Apresentação histórica aconteceu há 62 anos

Conheça os bastidores do "Live at the Apollo" de James Brown, um dos maiores shows gravados de todos os tempos

"Rei do Soul" bancou gravação do próprio bolso em 1962, quando estava prestes a ser demitido pela gravadora, e acabou influenciando gigantes do Rock e do Hip Hop

Conheça os bastidores do "Live at the Apollo" de James Brown, um dos maiores shows gravados de todos os tempos
Imagens: Divulgação

Na virada dos anos 1950 para 1960, James Brown era conhecido apenas como um dos caras mais trabalhadores e persistentes do mercado musical. Ele estava prestes a ser demitido por sua gravadora, a King Records, depois de anos de singles fracassados.

Como última tacada, ele decidiu abrir as fronteiras do R&B e trouxe ritmos mais groovados e complexos, com influência do Jazz latino, do Funk americano e do Rock N’ Roll britânico.

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Foi com essa fórmula que a música “Try Me” finalmente garantiu a Brown um nº1 nas paradas norte-americanas, abrindo as porteiras para que outras músicas suas como “I’ll Go Crazy”, “Think” e “Night Train” encontrassem uma base fiel de fãs.

Mas o grande trunfo do cantor nascido na Carolina do Sul, que estava na casa dos 25 anos, eram as apresentações ao vivo. E ele só se tornaria mesmo James Brown, o Rei do Soul, depois de uma performance histórica na casa de shows The Apollo, em Nova Iorque.

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James Brown bancou o show do próprio bolso

Mesmo com alguns hits nas paradas, Brown ainda sofria com a desconfiança de sua gravadora, e por isso decidiu apostar em si mesmo. Ele bancou do próprio bolso a gravação de um show que faria no The Apollo em 24 de outubro de 1962.

A King Records acreditava que não fazia sentido lançar um álbum ao vivo sem canções inéditas, o que de fato não era muito rentável no mercado fonográfico da época.

Mas James Brown confiou na energia de suas performances, que eram repletas de dança, improviso e conexão com o público como nenhum outro artista fazia naquele início da década de 1960.

A gravadora finalmente decidiu lançar o disco em maio de 1963, e aquela que era a primeira gravação de um show de Brown se tornaria um sucesso de vendas, cimentando o seu status de lenda do R&B.

Aposta de James Brown rendeu título de Rei do Soul

O álbum James Brown Live at the Apollo tem apenas oito faixas em pouco menos de 30 minutos, mas o registro vai muito além da música. Ao lado do grupo vocal The Famous Flames, o Rei do Soul hipnotizou o público com sua habilidade inigualável para transformar o R&B num Soul visceral, e depois em Funk puro.

Além dos vocalistas Bobby Byrd, Bobby Bennett e Lloyd Stallworth, a banda de Brown naquela noite também contava com os lendários trombonista e saxofonista Dickie Wells e St. Clair Pinckney.

Além dos singles de sucesso que já citamos acima, ele incluiu no repertório o hit “I Don’t Mind” e um medley espetacular com “Please, Please, Please”, “You’ve Got the Power”, “I Found Someone” e mais.

O álbum ao vivo chegou à segunda posição da Billboard e passou incríveis 66 semanas na parada Top Pop. As rádios de todos os Estados Unidos tocavam o show na íntegra, e as lojas de discos tiveram problemas para manter as prateleiras abastecidas.

A influência do Live at the Apollo, de James Brown

A popularidade do disco atravessou gerações e influenciou milhares de músicos pelo mundo. Por exemplo, outro álbum ao vivo totalmente revolucionário, o Kick Out the Jams (1969) do MC5, só existiu por causa de James Brown.

Wayne Kramer, guitarrista da banda Punk, disse que ele e os colegas ouviam o Live at the Apollo sem parar enquanto usavam drogas psicoativas.

Gigantes do Rock como Mick Jagger (Rolling Stones), David Byrne (Talking Heads) e David Bowie também citaram o show de Brown como inspiração para suas performances no palco, e grupos de Hip Hop como Public Enemy, Run-D.M.C. e Beastie Boys samplearam músicas do Rei do Soul à exaustão.

James Brown voltaria a gravar apresentações suas no The Apollo: o Volume II saiu em 1968, o Volume III em 1971 e ainda rolou uma quarta edição anos depois, em 1995 – veja vídeos dessas apresentações clicando nos links correspondentes.

Infelizmente não há vídeos disponíveis na internet do show original de 1963, apenas o álbum em áudio, que você pode ouvir na íntegra no player abaixo. Simplesmente histórico!

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