Entenda o que mudou no mercado de eventos

Três anos depois da tragédia no festival de Travis Scott, os shows estão mais seguros para o público?

Depois do Astroworld 2021, governos, festivais e artistas adotaram medidas para garantir o bem-estar dos fãs, mas será que foi suficiente?

Travis Scott em Moscou, 2014
Foto de Travis Scott via Shutterstock

Era para ser o grande retorno do Astroworld em 2021, depois de quase dois anos sem shows por causa da pandemia de COVID-19, mas aquela edição do festival organizado pelo rapper Travis Scott em Houston seria a última.

Há quase exatos três anos, o evento terminou na maior tragédia deste século em festivais de música, com dez pessoas mortas por asfixia ou pisoteadas, 25 hospitalizados e cerca de 300 feridos.

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Na história do Rock, existem outros episódios tristes assim, como o incidente com o Pearl Jam no festival de Roskilde em 2000, que terminou com nove mortos. Recentemente vimos isso de perto aqui no Brasil, quando uma fã de Taylor Swift faleceu no Rio de Janeiro por causa do calor.

Mas o caso de Travis Scott levantou um debate global sobre a segurança em grandes eventos no pós-pandemia, e neste artigo vamos te contar quais medidas foram tomadas de lá para cá para garantir o bem-estar do público.

Investigação não deu em nada, mas governo do Texas adotou medidas

Segundo um levantamento da revista britânica DJ Magazine, só entre 1999 e 2021 foram registrados mais de 65 incidentes fatais em multidões pelo mundo e aproximadamente 20% deles aconteceram em shows de música.

No caso do Astroworld, Travis Scott foi fortemente criticado por não ter parado sua apresentação mesmo diante do alerta dos fãs. Quando o rapper subiu no palco, já havia gente morta na plateia, e mesmo assim o evento seguiu.

Houve uma grande investigação, e a polícia de Houston elaborou um relatório com quase 1,3 mil páginas com depoimentos de trabalhadores do festival e até do rapper Drake, que também tinha se apresentado no festival.

Como a legislação não é clara sobre quem é o responsável em casos assim, não houve indiciamento por homicídio ou negligência criminal, mas Scott enfrentou (e ainda enfrenta) mais de 500 processos civis pela tragédia.

Paul Wertheimer, um especialista em gestão de multidões ouvido pelo jornal USA Today, disse que, para mudar as regras envolvendo a superlotação em festivais, será preciso enfrentar os interesses da indústria:

“A superlotação é como o ‘pecado original’ do entretenimento ao vivo, é a ‘vaca leiteira’ dos festivais. Nada muda porque essa indústria não está interessada em mudar. As pessoas estão fazendo muito dinheiro com eventos ao vivo, e por isso negligenciam a discussão sobre a segurança do público”.

Continua após o vídeo

O que Travis Scott fez a respeito?

Após o desastre, Travis Scott lançou o projeto HEAL, que destinou US$5 milhões para a adoção de medidas de segurança em festivais norte-americanos. O rapper ainda organizou reuniões de planejamento entre o Comitê de Prefeitos dos EUA e representantes do mercado de eventos ao vivo.

Já o Governo do Texas criou um “centro de comando” para grandes eventos, com agentes autorizados a interromperem um show em tempo real sempre que houver preocupações com a segurança dos fãs.

Depois de um período isolado, Scott lançou um novo álbum chamado Utopia em 2023. Embora não falem diretamente sobre a tragédia do Astroworld, as letras do disco abordam temas como redenção e resiliência, especialmente nas faixas “Meltdown” e “Thank God”.

Festivais e artistas estão mais atentos à segurança dos fãs

Alguns festivais também tomaram suas próprias medidas contra a superlotação, caso do Electric Daisy Carnival, principal evento de música eletrônica dos EUA, que criou um acampamento próximo dos palcos para diluir a chegada do público.

O festival T In The Park seguiu a linha do “autocuidado” com a iniciativa Citizen T, em que encoraja os fãs a adotarem medidas sustentáveis e de respeito com o próximo.

Mas a principal mudança desde o Astroworld partiu mesmo dos artistas, que passaram a interromper seus shows ao primeiro sinal de perigo. Especialistas passaram a se referir aos músicos como “autoridades máximas” para pausar uma apresentação.

De 2021 pra cá, isso já aconteceu com nomes como Billie Eilish, John Mayer, Adele e Harry Styles. No Lollapalooza Argentina, a cantora Doja Cat chegou a abandonar o palco para que os médicos pudessem atender um fã que estava passando mal.

Mesmo assim, ainda faltam medidas efetivas como um programa rigoroso de treinamento para seguranças e enfermeiros em grandes eventos, um monitoramento externo dos festivais e, claro, o fim da prática selvagem de vender mais ingressos do que um espaço pode comportar.

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