Há muitos anos escolhi o veganismo e a defesa dos direitos dos animais como parte essencial da minha vida e sempre me inspira descobrir outros headbangers que compartilham esses mesmos ideais. Embora os vegetarianos e veganos ainda sejam uma minoria, estamos bem acompanhados por gente como Mille Petrozza, Chris Adler, Fernanda Lira, Alissa White-Gluz, Derrick Green e mais!
O veganismo é um estilo de vida que rejeita o uso de animais em qualquer prática que os explore ou os prejudique, promovendo também reflexões sobre preservação ambiental, segurança alimentar, justiça social e outras questões éticas mais amplas para além de ser somente uma escolha alimentar que exclui carne, leite, ovos e qualquer derivado de origem animal do prato.
Com o aquecimento global desafiando nossos ares condicionados e aquecedores a cada dia, notícias da devastação ambiental, novas doenças como COVID-19 batendo à porta e, especialmente agora, com a chegada do Natal e as mesas repletas de receitas tradicionais à base de carne, essa discussão se torna ainda mais relevante. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2023 foram abatidos cerca de 6,28 bilhões de frangos, 57,17 milhões de suínos e 34,06 milhões de bovinos. Ao final do ano, o número de abates dispara devido à alta demanda para celebrações.
Tudo isso tem um alto custo que vai além do sofrimento animal e abrange desmatamento, queimadas, emissões de poluentes e uma pegada hídrica que chega a quase 16.000 litros de água para cada quilo de carne produzida, conforme levantamento da Water Footprint Network. Um impacto danado em um mundo carecido de melhor distribuição daquilo que se come e se bebe para sobreviver.
Organizações como a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) e outras ativistas dos direitos animais destacam que esses períodos festivos intensificam o sofrimento dos animais nas cadeias de produção, com práticas e processos cruéis do nascimento à criação, transporte e morte diante de uma indústria que tem bastante pressa em atender o desejo dos consumidores.
Mesmo que você não seja vegano e ache que tudo isso seja apenas “frescura de uma turma pedante”, é inegável a necessidade de repensar nossa relação com o meio ambiente, considerando temas como aquecimento global, desigualdade social e vários outros temas distópicos que rendem um bom Thrash Metal (infelizmente).
Nada mais metal do que resistir e questionar o status quo, né? Então, para o TMDQA!, reuni uma lista de bandas e músicos do heavy metal que incorporam o veganismo e o direito dos animais como causa, mostrando que o som pesado pode carregar consciência e transformação — mesmo sob narizes torcidos!
15 nomes do metal que levantam a bandeira dos Direitos dos Animais
Cattle Decapitation
Cattle Decapitation — decapitação de gado, em português — é uma banda de Deathgrind formada em 1996, nos Estados Unidos, conhecida por suas letras que abordam a exploração animal e a destruição ambiental. A banda, formada por veganos e vegetarianos, sempre usa seus espaços para expressar sua frustração com a indiferença humana em relação ao sofrimento animal.
Em músicas como “Manufactured Extinct”, a banda denuncia como a humanidade tem acelerado a extinção de espécies e destruído o meio ambiente, com fins egoístas e imorais. Álbuns como Monolith of Inhumanity e The Anthropocene Extinction trazem letras que confrontam diretamente o impacto humano no planeta.
Em clipes como “A Body Farm”, a banda provoca reflexão sobre o impacto humano na vida animal e ambiental sem se referir explicitamente a imagens de animais em sofrimento.
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Mille Petrozza (Kreator)
Mille Petrozza, vocalista do Kreator, também se conecta a essa causa. Embora a banda não seja explicitamente vegana, Mille é um vegano convicto e defensor dos direitos dos animais. Ele utiliza sua plataforma para falar sobre sustentabilidade e ética, influenciando o público a repensar seu papel na preservação do planeta.
Um dos clipes mais populares do Kreator, “Violent Revolution”, tem mensagem bastante alinhada aos ideais veganos especialmente no contexto da crítica à opressão e a simulação de humanos em condições de animais submetidos a tratamento industrial. Mille já chegou a declarar em entrevistas que ainda fará “o hino vegano do Kreator”.
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Alissa White-Gluz (Arch Enemy)
Alissa White-Gluz, vocalista do Arch Enemy, é uma defensora ativa dos direitos dos animais e do veganismo. Embora não haja músicas de sua autoria que abordem francamente o tema, ao lado da banda ela transmite uma mensagem de libertação e resistência em mensagens muito alinhadas à luta contra a opressão defendida por ela.
A vocalista também usa suas redes sociais e entrevistas para promover o veganismo e o ativismo pelos direitos dos animais, além de apoiar organizações muitas vezes ao lado do companheiro, o também vegano Doyle Wolfgang von Frankenstein, guitarrista do Misfits.
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Heaven Shall Burn
A banda alemã Heaven Shall Burn, que esteve este mês no Brasil ao lado do Jinjer cumprindo um giro por seis cidades, se destaca como uma das mais alinhadas aos ideais do veganismo dentro do cenário do metal com uma postura ativa em relação aos direitos dos animais refletida em letras que criticam o especismo, que é a discriminação baseada na diferença de espécie.
Seus membros têm sido abertamente veganos e ativistas, buscando influenciar os fãs a refletirem sobre essas questões e a adotarem práticas mais conscientes através de faixas como “Hunt the Hunter” e “Voice of the Voiceless”, ambas do álbum Antigone (2004), que falam sobre ser a voz para aqueles que não podem se defender.
Criticam a indiferença humana em relação ao sofrimento dos animais e a violência que enfrentam, especialmente nas indústrias alimentícia e de entretenimento. Vale assistir abaixo à versão ao vivo de “Voice of the Voiceless” para sacar uma das rodas mais lindas do Wacken patrocinada pelo Heaven Shall Burn!
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Earth Crisis
Earth Crisis é uma banda seminal do hardcore nova iorquino formada em 1989, conhecida por seu forte compromisso com o movimento straight edge, que promove a vida sem drogas, álcool ou outras substâncias, e ativismo vegano com mensagens sociais e políticas.
A banda está com passagens compradas para o Brasil para entregar em março de 2025 sua recente turnê Forever True South American Tour em duas datas ao lado do Point of No Return, na capital paulista e em Piracicaba.
A faixa “Total War”, verdadeira pedrada do álbum The Law of the Land (2001), é um exemplo da postura dos caras contra a exploração animal com uma mensagem de resistência contra a crueldade e os sistemas que perpetuam o sofrimento.
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Chris Adler (Lamb of God, Megadeth)
Chris Adler, baterista de currículo premiado com passagens pelo Lamb of God e Megadeth, não é apenas um ícone do metal moderno, mas também um defensor apaixonado dos animais.
Sua escolha de vida, que inclui uma dieta vegetariana, vai além disso, sendo esta uma extensão de seus valores éticos, ambientais e de saúde, conforme já comentou em entrevistas. Para Adler, o veganismo não é apenas sobre o que se come, mas uma postura consciente diante do impacto que cada ação tem no mundo.
Adler já destacou como sua alimentação à base de plantas melhora sua resistência física e mental, permitindo que encare a intensidade exigida por sua profissão como baterista. Ele também usa sua influência para promover a causa animal, participando de campanhas para a PETA.
Nessas ações, ele conscientiza sobre os direitos dos animais e incentiva os fãs a considerarem escolhas mais compassivas e sustentáveis. Para ele, o veganismo não é apenas uma questão de saúde, mas uma responsabilidade com o planeta e com os seres que o habitam.
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Avatar
Avatar, banda sueca de Gotemburgo formada em 2001, é conhecida por sua mistura de metal progressivo, groove e teatralidade, com um estilo visual marcante especialmente graças ao vocalista Johannes Eckerström, que adota uma maquiagem que remete a personagens circenses macabros ou grotescos. Foram apadrinhados pelo Iron Maiden como banda de abertura na turnê passada e repetirão a dose em 2025 acompanhando os britânicos em um giro pela Europa.
Todos os membros da banda são veganos e utilizam entrevistas e espaços públicos para defender os direitos dos animais. Essa postura ética, no entanto, não se reflete diretamente nas letras do Avatar, que ganhou notoriedade com o álbum Black Waltz (2012) e consolidou seu sucesso com Hail the Apocalypse (2014).
O grupo tem explorado temas complexos em seus trabalhos recentes, como o álbum Hunter Gatherer (2020), que aborda questões sociais e existenciais.
Carcass
O Carcass, banda de death metal/grindcore fundada nos anos 1980, começou com um forte viés vegano e vegetariano em seus primeiros álbuns, embora isso tenha desaparecido ao longo do tempo. Nos primeiros dias, os membros Jeff Walker e Bill Steer eram vegetarianos e essa ideologia influenciou as letras e a estética da banda.
Álbuns como Reek of Putrefaction (1988) e Symphonies of Sickness (1989) utilizavam descrições grotescas de carne em estado de putrefação e imagens de dissecção para criticar o consumo de carne e a exploração animal. A ideia era criar uma reação visceral ao consumo desenfreado, expondo a realidade da indústria alimentícia.
Bill Steer já declarou em entrevistas escutar de muitas pessoas que o motivo delas terem parado de comer carne é o Carcass e que isso o deixa contente.
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Mark Greenway (Napalm Death)
Embora nem todos os membros da banda sejam veganos ou vegetarianos, o pioneiro do grindcore Napalm Death como um todo sempre teve uma inclinação para abordar temas éticos, políticos e sociais, e isso inclui questões ambientais, exploração animal, consumismo e desigualdade que aparecem em suas letras.
Mark “Barney” Greenway, vocalista da banda desde 1989, é vegano há décadas. Ele é conhecido por sua postura ética e ativismo pelos direitos dos animais. Barney frequentemente menciona como sua escolha alimentar está alinhada com suas crenças sobre não violência, sustentabilidade e justiça social. Em entrevistas, ele discute a importância do veganismo tanto para os animais quanto para o meio ambiente e sociedade.
Músicas como “Natural Lies” e “Food Chains” exploram a relação entre seres humanos, consumo e a destruição ambiental.
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Joe Duplantier (Gojira)
Gojira, esta banda francesa com nome japonês que canta em inglês sobre a urgência de um olhar de preservação da biodiversidade no Brasil em “Amazonia” (2021), é conhecida por seu forte ativismo ambiental (e agora também pelas Olimpíadas!).
Grande parte dessa postura ética vem do vocalista e guitarrista Joe Duplantier, que é vegano e um defensor ativo dos direitos dos animais e da preservação ambiental. Embora a banda como um todo adote uma postura ética em relação à natureza, é o compromisso pessoal de Duplantier com o veganismo que fortalece a conexão da banda com temas ambientais e direitos dos seres vivos.
Otep
Otep Shamaya, vocalista e líder da banda Otep, tem falado abertamente sobre sua posição em relação ao veganismo, direitos dos animais e ativismo social, com um foco em se opor ao abuso animal. Algumas de suas canções, como “Confrontation” e “Warhead“, tocam em temas relacionados à luta e à justiça, e ela já mencionou em entrevistas como esses temas também incluem o ativismo pelos direitos dos animais.
Em performances ao vivo, Otep, que é uma das artistas mais inovadoras e performáticas da atualidade no metal, também tem sido conhecida por integrar seus ideais de justiça e ativismo animal com sua arte. Em algumas entrevistas e discursos durante seus shows, ela fala sobre suas crenças, incluindo a necessidade de proteger os animais de crueldades.
Derrick Green e Tanya O’Callaghan (Highway to Health)
Derrick Green, vocalista do Sepultura e vegano de longa data, é uma voz ativa em questões ambientais e defesa dos animais. Tem parceria com a baixista vegana e também ativista Tanya O’Callaghan (Bruce Dickinson, Whitesnake, Dee Snider) no projeto Highway to Health, que promove um estilo de vida saudável e sustentável, abordando o veganismo em conteúdos na internet.
Derrick é figura central no alinhamento do Sepultura com causas ambientais e éticas. O videoclipe de “Convicted in Life” utiliza imagens impactantes do documentário “A Carne é Fraca“, produzido pelo Instituto Nina Rosa, que aborda os impactos éticos, ambientais e de saúde relacionados ao consumo de carne e à pecuária industrial.
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Geezer Butler (Black Sabbath)
Geezer Butler, lendário baixista e cofundador do Black Sabbath, é uma figura central na história do heavy metal e um defensor do veganismo há décadas. Motivado inicialmente por questões éticas em relação ao tratamento dos animais, Geezer abandonou o consumo de carne ainda jovem, inspirado por sua aversão à crueldade no abate.
Geezer frequentemente menciona em entrevistas como o veganismo reflete seus valores de compaixão e respeito pela vida, influenciando os fãs a repensarem suas escolhas alimentares.
Embora em seu catálogo não haja músicas explicitamente sobre defesa dos animais, em seu projeto solo GZR, a faixa “Drive Boy Shooting”, do álbum Plastic Planet (1995), traz vocais de Burton C. Bell (Fear Factory) e ganhou destaque com um clipe que critica a violência e a alienação na sociedade moderna, o que reforça o olhar crítico de Geezer sobre as escolhas humanas.
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Rob Zombie
Rob Zombie, ícone do heavy metal e cineasta, é vegano. Embora sua música não aborde diretamente o veganismo, sua ética e postura em relação à defesa dos animais são partes importantes de sua filosofia.
Como artista e figura pública, ele tem se associado a organizações como a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) que defendem os direitos dos animais e é considerado um aliado dentro da cena musical que promove a conscientização sobre essas questões.
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Fernanda Lira
Fernanda Lira, baixista e vocalista da banda brasileira Crypta, é uma forte defensora do veganismo, alinhando sua ética pessoal com sua postura como artista no cenário do metal.
Ela adotou o estilo de vida vegano por questões éticas e de respeito aos animais, destacando em entrevistas como a consciência sobre o impacto da exploração desses seres transformou sua visão de mundo. Mas nem sempre foi assim: ela já contou que no passado chegou a torcer o nariz para essa filosofia.
Embora não haja registros de músicas de sua autoria que abordem diretamente o tema, Fernanda utiliza sua plataforma para conscientizar fãs e seguidores sobre o veganismo, desmistificando a ideia de que um estilo de vida baseado em plantas não combina com a intensidade do heavy metal.
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