Só sucesso

Mestres da Produção: Hitmaker fala sobre o segredo por trás dos maiores hits do Brasil

Hitmaker conta como sua experiência tocando em barzinhos influenciou sua produção, fala sobre as colaborações com Anitta e Lexa, e destaca a importância de estar sempre atualizado no mundo da música

Hitmaker
Crédito: Divulgação

Com mais de 4 bilhões de streams, Wallace Vianna, o Hitmaker, consolidou seu nome como um dos maiores produtores da música brasileira. Responsável por hits como “Beijinho no Ombro” e “Combatchy”, ele continua a dominar as paradas com lançamentos recentes como “Reverse” de Ana Castela e “Mania de Você”, uma colaboração com Anitta que reinterpreta o clássico de Rita Lee. A capacidade de transitar entre diferentes gêneros, como funk, pagode e pop, é uma marca registrada de seu trabalho.

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Wallace iniciou sua carreira tocando em barzinhos. Difícil acreditar que alguns anos depois ele estaria no Palco Mundo do Rock in Rio 2024 ao lado de Akon, onde mostrou sua versatilidade ao transitar entre gêneros e se conectar com o público global.

Em uma entrevista exclusiva ao Tenho Mais Discos Que Amigos! para a série Mestres da Produção, Hitmaker compartilha detalhes de como seu processo criativo é fortemente influenciado por essa mistura de estilos musicais.

Ele revela que capturar a essência única de cada artista é fundamental para criar músicas que dialoguem profundamente com o público. Colaborações com grandes nomes como Anitta, Lexa e Ludmilla exigem mais do que técnica — é necessário um olhar sensível para traduzir a identidade musical de cada um em faixas autênticas.

Além disso, Wallace fala sobre a importância de se manter sempre atualizado em um mercado em constante evolução. Acompanhando novas tendências e adotando tecnologias emergentes, ele destaca que o segredo de um verdadeiro hit não está apenas nos números, mas em colocar o coração em cada projeto. Para Hitmaker, a verdadeira mágica acontece quando a música carrega uma mensagem real e se conecta com a alma do público.

Confira tudo na entrevista logo abaixo!

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TMDQA! Entrevista: Hitmaker

TMDQA!: Você começou sua trajetória tocando em barzinhos e rapidamente ascendeu à criação de hits nacionais. Como essa experiência inicial moldou sua abordagem à produção musical?

Hitmaker: Eu acredito que tocar na noite faz com que a gente evolua muito musicalmente, porque a gente acaba sendo obrigado a ouvir de tudo um pouco, e a tentar agradar diversos públicos diferentes, em lugares diferentes, de classes sociais, localidades. O Brasil é um país muito rico musicalmente, então quando você toca na noite, ainda mais você viajar tocando, você acaba absorvendo muito da nossa cultura. Então eu acredito que isso foi um fator muito importante para mim, para eu poder entender ritmos diferentes, estilos musicais diferentes, na hora de eu produzir uma música.

TMDQA!: Você é responsável por sucessos que misturam funk, pagode e outros gêneros. Trabalhar com estilos musicais diferentes muda a forma de desenvolver uma canção?

Hitmaker: Muda totalmente porque você acaba pensando um pouco mais fora da caixa, você acaba pensando em como misturar estilos musicais diferentes, você absorve culturas de lugares diferentes, às vezes, por exemplo, você pode misturar o ritmo de uma região com a forma de escrever, com a lírica de um outro segmento e isso acaba fazendo com que a música crie novas tendências, a gente traz nova musicalidade, enfim, elementos diferentes que antes não estavam sendo criados. Então eu acredito que ajude bastante sim.

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TMDQA!: Quando você colabora com artistas como Anitta, Ludmilla e Lexa, como você desenvolve o processo criativo em conjunto? Há algo específico que você busca extrair de cada artista?

Hitmaker: Eu acredito que cada artista é singular, ele tem a sua essência, ele tem a sua história, ele tem a sua musicalidade, ele tem a sua vivência. Então eu tento sempre extrair de forma única o que ele gosta, o que ele é, o que ele acredita para a musicalidade de cada um. Então, sim, cada projeto é direcionado para um artista especificamente, fazendo junto dele ou não. E o mais importante é a gente conseguir extrair a verdade e a história dele, o que ele tem pra dizer pro mundo.

TMDQA!: Produções como “Combatchy” e “Nu” alcançaram muitos milhões de streams. Como você se adapta às novas tendências e plataformas digitais para manter sua música sempre relevante?

Hitmaker: Eu estou sempre estudando, ouvindo muito tudo que está tocando, não só o que está no top dos streams, mas também dos novos artistas, o que eles estão fazendo. Eu saio bastante, eu pesquiso e faço com o coração, sabe? Tento sempre extrair não só o melhor do artista, mas o meu melhor e acredito que o Papai do céu acaba abençoando mediante os esforços. Quando a gente faz com o coração, sempre acaba dando certo.

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TMDQA!: Você tem a sua própria assinatura, o “HI-T-MA-KER” característico que aparece nas suas produções. Isso faz parte da estética do funk e outros gêneros, mas também serve de cartão de visitas, de impor uma identidade. Por que é importante pra você manter essa assinatura, mesmo depois de se estabelecer no mercado?

Hitmaker: Eu acredito que quando comecei a assinar, eu não conhecia outro produtor, ou alguma outra pessoa que assinasse as suas músicas constantemente como eu faço. E aí acabou até virando uma certa moda, outras produtoras foram fazendo isso, artistas foram fazendo isso, mas não é uma questão de autoafirmação, é uma questão de assinatura mesmo. Mas tem um ponto importante que muitas pessoas não sabem, que na verdade também foi uma homenagem para minha filha, a vozinha que eu uso como Hitmaker é a voz da minha filha. E eu queria que no futuro ela visse o quanto o pai dela se dedicou fazendo o que ele amava todos os dias.

TMDQA!: As mudanças tecnológicas no mundo da música estão vindo em velocidade galopante. Qual a importância de entender as novas técnicas e ferramentas para um produtor? Até que ponto isso muda as funções da profissão?

Hitmaker: Eu acredito que não seja nenhuma obrigatoriedade profissional, sabe, sobre a função de produtor musical. Eu acho que isso daí vale para todas as profissões e vai até além. Na verdade, eu acredito que seja uma questão social. A gente precisa estar sempre se atualizando, porque a sociedade está em constante mudança e sempre vai estar. A gente está sempre buscando evolução, sempre buscando mais. Então, a tecnologia, ela está aí para nos ajudar a facilitar, a tornar real e mais rápido, mais prático coisas que antigamente a gente gastava mais tempo. Obviamente, hoje em dia acaba até assustando um pouco pela velocidade da evolução e das informações que a gente tem, mas a gente precisa estudar, né? Enfim, está sempre se atualizando e vai ser para sempre isso. A gente nunca vai parar de estudar.

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TMDQA!: Quando você está desenvolvendo um hit, quais aspectos dele te ajudam a prever, antes mesmo do lançamento, o que vai ser sucesso?

Hitmaker: Eu especificamente tenho uma sensibilidade que todo mundo que me acompanha mais intimamente trabalha comigo, vive comigo, eu tenho uma sensibilidade. Toda vez que eu escuto uma música que eu acredito muito, eu fico com o braço totalmente arrepiado, não importa o gênero musical que seja, pode ser uma música romântica ou um funk, sabe, bem dançante. Isso é a primeira coisa que eu sinto, mas independente disso, eu sempre falo que eu faço potenciais hits, porque na verdade a gente depende de muitos fatores, inclusive de Deus, porque a gente precisa quase que de um alinhamento dos planetas para uma música ser sucesso. 

Ela precisa ser uma boa composição, ter uma boa produção musical, um bom intérprete, uma atenção quanto a investimento, porque a gente não pode só contar com a sorte de algo acontecer. Ajuda, mas ela não pode ser decisiva na nossa vida, no nosso trabalho. E com isso, o fator principal é o acreditar no som, todo mundo tem que botar sua energia naquela música dali, estar acreditando para a música acontecer. Então, os trabalhos que eu faço, eu acredito muito, faço todos com muito carinho desejando que Papai do céu abençoe cada um.

TMDQA!: Na sua opinião, quais os maiores equívocos ou percepções errôneas que as pessoas têm da profissão do produtor musical?

Hitmaker: Na verdade, se tratando do Brasil especificamente, eu sinto que o Brasil ainda não entendeu ao certo qual é a função, o papel, o que faz o produtor musical. Infelizmente, a informação aqui ainda não tá pra todos, né? Quando a gente acha que todos têm acesso à informação, infelizmente, ainda não são todos. Ou não foi feito de forma clara ainda, que é o que eu tento fazer com meu trabalho. 

Mas se a gente parar para analisar, o povo acaba achando ainda que quem fez a música foi só o artista que tá cantando. Às vezes ele era apenas o intérprete, o compositor foi outra pessoa, o produtor musical foi outra pessoa, o músico foi outra pessoa. São muitas pessoas envolvidas num trabalho, sabe, para ele poder chegar ao resultado final e chegar na prateleira para o público tá ouvindo aquele trabalho. 

Então, eu acredito que hoje, na verdade, não seja nem um equívoco. É a falta de informação, né? Falta ainda um pouco. Essa percepção de o que o produtor musical faz, de quase que um administrador de todas as áreas, todas as pontas da música, entre o compositor, o cantor, o arranjador, o músico. Às vezes ele mesmo faz todas essas funções, mas mesmo assim eu sinto que ainda não entenderam qual é o real trabalho.

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TMDQA!: O produtor atual tem uma mão mais ativa no desenvolvimento de um sucesso, tanto que muitos têm o mesmo status dos cantores, na capa e nos clipes. O que torna um bom produtor hoje em dia?

Hitmaker: Eu acredito que o que torna um bom produtor musical é aquela pessoa que ama o que faz, respira a música 24 horas, está sempre buscando informação, está sempre ouvindo mais do que falando, porque a gente precisa ouvir a nova geração, o que está acontecendo diariamente na rua, na internet, o que os novos artistas estão trazendo, os novos compositores estão fazendo, a gente tem que estar sempre com o ouvido muito aberto para o que está acontecendo. 

E além disso, conforme eu falo constantemente, é fazer a coisa que você ama, sabe? Nunca pensando na grana, do que isso pode gerar, primeiramente você tem que fazer por amor, você tem que ser quase obcecado pela música, porque eu acordo ouvindo música, eu dirijo ouvindo música, eu vou para a academia ouvindo música, eu venho para o trabalho, eu faço música e durmo ouvindo música. Então, é uma coisa que já faz parte de mim, né? 

Eu falo que tudo é música e música é tudo, então, essa frase já diz muito na minha vida, é como base para ser um muito bom produtor. E o seu gosto, né? Eu acredito que o seu gosto ele tem que cair no gosto do povo. Você tem que entender do povo para o povo estar gostando e se identificando com o seu trabalho.

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