Nicki [Minaj] também conquistou muita coisa. [Queen] Latifah também. Depende da era de que estamos falando. Mas Shante em termos de trabalho de base; e Nicki, porque quando ela surgiu, ela fez algo muito forte também.

TMDQA!: Melhor grupo de rap?

LL Cool J: Run DMC, depois Wu-Tang Clan, Mobb Deep e A Tribe Called Quest. Mas o Run DMC é a base da cultura. Eles podem não ser os mais populares ou relevantes agora, mas são os pilares da cultura hip-hop. Provavelmente tem gente que fala que é o Migos, que é o Wu-Tang, ou o Outkast. Entendo. Mas o Run DMC deu o tom para a cultura hip-hop em um nível que não haveria muita coisa que veio depois sem eles. Mesmo considerando o Grandmaster Flash e tudo o mais. Sei que foi uma resposta enorme!

TMDQA!: Sem problemas! E só pra terminar: a melhor performance de lip-sync?

LL Cool J: Tom Holland, com certeza. Meu mano Homem Aranha. Ele arrasou pulando, fazendo acrobacias na chuva. Ele foi incrível.

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TMDQA!: Com certeza, pra mim também é o que mais vem em mente.

LL Cool J: Ele é o cara.

TMDQA!: Tá certo. Muito obrigado pelo seu tempo, LL! Foi um prazer.

LL Cool J: Te agradeço muito, tudo de bom!

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