TMDQA! Entrevista: Orbit Culture, Knotfest Brasil e a renovação do Metal Moderno

Banda será atração do festival neste sábado (19), que também recebe Slipknot, Mudvayne e mais

Orbit Culture
Divulgação

Talvez você ainda não tenha ouvido falar muitas vezes sobre o Orbit Culture, mas esta banda de Death Metal Melódico tem tudo para conquistar novos fãs ao se apresentar no Knotfest Brasil neste final de semana.

O grupo formado atualmente por Niklas Karlsson (guitarra/vocal), Richard Hansson (guitarra), Fredrik Lennartsson (baixo) e Christopher Wallerstedt (bateria) surgiu em 2013 na pequena cidade de Eksjö, Suécia, e é considerado um dos mais inovadores dos últimos anos.

O Orbit Culture se destaca justamente por apresentar uma fusão equilibrada entre elementos mais pesados e melódicos, incluindo groove e elementos progressivos à fórmula consagrada do Death Metal Melódico.

Continua após o vídeo

Conheça o Orbit Culture

Em 2014, o Orbit Culture lançou seu disco de estreia In Medias Res e, desde então, é possível notar sua evolução musical. O lançamento do álbum Nija, em 2020, foi fundamental para o grupo ser incluído entre as grandes promessas do gênero.

O último trabalho completo lançado pela banda inspirada por grupos como Metallica e Gojira foi Descent, de 2023, e você pode conhecer mais detalhes da banda nesta coluna especial do TMDQA! sobre eles.

Outra forma de mergulhar nesse fenômeno do Metal é através da nossa entrevista exclusiva com o frontman Niklas Karlsson, que nos atendeu com muita simpatia e bom humor diretamente de sua casa na Suécia pouco antes de vir ao Brasil. Confira ao final da matéria!

Continua após o vídeo

Orbit Culture no Knotfest Brasil

Como falamos acima, o Orbit Culture é uma das atrações do Knotfest Brasil, evento comandado pelo Slipknot. Mas esta não é a primeira vez em que o grupo sueco se apresenta com a banda liderada por Corey Taylor.

A banda de Death Metal Melódico tem estado presente como atração de abertura da turnê “Here Comes the Pain”, que celebra os 25 anos do disco de estreia do Slipknot. Além disso, o grupo também fez shows com nomes como Machine Head, provando que está conquistando o respeito dos gigantes da cena.

O Orbit Culture se apresenta pela primeira vez no Brasil neste sábado, 19 de outubro, no mesmo dia em que também sobem aos palcos do evento os grupos Ratos de Porão, Mudvayne, Krisiun, Amon Amarth e muito mais. Você pode conferir a programação completa aqui e garantir ingressos clicando neste link.

TMDQA! Entrevista Niklas Karlsson, do Orbit Culture

TMDQA!: Oi, Niklas! É um prazer estar falando com você hoje. Quando nos ofereceram essa entrevista, fiquei muito feliz porque o Orbit Culture é uma das bandas que mais tenho curtido ouvir nos últimos tempos. Vocês estiveram até na minha coluna, o Radar TMDQA!, como uma das minhas grandes recomendações – sinto que as pessoas precisam conhece-los!

Estou falando isso porque, curiosamente, vocês já têm uma boa história, são 10 anos de banda, mas este parece ser o melhor momento pra vocês até agora. Como vocês estão enxergando isso tudo que tem acontecido recentemente?

Niklas Karlsson: Olha, primeiramente, muito obrigado pelas palavras gentis e me desculpa pelo atraso. Eu fiquei tocando guitarra e perdi a hora! [risos]

Mas, é, esses últimos anos têm sido uma montanha-russa. Minha vida mudou tanto. E mesmo que tenha levado um bom tempo para chegarmos onde estamos hoje, a paixão sempre esteve ali e somos alguns dos que tiveram sorte por finalmente podermos fazer algumas turnês incríveis – algumas como atração principal, e também apoiando bandas que nós crescemos ouvindo.

Eu ainda nem consegui processar tudo isso.

TMDQA!: Pois é, uma das turnês foi justamente com o Slipknot, vi que você tem até uma tatuagem antiga deles e, de repente, está abrindo os shows deles. E agora vai meio que fazer isso de novo no Brasil, tocando no Knotfest. Como está a preparação pra isso?

Niklas: Estou muito empolgado! Porque o Brasil, ou basicamente toda a América do Sul, me passa a impressão de ser um mundo alienígena estando aqui em cima na Suécia, na parte Norte do mundo. Mas finalmente ter a chance de ir até aí e tocar… seria legal simplesmente fazer um show normal, mas ainda poder fazer isso sob o manto do Knotfest, é uma loucura.

Nosso voo sai mais ou menos nesse horário na semana que vem [em relação à data da entrevista] e, sei lá, vai ser muito doido. Eu ainda não processei isso também. [risos]

TMDQA!: Olha, eu pessoalmente te garanto que vai ser muito doido. [risos] Falando um pouco mais sobre isso de abrir para o Slipknot, e não só para eles mas também para outras grandes bandas como o Machine Head, eu queria entender o que isso significa pra vocês. É uma sensação de ter ganho o respeito dessas bandas?

Niklas: Sabe, é surreal. Eu de verdade… desculpas pelas respostas ruins, mas eu nem sei descrever. [risos] Claro, tanto os públicos, os fãs, quanto as bandas em si muitas vezes não têm ideia de quem nós somos, mas é sempre muito legal ver que eles ficam felizes conosco. E eles percebem que nós tentamos fazer o melhor show possível toda noite, e isso te faz ganhar um certo respeito, porque eles estão nas mesmas trincheiras que nós.

Então, quando você sobe ali no palco, você tem, sei lá, 40 minutos de tempo para mostrar tudo que você tem. E quando você sabe que tem membros de bandas como Machine Head e Slipknot assistindo a alguns pedaços aqui e ali, também te incendeia ainda mais. Tem uma certa pressão, é claro, mas no fim das contas é só uma experiência incrível.

TMDQA!: Falando de forma mais geral, eu cresci ouvindo Metal e sempre achei péssimo o discurso de que o gênero estava morrendo ou qualquer coisa do tipo. Mas, nos últimos anos, tenho percebido que a cena vive um dos seus melhores momentos, e bandas como o Orbit Culture são grande parte disso por renovar a energia desse gênero. Queria te perguntar como você enxerga a cena atual do Metal, até por conta das bandas mais antigas dando oportunidades pra pessoas como vocês, mantendo esse ciclo vivo.

Niklas: Eu acho que está incrível! Obviamente, [as bandas mais velhas] estão ficando cada vez mais velhas, e isso poderia fazer com que eles fossem babacas, mas não são. Eles são pessoas muito boas e estão tentando passar a tocha à frente para bandas mais jovens, o que é incrível pra caralho, porque você poderia ser uma daquelas grandes bandas que não dá a mínima para quem você leva ao palco.

Mas eu acho que muito desses caras, sabe, eles são metaleiros de alma. Então, é aquilo, não é porque eles conseguiram alcançar um sucesso que essa paixão ou curiosidade pelo Metal desaparece. Eles ainda estão procurando por bandas famintas e por músicas novas, e isso é legal pra cacete.

TMDQA!: E aí você também tem festivais como o Knotfest, que acho que ajudam muito a manter a comunidade viva. Na primeira edição, foi muito legal ver como o público tinha pessoas de todas as idades.

Niklas: Eu fico feliz de ouvir isso! Porque aqui na Suécia, especialmente ali por volta de 2000 e… 2007, eu diria, até 2015, 2016, teve um declínio muito grande. As pessoas não iam a shows nem nada do tipo. Eu acho que foi culpa da onda de música eletrônica, junto com algumas outras coisas.

Mas eu também me surpreendi porque nós saímos em uma turnê por arenas menores aqui na Suécia com o Meshuggah no ano passado, e tinha gente fazendo umas filas do cacete pra ver todas as bandas! Isso é algo muito raro aqui na Suécia. Então, também vejo uma espécie de mudança pra melhor por aqui.

TMDQA!: E é tão legal ter esse espaço para festivais dedicados à música pesada, né? Acho que vamos fazer jus à sua expectativa!

Niklas: Eu vi alguns dos números de vendas de ingressos e acho que vai ser bem bonito! E, na verdade, eu assisti a um documentário do Rammstein recentemente que mostra a primeira vinda deles à América do Sul e foi bem interessante. Um pouco assustador, mas também muito empolgante! [risos]

TMDQA!: Queria falar um pouco também sobre a Suécia, porque é um país que tem uma cena de Metal tão forte. Vi que você está usando uma camiseta do In Flames, e assim, a gente aqui no Brasil também tem uma cena pesada muito forte, com Sepultura e tantos outros, e é claro que somos muito influenciados por essas bandas. Queria saber de você como é por aí, como foi crescer nesse país que é tão ligado ao Metal. Te dá uma certa sensação de “se esses caras conseguiram, eu também consigo”?

Niklas: Sim, com certeza! Pessoalmente, na verdade, eu fiz o caminho inverso. Eu acho que no começo eu peguei muito mais inspirações de bandas americanas, como o Metallica, toda a cena ali da Bay Area. Então, é engraçado… na minha cabeça, In Flames e At the Gates eram meio que… maiores? Acho que maiores não é a palavra, mas é tipo, meu gosto musical ainda não estava ali. Elas pareciam distantes pra mim.

Com o tempo, conforme eu fui entendendo mais os vocais gritados, os guturais e tudo mais, foi aí que tudo fez sentido. Tipo, puta merda, nós temos todas essas bandas fodas pra cacete aqui e eu ainda estou ouvindo bandas dos anos 80 dos EUA! [risos] Então, essa exploração veio meio que numa fase mais tardia da minha vida, mas ver como eles são reverenciados e respeitados ao redor do mundo é algo incrível, me faz ter muito orgulho de ser sueco.

TMDQA!: É, vocês basicamente criaram uma cena própria com o Death Metal Melódico, né? Olha, estamos quase sem tempo, então queria fechar com uma pergunta tradicional aqui no site: me conta quais discos foram e são seus melhores amigos?

Niklas: Olha, mudo muito, mas os que estão sempre… Obviamente …And Justice for All, do Metallica. The Way of All Flesh, do Gojira; uma banda bem obscura e desconhecida chamada Crooked X, o disco autointitulado deles. Eles só fizeram um disco mas é incrível, simplesmente jovens fazendo a própria coisa. Acho que Wisconsin Death Trip, do Static-X. E Evangelion, do Behemoth, que também é muito importante para o meu som.

TMDQA!: Que legal! Escolhas excelentes. Niklas, muito obrigado pelo seu tempo e nos vemos no sábado!

Niklas: Nos vemos! Obrigado e desculpa novamente pelo atraso. [risos]