O elogiado filme brasileiro Ainda Estou Aqui, um dos mais comentados do cenário nacional nos últimos tempos, gerou uma série de debates nas redes sociais abordando o duro período da ditadura militar.
A obra dirigida por Walter Salles retrata a história verídica de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, que teve sua vida devastada após o desaparecimento do marido, o engenheiro civil e ex-deputado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello. Rubens foi levado pelos órgãos de repressão na ditadura militar e sua ausência marcou a história da família Paiva, com Eunice buscando respostas e justiça por décadas.
Recentemente, uma internauta compartilhou em sua conta do Twitter que Marcelo Rubens Paiva aponta no livro Ainda Estou Aqui, que serviu de inspiração para o longa, que seu pai foi torturado ao som da música “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos e do falecido Erasmo Carlos.
O autor também teria indicado em seu livro que sua irmã, Eliana, lembra de ter ouvido o clássico da dobradinha Erasmo-Roberto ao ter sido levada pelos militares para a prisão para um interrogatório junto com sua mãe.
Nos comentários da publicação, outra internauta informou que o depoimento de uma mulher chamada Marilene Corona Franco, presa junto com Rubens Paiva, dizia que outra faixa usada em alto volume para abafar os gritos durante as torturas era “Apesar de Você”, de Chico Buarque.
Outros perfis da rede social também relembraram experiências parecidas de seus parentes, inclusive com relatos de que os responsáveis pela tortura questionavam os presos sobre suas músicas preferidas para usá-las durante as sessões, como você pode ver ao final da matéria.
Ainda Estou Aqui
Alguns internautas que já assistiram a Ainda Estou Aqui aproveitaram a discussão para lembrar que algumas músicas de Roberto Carlos, como “As Curvas Da Estrada De Santos” e “Como Dois E Dois”, estão presentes na trilha sonora do filme.
Um deles questionou se seria uma alfinetada pelo suposto apoio do músico à ditadura, enquanto outro internauta apontou que as faixas em questão surgem no filme tocando na rádio, indicando que “não é uma música que a família escolhe escutar”.
A trama também conta com obras de grandes lendas da música brasileira como “Acaua” e “Falsa Baiana” da saudosa Gal Costa, “Fora Da Ordem” e “Um Índio (Live In Brazil)” de Caetano Veloso, “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” de Erasmo Carlos, “Jimmy, Renda-Se” de Tom Zé e muitas outras.
Ainda Estou Aqui é forte candidato a uma vaga no Oscar 2025 na categoria melhor filme internacional e, nesta matéria aqui, te contamos 5 motivos para ver a produção nos cinemas!
Estou traumatizada com esta informação: os militares colocavam essa música no último volume durante as sessões de tortura para abafar os gritos. No livro do Marcelo Rubens Paiva, ele fala sobre isso e conta que a irmã ouviu essa música quando foi presa. pic.twitter.com/nnAt1N4M1n
— anna santos (@anna_santos0001) November 15, 2024
Abri a conta de novo pra falar uma curiosidade que eu acho que não deveria ser omitida
— sal. 🇵🇸 (@markranhento) November 16, 2024
Meu avô foi preso politico da ditadura, torturado pelo Coronel Audir Santos Maciel em pessoa. Felizmente ele nao teve tantos danos corporais, mas ele me disse algo que me deixou meio uau + https://t.co/EMENQPXmXO
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