Na virada dos anos 1950 para 1960, James Brown era conhecido apenas como um dos caras mais trabalhadores e persistentes do mercado musical. Ele estava prestes a ser demitido por sua gravadora, a King Records, depois de anos de singles fracassados.
Como última tacada, ele decidiu abrir as fronteiras do R&B e trouxe ritmos mais groovados e complexos, com influência do Jazz latino, do Funk americano e do Rock N’ Roll britânico.
Foi com essa fórmula que a música “Try Me” finalmente garantiu a Brown um nº1 nas paradas norte-americanas, abrindo as porteiras para que outras músicas suas como “I’ll Go Crazy”, “Think” e “Night Train” encontrassem uma base fiel de fãs.
Mas o grande trunfo do cantor nascido na Carolina do Sul, que estava na casa dos 25 anos, eram as apresentações ao vivo. E ele só se tornaria mesmo James Brown, o Rei do Soul, depois de uma performance histórica na casa de shows The Apollo, em Nova Iorque.
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James Brown bancou o show do próprio bolso
Mesmo com alguns hits nas paradas, Brown ainda sofria com a desconfiança de sua gravadora, e por isso decidiu apostar em si mesmo. Ele bancou do próprio bolso a gravação de um show que faria no The Apollo em 24 de outubro de 1962.
A King Records acreditava que não fazia sentido lançar um álbum ao vivo sem canções inéditas, o que de fato não era muito rentável no mercado fonográfico da época.
Mas James Brown confiou na energia de suas performances, que eram repletas de dança, improviso e conexão com o público como nenhum outro artista fazia naquele início da década de 1960.
A gravadora finalmente decidiu lançar o disco em maio de 1963, e aquela que era a primeira gravação de um show de Brown se tornaria um sucesso de vendas, cimentando o seu status de lenda do R&B.
Aposta de James Brown rendeu título de Rei do Soul
O álbum James Brown Live at the Apollo tem apenas oito faixas em pouco menos de 30 minutos, mas o registro vai muito além da música. Ao lado do grupo vocal The Famous Flames, o Rei do Soul hipnotizou o público com sua habilidade inigualável para transformar o R&B num Soul visceral, e depois em Funk puro.
Além dos vocalistas Bobby Byrd, Bobby Bennett e Lloyd Stallworth, a banda de Brown naquela noite também contava com os lendários trombonista e saxofonista Dickie Wells e St. Clair Pinckney.
Além dos singles de sucesso que já citamos acima, ele incluiu no repertório o hit “I Don’t Mind” e um medley espetacular com “Please, Please, Please”, “You’ve Got the Power”, “I Found Someone” e mais.
O álbum ao vivo chegou à segunda posição da Billboard e passou incríveis 66 semanas na parada Top Pop. As rádios de todos os Estados Unidos tocavam o show na íntegra, e as lojas de discos tiveram problemas para manter as prateleiras abastecidas.
A influência do Live at the Apollo, de James Brown
A popularidade do disco atravessou gerações e influenciou milhares de músicos pelo mundo. Por exemplo, outro álbum ao vivo totalmente revolucionário, o Kick Out the Jams (1969) do MC5, só existiu por causa de James Brown.
Wayne Kramer, guitarrista da banda Punk, disse que ele e os colegas ouviam o Live at the Apollo sem parar enquanto usavam drogas psicoativas.
Gigantes do Rock como Mick Jagger (Rolling Stones), David Byrne (Talking Heads) e David Bowie também citaram o show de Brown como inspiração para suas performances no palco, e grupos de Hip Hop como Public Enemy, Run-D.M.C. e Beastie Boys samplearam músicas do Rei do Soul à exaustão.
James Brown voltaria a gravar apresentações suas no The Apollo: o Volume II saiu em 1968, o Volume III em 1971 e ainda rolou uma quarta edição anos depois, em 1995 – veja vídeos dessas apresentações clicando nos links correspondentes.
Infelizmente não há vídeos disponíveis na internet do show original de 1963, apenas o álbum em áudio, que você pode ouvir na íntegra no player abaixo. Simplesmente histórico!
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