ALQUIMIA SONORA

"Metamorfoses, Riddims e Afins": a inquieta reinvenção de BNegão

Em seu primeiro disco solo, BNegão explora o que chama de “autocracia criativa”

BNegão
Foto: Divulgação

Como atravessar fronteiras musicais e transformar sonoridades em movimento? BNegão parece ter encontrado a resposta em Metamorfoses, Riddims e Afins, seu primeiro álbum-solo após décadas de contribuição para a cultura brasileira.

O disco, disponível em todas as plataformas digitais, apresenta uma combinação singular de samba-reggae, cumbia, punk nacional e arrocha carioca. Sob a curadoria do próprio artista, a obra reflete sua busca incessante por novidade, liberdade criativa e conexão com suas raízes.

“Das coisas que eu quero fazer na vida, eu só fiz 30%”, afirma BNegão, durante entrevista exclusiva ao TMDQA!. “Essa é uma vontade de criar músicas que não existem ainda, de trazer novos olhares e pontos de vista. São coisas que estão gestando na minha mente há muito tempo. Esse álbum representa um grau de realização absurdo.”

A alquimia sonora de BNegão

Com faixas que alternam entre o visceral e o introspectivo, o disco desafia convenções e propõe novas alquimias sonoras. A jornada começa com a envolvente “Intro Amazônica”, guiada pela energia xamânica do acreano Sandro Lustosa, e passa por “Tudo No Esquema (Pensamento Libertário)”, que mistura cumbia, samba-reggae e rap em um convite à liberdade.

Entre as recriações, destaca-se “A Verdadeira Dança do Patinho Inna SSA Styla”, que reinventa um clássico dos Seletores de Frequência com o poder do pagodão baiano. “Ela virou um estouro desde que nasceu, tocada no Navio Pirata do BaianaSystem, e eu vi a necessidade de gravá-la”, explica o artista. Outra releitura emblemática é “Injustiça”, que aborda questões sociais em uma parceria com Maxado.

“Eu sempre tenho ideia de aprofundar um pouco mais a crítica e sair do superficial para que não tenha um prazo de validade. Essa música foi feita em 2006, que é basicamente uma leitura do Brasil e eu não queria deixá-la num limbo. Eu ainda fiz questão de falar tudo devagarinho, muito bem entendido, e com uma melodia linda pra contar essa história sinistra sobre o Brasil”.

Autocracia sonora

Ao longo de sua carreira, BNegão esteve cercado por grupos geniais como Planet Hemp e Seletores de Frequência. Agora, em seu primeiro disco solo, ele explora o que chama de “a autocracia criativa”.

“Uma banda é democrática; todos votam e decidem. Mas essa minha questão de difusão de estilos é algo que eu queria fazer há décadas. Com 50 anos, eu não podia mais esperar”.

Para BNegão, a liberdade também está na forma como o disco dialoga com a rua e com o som urbano. “Os timbres, as melodias e referências são muito isso: hip hop e punk nacional. O rap sempre está presente na minha produção, assim como elementos eletrônicos que conectam o Brasil com o mundo”, afirma.

Uma contribuição na cena

Metamorfoses, Riddims e Afins se apresenta como uma obra feita do Brasil para o mundo, conectando novas e antigas tradições a uma produção moderna. “Minha energia motriz sempre foi a busca por mudança”, explica o rapper. “Esse disco sintetiza minha busca por expandir fronteiras e criar algo que discuta o país pelo mundo.”

Com participações de nomes como Pedro Selector, Gilber T, BaianaSystem e Heavy Baile, o disco carrega o DNA colaborativo do artista. Mas é no toque pessoal, na liberdade de se reinventar e no desejo de dialogar com o coletivo que BNegão apresenta um marco em sua carreira. Como ele mesmo diz: “Esse é o início de uma coisa nova que quero mostrar para o Brasil todo.”

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