Só quem viveu sabe: quando se fala em como uma série pode impactar o gosto musical de uma geração, The O.C. é um exemplo que não pode ser ignorado.
Exibida entre 2003 e 2007, a série contava histórias de adolescentes ricos e seus dramas em Orange County e tinha uma trilha sonora que mudou a maneira como muitas pessoas descobriram novas bandas. Mais do que um detalhe secundário, a música era um personagem à parte, graças à curadoria precisa de Alexandra Patsavas e à visão de Josh Schwartz, criador da série.
A presença de músicas cuidadosamente escolhidas ajudou The O.C. a se destacar de outros programas da época. O personagem Seth Cohen, interpretado por Adam Brody, era um verdadeiro fã de indie, e suas referências fizeram o público querer saber mais sobre aquelas bandas desconhecidas que apareciam nas cenas. Isso, combinado com a crescente troca de arquivos pela internet, criou um fenômeno: artistas ganhavam popularidade rapidamente após suas músicas serem tocadas na série.
Muitas dessas bandas voltaram à tona recentemente, graças a um novo fenômeno. A série Ninguém Quer, da Netflix, traz Adam Brody como um dos protagonistas, o que deixou toda uma geração que cresceu com The O.C. nostálgica dos dias de ouro no Bait Shop – a combinação perfeita de boa programação musical com tretas adolescentes.
Bait Shop: o palco mais poderoso de Orange County
A segunda temporada de The O.C. introduziu o Bait Shop, um clube fictício que trouxe apresentações ao vivo para dentro da série. Ali, bandas como The Killers, Death Cab for Cutie, The Subways, The Thrills e Modest Mouse se apresentaram e viram suas músicas ganharem um alcance inédito. Para muitos grupos, estar em The O.C. significava um salto na carreira, mesmo para aqueles que já eram conhecidos.
Artistas como Jem, com “Just a Ride”, e The Dandy Warhols, com “We Used to Be Friends” (esta última também eternizada na abertura de Veronica Mars) tiveram músicas que ficaram para sempre associadas ao universo da série. A transmissão dessas canções pela TV e a troca rápida de arquivos pela internet ajudaram a espalhar a música, levando as bandas a novos públicos. Afinal, bastava digitar “the oc soundtrack” na barra de busca do eMule ou Kazaa para se surpreender com ótimas opções para ouvir. E ainda dava para baixar uma skin do Winamp para combinar!
O mix da série, hoje disponível nas plataformas de streaming, traz no primeiro volume algumas pérolas menos óbvias para fãs atuais, como Alexi Murdoch e Doves. Já o segundo conta com nomes mais conhecidos, como Interpol, Death Cab, Keane, Super Furry Animals e outros. A série reconheceu o mérito de cada um desses artistas, muitos dos quais já tinham relevância própria, mas se beneficiaram da visibilidade extra proporcionada pelo programa.
5 bandas que se tornaram mais famosas graças a The O.C.
Death Cab for Cutie
Com várias músicas integradas a momentos marcantes da série, a banda se destacou como a preferida de Seth Cohen. Canções como “A Lack of Color” e a performance no Bait Shop impulsionaram sua popularidade numa fase em que o Death Cab se distanciava das suas origens emo. Esse foi um dos marcos que ajudou a transformar a banda em um ícone da cena indie da época.
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The Killers
Quando apareceram em The O.C., os Killers estavam em ascensão com o álbum Hot Fuss. A inclusão de músicas como “Mr. Brightside” na série foi um empurrão para a banda se tornar uma das maiores do cenário internacional. O momento foi estratégico, com a banda emplacando também “Smile Like You Mean It” na trilha.
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Rooney
O Rooney foi a primeira a tocar no Bait Shop, e essa aparição aumentou significativamente as vendas do álbum da banda. Embora já fossem conhecidos em Los Angeles, sua performance em The O.C. garantiu a exposição nacional e internacional que faltava para consolidar seu nome entre os jovens da época.
Isso porque o Rooney era um representante da cena real local, que contava com outros nomes – como Rilo Kiley, a saudosa banda de Jenny Lewis, e Something Corporate, que misturava pop-punk e piano rock.
Além disso, a ligação com o audiovisual fazia sentido, já que o vocalista Robert Schwartzman também é ator – irmão de Jason Schwartzman e que marcou gerações com seu papel em O Diário da Princesa. O Rooney continua na ativa, levando aos shows os mesmos fãs de 20 anos atrás.
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Modest Mouse
O Modest Mouse já tinha uma base de fãs sólida antes de aparecer em The O.C., mas a inclusão da música “Float On” na trilha sonora da série ajudou a expandir sua popularidade – tanto que atualmente é a faixa mais ouvida do grupo no Spotify.
A performance no Bait Shop e a visibilidade que a série proporcionou permitiram que a banda alcançasse um público ainda maior, impulsionando o sucesso do álbum Good News for People Who Love Bad News e garantindo uma posição duradoura no cenário do rock alternativo. Este ano, o disco completa duas décadas e tem lugar especial na discografia do Modest Mouse.
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Phantom Planet
A faixa “California” não só se tornou a abertura icônica de The O.C., mas também solidificou a identidade da série. A banda, que já tinha notoriedade na cena indie, viu seu alcance aumentar muito. O que acaba passando despercebido é que o ator Jason Schwartzman era o baterista e um dos compositores da formação original!
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Porém, logo ele decidiu sair para se dedicar à carreira no cinema e TV. Àquela época, Jason já tinha estrelado o filme Três é Demais (1998), de Wes Anderson, abrindo as portas para uma das suas colaborações mais frequentes no cinema. Para completar, Schwartzman poderia sempre contar com a ajuda de seus familiares famosos: além do irmão vocalista do Rooney, ele tem a mãe Talia Shire (O Poderoso Chefão), o tio Francis Ford Coppola, a prima Sofia Coppola e ainda o primo Nicolas Cage.
A carreira de Schwartzman na música ainda teve uma sobrevida: seu projeto solo Coconut Records, que teve dois álbuns com boa repercussão em 2007 e 2009, e a trilha sonora do filme Goats, de 2012. E ainda compôs o tema da série Bored to Death, que ele estrelava na HBO.
Dá para notar como The O.C. foi um trampolim para muitas bandas e o retrato de uma era do indie rock que ganhava nova notoriedade. O momento de transição dos formatos físicos para os digitais de música ajudaram a mudar o jogo para sempre. Não é à toa que é possível dar play nas canções mais marcantes e ser levado por uma viagem no túnel do tempo – “Califórnia, lá vamos nós…”
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