Marca identitária

Gene Simmons relembra a história das origens da maquiagem do KISS

Vocalista e baixista também respondeu pergunta que talvez muitos fãs já haviam pensado a respeito

KISS no Monsters of Rock-13
Gene Simmons com o KISS no Monsters of Rock. Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

Em uma nova entrevista com Michael Franzese, Gene Simmons, conhecido por ter sido vocalista e baixista do KISS, relembrou a carreira de meio século da lendária banda e explicou como tudo aconteceu no início do grupo também liderado por Paul Stanley (voz e guitarra).

Citando outros grupos icônicos como The Who, The Beatles e Foreigner, Simmons deu uma pincelada do passado do KISS (via Blabbermouth):

“Cientistas falam sobre esse tipo de coisa. E existe uma coisa chamada singularidade. As coisas simplesmente acontecem, e isso significa que não acontece com frequência, apenas de vez em quando, isso pode levar um milênio, ou algo simplesmente acontece quando os planetas se alinham; você tem a coisa certa no lugar certo na hora certa.

A primeira coisa certa no lugar certo na hora certa foi quando conheci [o vocalista do KISS] Paul Stanley, meu parceiro, que sabia coisas que eu não sabia, e espero que, pelo menos ele me disse, eu soubesse coisas que ele não sabia. E então um mais um é igual a três e decidimos montar a banda que nunca vimos no palco.

Vale a pena notar, nós olhamos para isso visualmente. Queríamos pegar as músicas e tudo mais, mas notamos que as bandas que gostávamos, The Who, Jimi Hendrix e The Beatles, tinham visuais únicos – ou seja, se você fechasse os olhos, você as via. E havia muitos sucessos no rádio que, se você fechasse os olhos, você não conseguia dizer… Foreigner era uma banda muito boa que tinha muitos sucessos. Você fecha os olhos, não tem ideia de quem está na banda e você não se importa. E predominantemente é isso. Então, queríamos que os visuais fizessem parte disso e não sabíamos que se tornaria uma indústria multibilionária.

Quer dizer, o KISS continua sendo — tudo, desde caixões do KISS a preservativos do KISS; nós vamos fazer você gozar e vamos fazer você partir. Então, uma vez que pegamos Ace [Frehley, guitarrista do KISS] e Peter [Criss, baterista do KISS], os dois caras originais – e vale a pena notar que Paul e eu fomos ver Peter tocar em um clube de cavalheiros, muito pequeno, mas onde eles iam, e eles tocavam em um trio e o baterista – Peter Criss – usava cachecóis e estava cantando Wilson Pickett, sabe, músicas de R&B. Mas ele tinha a voz certa e a vibe. O resto dos caras no palco poderiam ter sido os caras que esperariam você do lado de fora para pegar algumas moedas. Eles não pareciam músicos, mas esse cara tinha a voz e a atitude.

Simmons, em seguida, revelou como o KISS teve a ideia para usar maquiagem no palco:

“Então, a banda começou, mas nem todo mundo tem os genes, nem todo mundo pode correr uma maratona. Existem algumas pessoas cujos genes, cujo DNA, são mais parecidos com correr uma corrida curta, e é por isso que muito poucas bandas duram muito tempo. Os Beatles duraram sete anos — chocantemente. Estamos há cerca de 52 anos, com membros diferentes e tudo mais, porque nem todo mundo dura.

E um dia, e eu já falei sobre isso antes, e toda vez que falo sobre isso, eu tenho a imagem de novo. Estávamos sentados em nosso loft infestado de ratos, na 10 East 23rd Street [em Manhattan], e estávamos ensaiando. É uma ratoeira e uma armadilha pronta pra um incêndio. Sem janelas, nada.

E depois do ensaio, um de nós — não sei quem — disse: ‘Ei, vamos até a Woolworth’s’, que era uma loja local. Você podia comprar qualquer coisa lá. Antes de haver shoppings, você comprava tudo na Woolworth’s — aspirina, qualquer coisa, roupas. E também havia coisas enganosas… E então, de alguma forma, nos desviamos para a área de Halloween, e havia maquiagem de palhaço. Branco de palhaço da Stein, um pote e batom preto da Stein. Por algum motivo, Paul Stanley foi até a coisa do batom vermelho — não sei por quê — e nós simplesmente compramos as coisas e compramos dois espelhos de quatro pés e meio de altura, mais ou menos essa largura. 15 dólares no total, e levamos para o loft. E ninguém disse: ‘Tenho uma ideia. Vamos sentar. Vamos fazer isso’. Tipo, se você olhasse para isso, diria: ‘Ok, quem está dizendo o que fazer?’ Não, está apenas acontecendo.

Ficamos olhando no espelho, nos maquiando e olhando um para o outro e coisas assim, e apenas conversando. Bem, é meio estranho, é meio esquisito falar sobre a sensação disso. E então começamos a desenhar desenhos ao redor dos olhos e olhar um para o outro e essas coisas e nos empolgar, meio que enquanto acontecia. E Peter Criss gostava de gatos, então ele estava fazendo essa coisa. Sempre fui fascinado por filmes de terror e ficção científica, essas imagens. E Ace sempre falava que era de outro planeta e coisas assim. O equilíbrio dele não era tão bom, então ele caía com frequência ou algo assim. Então, ele se considerava um astronauta. E Paul Stanley, originalmente a maquiagem era um círculo redondo, ou preto, ao redor do olho. E olhamos em volta e pensamos: ‘Que diabos é isso?’ E ele diz: ‘É como Pete, o cachorro de ‘The Little Rascals’.”

Teria o KISS o mesmo sucesso sem as máscaras e maquiagem?

Na sequência, Gene refletiu se o KISS teria tido o mesmo sucesso se eles não usassem maquiagem:

“Talvez não, mas existe uma coisa… Eu continuo voltando para a coisa certa no lugar certo na hora certa. Se você tirar qualquer uma delas, suas chances diminuem. Na era de ouro do rock and roll… Nisso, se você colocasse o KISS ou Jimi Hendrix ou alguém assim, não funcionaria porque os ouvidos das massas não estavam sintonizados com isso.

Da mesma forma, se você pegar as grandes bandas daquela época e colocá-las hoje… O que você está fazendo? Então, existe essa coisa. Mas certamente, eu acho, é um grande quebra-cabeça, e ajuda, certamente ajuda, não diminui, se você tiver a maioria dessas peças no quebra-cabeça, para que a imagem fique mais clara. Ajuda. Os visuais ajudam.

Little Richard colocando as pernas para cima do piano e tocando piano como um selvagem, o que não tem nada a ver com as músicas, mas ajuda na encenação? Sim. Chuck Berry fazendo o duck walk. O que isso tem a ver com a música? Nada. Mas quando você o vê ao vivo, realmente ajuda.”

Sente falta da banda por aí? Vale lembrar que o KISS deixou a maquiagem de lado entre 1983 e 1996, mas a retomou depois disso e encerrou a carreira ainda usando o visual que marcou tantas vidas.

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