Artista brasileira faz turnês mundiais

O poder da música sem limites: ao TMDQA!, Pops Magellan (WILLOW, Adam Lambert) fala sobre quebrar barreiras e conectar culturas

A brasileira equilibra a carreira autoral com turnês ao lado de grandes nomes, quebrando paradigmas e fortalecendo elo cultural

Pops Magellan (Poliana Magalhães)
Foto por Adel Emata

De raízes brasileiras ao reconhecimento global, Poliana Magalhães – ou melhor, Pops Magellan – não é apenas uma baixista, compositora e produtora; ela é uma verdadeira visionária no cenário musical.

Com uma trajetória marcada pela superação e pelo pioneirismo, sua carreira é um manifesto: por meio de seu som e de suas escolhas artísticas, Pops desafia normas e promove a inclusão, sendo uma força impulsionadora da mudança e uma referência para quem busca autenticidade e conexão.

A coragem e o talento de Pops, natural de Minas Gerais e radicada em Los Angeles, levaram-na a expandir fronteiras e se tornar uma das primeiras brasileiras a conquistar o mercado musical internacional.

Ela, que iniciou sua jornada em uma banda de baile onde tocava de Andrea Bocelli a Nirvana com sua família, hoje toca com nomes que incluem WILLOW, Travis Barker, Avril Lavigne, Adam Lambert e se apresenta em lugares prestigiosos, como Wembley Stadium, Royal Albert Hall e Greek Theater.

Desbravando agora a carreira autoral, Pops já mostrou em Agosto deste ano um pouco de sua visão ousada com o single Misunderstood”, que traduz a fusão de influências em sonoridade fresca. A faixa conta com colaborações de Astyn Turr (Omar Apollo e Scary Pockets) nos vocais, Taylor Graves (Thundercat e Kimbra) nos teclados e arranjos de cordas, Justin Brown (Thundercat) na bateria e o também brasileiro Artur Menezes na guitarra.

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Assim como os singlesDeep Thoughts” (que sairá dia 7 deste mês de Novembro) e “Funk Karma”, “Misunderstood” faz parte do EP Damage, cuja previsão de lançamento é para 2025. Recheado de participações especiais, o compacto ainda trará Stanley Randolph (Stevie Wonder) na bateria e outros convidados surpresa que serão revelados ao longo dos lançamentos.

Sua música é uma ponte entre culturas e ela segue determinada a impactar o cenário global, carregando consigo um orgulho pelas raízes brasileiras e um compromisso com a diversidade e a igualdade de gênero na música.

Prepare-se para explorar o universo criativo dessa multiartista na entrevista exclusiva e completa concedida ao Tenho Mais Discos Que Amigos!, onde Pops fala sobre carreira no Brasil e no exterior, como é tocar com grandes nomes da música e também sobre técnicas, estilos e processo criativo.

Pops Magellan e seu projeto autoral

TMDQA!: Seu trabalho solo marca uma nova fase, onde você faz a transição de uma prestigiada baixista de apoio para líder de seu próprio projeto. “Misunderstood”, por exemplo, marca sua estreia na produção musical. Quais foram os maiores desafios nessa mudança? Como você conseguiu se reinventar artisticamente para assumir o controle criativo completo?

Pops: Para mim, o maior desafio foi me escolher. As ideias sempre estiveram ali e a bagagem foi se formando com a trajetória, trabalhando com diversos artistas, sempre aprendendo e trazendo mais coisas para poder abordar quando eu escrevo música. Acho que o mais difícil mesmo, quando você decide ser artista criador e colocar sua visão, é você ter esse foco, essa determinação e decisão. O mais importante é a minha visão e eu ser honesta com isso; conseguir traduzir isso e compartilhar com o mundo.

TMDQA!: E teve algo que te surpreendeu nesse processo?

Pops: Surpresa eu tô tendo todo dia! [risos] Cada passo do processo criativo é o mais legal, ele é cheio de surpresas. Por mais que você tenha um controle de saber o que fazer, é sempre diferente. Surpresa pra mim é terminar a primeira música, ouvir e falar: “Cara, eu fiz isso. Com a paciência comigo mesma, respeitando o processo, aprendizado e cada passo, eu consegui”. Eu ouço minha música e tenho orgulho. E por mais que seja um processo solitário e de autoconhecimento, ao mesmo tempo você tem que aprender a pedir ajuda. Então, eu fui aprendendo a pedir ajuda para as pessoas certas, na hora certa. E essa foi outra surpresa: ouvir as pessoas dizendo sim para esse pedido.

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Pops Magellan (Poliana Magalhães)
Foto por Adel Emata

TMDQA!: Essa sua resposta encontra a nossa próxima pergunta: como você escolhe os músicos para cada faixa do seu EP e o que considera essencial para criar essa diversidade sonora? Pois cada convidado está também envolvido com outros nomes grandes e possuem uma bagagem grande, como Stanley Randolph (baterista do Stevie Wonder).

Pops: Eu começo a escrever a música, começo a montar e quando a música começa a ter um direcionamento, uma personalidade, eu naturalmente já vou pensando nos nomes. Por exemplo, “Misunderstood” era instrumental, mas eu conheço a Astyn Turr (Omar Apollo, Scary Pockets) há uns anos e quando eu a ouvi cantar, eu fiquei muito surpresa. E ela sabe usar a voz, ela não exagera. E daí eu pensei: um dia eu quero usar essa voz. Fiz uma melodia, uma base no baixo, enviei pra ela e perguntei se ela topava fazer, e ela topou, falando “é uma faixa divertida, vamos!”.Eu nunca tinha escrito letra. Uns dias antes da sessão com ela eu escrevi e encaixou. Então tem muito do processo que é controlado e metódico, mas também é muito livre. Por exemplo, nesse caso, a música já estava pronta, nem teria vocal ou letra. Eu deixo acontecer.

TMDQA!: Acho isso muito legal! Você participou de tudo, né, não é só linha de baixo. Você tem trazido seu universo, suas ideias e elas vão se encaixando com as pessoas que você tem convidado para seu projeto. 

Pops: Isso, a ideia não é ser um álbum de baixista, não é um álbum para músico ouvir. Eu tô fazendo música e baixo é o meu instrumento que uso para navegar na arte. É a minha visão de música, além do meu instrumento. É a forma como eu sinto, como eu vejo a música. O baixo tá ali, mas ele nunca vai ser o principal da música, a parte principal vai ser a combinação, a produção, a minha visão.

TMDQA!: A integração de elementos visuais é uma parte importante do seu trabalho. Como você criou a identidade visual para o EP “Damage” e de que maneira essas imagens complementam e ampliam a mensagem musical das suas faixas, como o desafio de se escolher e autoconhecimento?

Pops: Quando você olha um artista, a primeira impressão que você tem é o que você vê, só depois que você vai ouvir aquele artista. A mensagem que você passa através das imagens, das cores que você escolhe, do que você veste… isso tudo diz muito. E para ser um artista não é só a música, tem que ter um pacote de tudo porque é a forma como você se expressa no mundo; não é só o que você escuta, é tudo, é o que você vê, o que você fala. 

TMDQA!: Aliás, seu projeto também inclui colagens e fotografias. Você mesma que cuida dessa parte sozinha também ou você está colaborando com outros artistas?

Pops: Eu estou o tempo inteiro fazendo colagens, mas a capa do single quem trabalhou comigo foi a fotógrafa russa Adel Emata, que é muito minha amiga e me conhece. Tanto que o fundo da capa do single “Misunderstood” é uma foto do quintal da casa que eu morei em Joshua Tree, na Califórnia, em 2023, onde eu meio que me isolei para terminar o álbum. Eu tirei essa foto do meu celular, editei e enviei para a Adel juntar e criar alguma coisa.

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Capa do single "Misunderstood", de Pops Magellan
Arte por Adel Emata

TMDQA!: Que sensacional! Em Joshua Tree fica o icônico estúdio Rancho de La Luna, que gerou trabalhos de nomes como Queens of the Stone Age, PJ Harvey, Mark Lanegan e Arctic Monkeys. Tem todo um ambiente convidativo para que você se inspire musicalmente e visualmente também.

Pops: Nossa, sim, é um lugar lindo.

TMDQA!: Falando novamente sobre as músicas do seu EP, você contou que tem planos de lançar as faixas individualmente. Mas quando vamos poder conferir o EP completo? 

Pops: Eu estou aprendendo com meu primeiro lançamento muitas coisas que eu não sabia. O intervalo do primeiro single para o segundo eu quero que seja de uns meses para que eu possa trabalhar bastante nessa faixa, depois eu planejo lançar 3 ou 4 músicas em intervalos mais curtos e, então, o EP completo. Eu decidi lançar por singles e trabalhar cada um porque cada um vai ser muito diferente do outro.

Vida e carreira fora do Brasil

TMDQA!: Você é do interior de Minas Gerais e, antes de se estabelecer nos Estados Unidos, também passou por Portugal. É claro que essa experiência transformou a sua visão artística e o direcionamento da sua carreira. O que foi mais desafiador ao se estabelecer como musicista em um novo país?

Pops: Sexismo. Eu mudei para Portugal e foi muito difícil entrar no meio e ser levada à sério. Mas eu fui fazendo. Mas eu sei que eu teria feito muito mais se não fosse pelo preconceito da galera, não só pelo fato de ser mulher, mas de ser imigrante brasileira. Eu senti várias dificuldades nesse sentido. Mas eu aprendi que adversidades a gente sempre vai ter que lidar, a gente não pode é parar e deixar o pensamento tomar muito conta da gente, tem que continuar fazendo. Vão tentar te parar, diminuir sua velocidade. Continuar fazendo é o melhor jeito de lutar contra o machismo, o patriarcado, seja o que for, é não deixar ninguém te parar. Em Los Angeles existe também, mas é diferente, eu fui mais ajudada e conectada. O legal de Los Angeles é que tudo que você quiser fazer acontecer aqui, vai acontecer. 

TMDQA!: Quais foram as maiores diferenças que você encontrou entre as cenas musicais do Brasil e do exterior?

Pops: Muitas coisas diferentes, mas tem muita coisa que da mesma forma que funciona no Brasil funciona aqui também, só que a cultura é outra. As pessoas aqui são mais orientadas aos negócios. Aqui eu me vejo realmente como uma profissional, eu me levo mais à sério do que no Brasil, mesmo até trabalhando na Globo e fazendo umas gigs legais, eu ainda tinha um pensamento como “ah, eu sou músico, qual é o meu preço, meu valor”. Aqui não, eu aprendi que eu tenho um preço. O meu tempo custa esse número e é isso, eu não tenho problema nenhum hoje em colocar um preço e discutir dinheiro sobre o que eu preciso para ficar confortável para fazer a gig. E essa discussão sobre o seu valor e o seu preço é muito comum aqui, muito tranquila. No Brasil eu sentia essa dificuldade, pois eu não podia me valorizar quando eu tocava nesse assunto de dinheiro. Não sei como está aí agora, mas quando eu estava aí era assim. Em Portugal também é assim, não tem muito das pessoas não valorizarem, as pessoas meio que aceitam muito o que está acontecendo ao invés de acharem barreiras. Sair do Brasil foi muito bom, apesar de muitas coisas terem sido difíceis para mim. 

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Colaborações, estilo e versatilidade

TMDQA!: Como você se adapta para tocar com artistas de estilos tão variados, como Adam Lambert, WILLOW e Travis Barker?

Pops: Em questão de estilos, acho que o background de ser brasileira já me coloca à frente dessa versatilidade, o brasileiro tem um groove que não é qualquer um que tem não, a gente tem uma malícia pro groove. E o fato de ter começado tocando vários estilos na banda Baile (desde Andrea Bocelli a Nirvana) foi uma escola, aprendendo a ouvir e entender diferentes linguagens de música. Para mim é fácil chegar de uma gig de samba-rock e dali tocar uma gig de heavy metal, de hip-hop… eu gosto disso, de transitar entre estilos. Quando eu cheguei aqui [em Los Angeles] eu comecei a tocar com um artista bem grande do Irã, tipo um Frank Sinatra de lá. Música persa, era algo super desafiador em pouco tempo, mas rolou. E eu boto fé que foi graças ao groove e a essa versatilidade do brasileiro de se adaptar a coisas novas.

TMDQA!:  Como foi o início desses contatos com grandes nomes e que, inclusive, te levaram a tocar em lugares prestigiosos como Wembley Stadium, Royal Albert Hall e Global Citizen Festival?

Pops: Indicação, cara. Eu cheguei aqui, não sabia nem inglês direito, mas comecei a ir a todas as jams, de todos os estilos e conhecer pessoas, sozinha. E esse negócio de ir e tocar em jam, se mostrar, tocar a música que estiver tocando, isso te coloca em outro lugar. E eu comecei a conversar com as pessoas, que me indicavam para outro lugar e assim por diante. E depois comecei a receber recomendação para tocar em gigs, desde em igreja até com artistas; logo de cara eu consegui começar a trabalhar com uma cantora ex-American Idol e peguei uma gig grande logo de começo. As oportunidades estão aqui e você vai e mostra a cara, então é isso. Aí o pessoal começou a me conhecer, o meu nome começou a se espalhar e aí para gigs como as com WILLOW e Adam, foi recomendação.

TMDQA!: Qual show ou turnê que marcou sua carreira de maneira mais especial até aqui e como foi?

Pops: Eu não consigo te dizer “essa foi minha favorita”, pois tudo marcou de uma forma diferente, até porque tem o contexto que você tem na vida. Quando aconteceu a gig da WILLOW (em  2021), eu estava saindo da pandemia, eu estava sobrevivendo em Los Angeles, não estava podendo trabalhar e tinha acabado de pegar meu visto. Quando me ligaram da WILLOW, eu estava chorando de emoção pela sede de tocar depois da pandemia. Acho que tudo que fiz teve um marco diferente. O Wembley Stadium (com o Adam Lambert) acho que foi a primeira vez que toquei para tanta gente, acho que foi para cerca de 85 mil pessoas. Quando eu vi o palco, eu não acreditei. A vibração, a quantidade de pessoas, tudo é tão alto e tão gigante…

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TMDQA!: E como você controla a ansiedade nessas situações? Se fosse eu, olharia e pensaria “Minha nossa, e agora? Que instrumento é esse?” [Risos]

Pops: “Que nota que é?” [Risos] Por isso que é importante ter memória muscular. Você tem que estar ao ponto de não ter que pensar, do seu corpo já ter absorvido aquilo. Em situações como essa, você pode processar as outras coisas que você está sentindo sem comprometer o seu trabalho, é executar aquilo que você está ali para fazer. Mas por mais que eu sinta as coisas, eu acho que tocando com artistas diferentes e viajando tanto, eu acho que a gente meio que desenvolve essa coisa do autocontrole, de segurar a onda.

TMDQA!: Você faz aquela famosa cara de baixista, né! [Risos]

Pops: É!!! “Eu cuido disso”! [Risos] Eu tenho esse autocontrole na minha personalidade, mas é algo que a gente aprende na profissão também.

TMDQA!: Quais foram os maiores aprendizados ao trabalhar com artistas de grande nome?

Pops: Essa é uma pergunta abrangente… Muita coisa. Eu acho muito interessante que, para mim, não é só “ah, vou tocar com tal artista”, mas é entrar nos ambientes com essas muitas mentes loucas criativas e ver como essas pessoas pensam, sentem, como elas veem a arte, a vida, como elas se comunicam, o que elas gostam… Eu acho o ser humano muito curioso, para mim, o mais legal é a oportunidade que eu tenho de chegar nesses lugares e interagir com essas energias criativas e absorver coisas novas. Acho que para mim isso é o mais legal. Toquei Queen com o Adam Lambert no estádio de Wembley? Sim, para mim é um aprendizado, mas cada interação com cada ser humano, com cada artista desses é um planeta diferente.

TMDQA!: Sim, até porque a gente tem a visão de fora, de “caramba, olha só o que ela está construindo”. Mas  tem essa parte dos bastidores, onde você realmente está se conectando com outras pessoas e vendo como elas se preparam, pisando em lugares que nunca pisou. Você chega de uma turnê não só com sua bagagem física, mas com uma bagagem muito maior que são as memórias, as histórias e as sensações, que vão além do que é visível para a gente.

Pops: São realidades muito diferentes. A realidade de pessoas assim, por exemplo, a WILLOW, você chega na sala com aquelas pessoas e tudo ali é desenhado para ela suceder, caminhar, para alimentar o processo criativo dela. Eu vim de Varginha, Minas Gerais, e se eu falasse que eu ia fazer algo diferente seria um problema. Aí você chega em um lugar desse e vê como as pessoas têm acesso à educação, à arte… O universo que ela vive e tudo feito à volta dela, é tudo feito para ela criar, para ela ser o que ela bem entender. Então você dá um poder desse para uma pessoa talentosíssima como ela, você entra numa sala dessa e está em um buraco negro de criatividade e aprende muita coisa.

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TMDQA!: A improvisação pode transformar uma performance ao vivo e também influenciar o processo criativo no estúdio. Como você utiliza a improvisação a seu favor?

Pops: Acho que foi treinando o meu ouvido, crescendo e tocando aí no Brasil com a banda Baile, e quando eu tocava de segunda a segunda em Floripa com todo mundo, quando as pessoas me ligavam no dia pra gig e eu chegava lá, não sabia o reportório e nem nada, eu então eu olhava para a mão do guitarrista e ia acompanhando de ouvido. Você vai tocando tanta música e fica tão acostumada a fazer isso, que seu ouvido já identifica a transição de acordes, aquilo já soa familiar e você já meio que sabe onde que vai a próxima parte da música, vira um processo meio que intuitivo, como se você conseguisse prever o próximo acorde que a pessoa fará. Então foi essa vivência, esse treino tocando aí no Brasil que me deixou mais agilizada para pegar qualquer gig de última hora. 

TMDQA!: Como você prepara suas linhas de baixo para se adaptar a diferentes projetos e demandas?

Pops: As coisas acontecem muito de última hora, por exemplo, acontece de eu receber repertório para aprender com poucos dias de antecedência, às vezes até de um dia para o outro. Eu tento me preparar o máximo possível, sentar com músicas e entender a estrutura, entender os timbres de baixo, que baixo que usaram para gravar, se usaram palheta, se usaram algum efeito… então eu tento reproduzir o que está ali na gravação. Eu chego na gig já com tudo pronto, não gosto de chegar com dúvidas. Eu gosto de chegar, tocar a música como ela é, sem errar e sabendo o que vai acontecer. Se precisar tocar do final para o começo, eu consigo. Eu gosto de ter essa clareza quando chego ao ensaio. A partir daí, se quiserem mudar alguma coisa, a gente muda. Mas saber o que eu tenho que fazer, eu já chego sabendo. Acho que isso é o mais importante para mim; para eu continuar recebendo as ligações é eu ser essa pessoa de confiança, que as outras pessoas sabem que não vão precisar se preocupar comigo. A partir daí, depende muito da gig para eu escolher meu instrumento. Quando é algo mais pop ou com igreja, costumo usar 5 cordas. Quando fui tocar com a WILLOW em umas mais rock, eu usei o Jazz Bass. Agora estou fazendo turnês com o Arthur Menezes e estava usando o Jazz Bass e um Music Man de escala curta, um StingRay.

TMDQA!: Existe algum equipamento indispensável, além de, claro, o baixo? 

Pops: Afinador! [Risos]

TMDQA!: Importante, realmente! [Risos] Tem algum pedalzinho que você não abre mão?

Pops: Eu gosto muito de Phaser, gosto muito de usar Oitavador (uso da EBS) e Envelope Filter, mas acho que, no momento, para as minhas músicas, para a minha criatividade, eu uso muito o Phaser.

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TMDQA!: Quais são as principais habilidades necessárias para se destacar como baixista de turnê e estúdio? Você já falou um pouco sobre isso quando contou sobre a importância da memória muscular, sobre ser confiante e não precisar que outras pessoas se preocupem com você. Mas tem algo a mais?

Pops: Acho que não é só você estar preparado para tocar, mas saber ler o ambiente que você está. Tem muitas pessoas diferentes, então acho uma qualidade muito importante, principalmente para músico de turnê, é saber como se comportar ali. Lidar com pessoas não é brincadeira, ainda mais artistas grandes e seus egos.

TMDQA!: Existe alguma colaboração dos sonhos que você ainda gostaria de realizar? Tanto como musicista contratada ou no seu projeto solo?

Pops: Lenny Kravitz., St. Vincent, Coldplay, Muse… Gostaria de fazer um som autoral com a Brittany Howard. Mas quero muito colaborar com artistas brasileiros também, como: Banda Black Rio, BaianaSystem, Bixiga 70, Abayomy Afrobeat Orquestra, Curumin, Anelis Assumpção e Júlia Mestre. Essa galera aí eu iria fácil!

TMDQA!: Quais são as suas principais influências, no momento, que estão te ajudando a criar sua própria personalidade? 

Pops: Björk (mais na questão visual), Prince, Harry Styles… Eu gosto de arte, eu não me identifico com um gênero musical só. Eu gosto de me apaixonar por uma coisa, pesquisar e mergulhar. Eu não me identifico com um artista, um estilo, uma banda, acho que a gente é tão múltiplo.

TMDQA!: Qual lugar que você gostaria de tocar e ainda não tocou?

Pops: Rock in Rio, pelo amor de Deus! Na verdade, eu quero tocar, eu quero as surpresas que a música traz para mim. Eu quero esses momentos de alegria. Eu tô feliz com qualquer coisa que aparecer, com qualquer palco.

Mais amigos que discos?

TMDQA!: E vamos para a nossa pergunta mais polêmica! Com sua vasta experiência no mundo da música e o constante networking que você realiza, você considera que, assim como nós, tem mais discos que amigos?

Pops: [Risos] Muito engraçado! Eu estava com o Arthur Menezes há pouco tempo e falei que eu tinha uma entrevista com vocês. A gente tem vinil aqui, né, aí ele falou: “Quantos amigos você tem mesmo?” e eu comecei a falar. Ele, então, foi lá na coleção de vinil e falou: “É, você tem mais discos que amigos mesmo”. Então, com certeza! 

Pops Magellan (Poliana Magalhães)
Foto por Adel Emata

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