O final de 2024 chegou e, com ele, as clássicas listas de melhores do ano. No caso dos filmes, sempre existe a dúvida entre as produções mais populares versus os títulos mais artísticos, os filmes dos grandes centros versus indústrias fora dos Estados Unidos… são dezenas de opções e uma tarefa árdua: escolher apenas 10 indicações.
No caso da lista dos 10 melhores filmes de 2024 do TMDQA!, para delimitar as opções, não foram considerados os filmes lançados no começo do ano, na corrida pelo Oscar 2024. Isso porque a maioria deles estreou fora do Brasil ainda em 2023, chegando aqui principalmente nos meses de janeiro e fevereiro. Menções honrosas, então, para Anatomia de uma Queda, Zona de Interesse, Pobres Criaturas e Os Rejeitados, que estariam no Top 10 com certeza.
Da mesma forma, não foram considerados os filmes já lançados em circuitos de festivais internacionais, mas que ainda não estrearam nos cinemas brasileiros. Ou seja, algumas produções que já constam nos melhores do ano fora do Brasil não estarão aqui, como é o caso de Conclave, Anora, O Brutalista e Emilia Perez, entre outros.
Sem mais delongas, confiram a seguir os principais filmes de 2024!
10 – Longlegs – Vínculo Mortal
Longlegs acabou criando um pouco de ranço para si próprio ao exagerar no marketing de “o filme mais assustador do ano”. E é justamente por ele não ser tão assustador e não apelar para jump scares baratos que ele é tão bom.
Trata-se de um suspense policial que utiliza elementos sobrenaturais para criar uma atmosfera tensa e intrigante. Além disso, as atuações são o grande destaque, com atenção especial para Nicolas Cage e um visual, este sim, horripilante. Acerto da campanha de divulgação, que conseguiu esconder a transformação até a estreia e olha… até hoje ele causa arrepios.
9 – Robô Selvagem
As animações sempre têm lugar garantido nas listas de melhores do ano e Robô Selvagem, da Dreamworks, conseguiu o carinho do público mesmo sem muito alarde. A trama é curiosa: um robô que foi desenvolvido para obedecer a humanos acaba caindo em uma floresta e passa a interagir apenas com animais, tornando-se “mãe” de um ganso filhote.
Essa é a típica animação que é mais feita para os pais do que para as crianças. Apesar de ser visualmente bonito e possível de encantar os pequenos, ele traz reflexões incríveis sobre pais e mães inexperientes. De outra perspectiva, é uma ótima história para que filhos sintam-se capazes de se virar e tornarem-se indivíduos autônomos. E tudo isso de uma forma muito engraçada, que é um diferencial.
8 – Rivais
Uma das grandes surpresas do ano, Rivais é um filme sobre esporte e que tem uma energia diferente do que estamos acostumados em produções assim. O trio de protagonistas formado por Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor tem uma química tão impressionante que as partidas de tênis e os resultados em si nem são o que mais chamam a atenção.
O diretor Luca Guadagnino consegue novamente criar uma atmosfera de tensão, curiosidade, empolgação, excitação, tesão… tantas sensações que fica até difícil entender para quem – e para o quê – estamos torcendo. Vale também um destaque especial para a trilha sonora de Trent Reznor & Atticus Ross, que entrou inclusive na lista de Melhores Discos Internacionais do TMDQA! em 2024.
E o mais importante: o filme é divertido, fluído e deixa a clara sensação de que não estamos nos arrastando até o final. Na verdade, é um dos casos em que poderia haver mais 60 minutos de duração que, naquele ritmo, estaria tudo bem.
7 – O Mal Não Existe
O diretor Ryusuke Hamaguchi se tornou mais conhecido no Ocidente após o filme Drive My Car, que figurou nas maiores premiações do cinema e chegou até a concorrer ao Oscar de Melhor Filme em 2022. Agora, com O Mal Não Existe, ele aposta em um ritmo diferente, bem lento e contemplativo, e uma crítica socioambiental bem perspicaz.
A trama acompanha os moradores de uma vila rural próxima a Tóquio, onde uma grande empresa quer construir um “glamping”, uma espécie de acampamento de luxo que propõe uma reconexão dos seus clientes com a natureza. É lógico que esse papo é raso e o filme explora, entre outras coisas, a contradição desse discurso eco amigável, mas que não passa de uma maquiagem moderninha para exploração e mais busca pelo lucro.
6 – Um Homem Diferente
Edward (Sebastian Stan) vive um ator que tem uma deformidade no rosto devido a uma doença chamada neurofibromatose. Ele se submete a um procedimento cirúrgico, passa a ter um rosto considerado “normal”, mas cria um tipo de obsessão por outro ator, Oswald (Adam Pearson), que tem a mesma condição de saúde, mas apresenta um comportamento muito mais empoderado.
Um Homem Diferente cria um cenário vagamente similar ao colega de lista A Substância, no qual um indivíduo é colocado à prova quando se vê infeliz consigo próprio e não consegue definir se esse sentimento vem de si ou do que os outros esperam dele. Ao mesmo tempo que lida com a rejeição, Edward passa a sofrer com a mudança no status de vítima ao qual ele estava acostumado a se colocar. Um baita filme, uma baita história.
5 – Nickel Boys
Por se tratar de um drama histórico, focado em um período muito específico da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, a impressão é que Nickel Boys passou batido pelo público brasileiro em 2024.
Mas trata-se de uma poderosa adaptação do romance homônimo de Colson Whitehead (2019), que explora temas de injustiça racial, amizade e resiliência. O filme mostra a história de Elwood e Turner, dois jovens negros que enfrentam a brutalidade de uma escola no sul dos Estados Unidos durante a era Jim Crow. Uma narrativa que é devastadora e, ainda assim, profundamente humana.
Dirigido por RaMell Ross, a produção é um impacto emocional garantido em quem o assiste e se revolta com a crueldade do racismo estrutural nas instituições do passado e do presente.
4 – A Substância
Dá para falar sobre A Substância a partir de tantas perspectivas que é difícil escolher apenas um fio condutor do debate. A história de uma estrela do entretenimento que é substituída porque está ficando velha – algo comum em Hollywood – ser protagonizada por Demi Moore já é suficiente para horas de reflexão.
Também é possível destacar a estética muito caprichada escolhida pela diretora Coralie Fargeat, cheia de significados nas entrelinhas; ou as referências a filmes de Stanley Kubrick e alguns outros clássicos do terror e da ficção científica; ou o mergulho ousado no horror corporal e o abraço ao surrealismo, saindo de uma narrativa literal para viajar na forma como se desenvolve a história.
A Substância é um filme riquíssimo e não pode ficar de fora das menções dos melhores do ano.
3 – Duna: Parte 2
Por muitos anos, foi disseminada a ideia de que era impossível adaptar Duna para o cinema. A obra escrita por Frank Herbert era tão complexa e cheia de características tão específicas que não se ousava mexer na história que inspirou tantas ficções científicas e aventuras espaciais que a sucederam.
Denis Villeneuve já havia mostrado com o primeiro filme da saga de Paul Atreides que não era bem assim e, com Duna: Parte 2, ele fincou o pé como quem diz “não só é possível adaptar Duna, mas tem como melhorar essas adaptações a cada filme”. E é isso: a continuação da saga mais importante da ficção científica fantástica consolida a franquia como uma das melhores da atualidade.
De quebra, Timothée Chalamet também fica marcado como um dos maiores astros de Hollywood, um dos nomes mais confiáveis para grandes blockbusters.
2 – Nosferatu
A própria existência do Nosferatu de Robert Eggers já é um tema para debates, uma vez que é o remake de um dos filmes mais estudados de todos os tempos, o Nosferatu de F. W. Mumau, ícone do expressionismo alemão de 1922.
A nova versão, porém, traz para a mesa muitos outros assuntos, como os simbolismos do terror clássico que até hoje podem ser ferramentas para explorar o medo e a solidão no cinema, além da atualização da lenda de Nosferatu para se encaixar em contextos atuais, entre muitos outros exemplos.
O elenco dá um toque muito positivo para as sensações despertadas pelo filme, mas é Robert Eggers que sai como grande destaque. O homem tem uma carreira relativamente recente e já conseguiu se estabelecer como um diretor de estilo próprio, corajoso e, o melhor de tudo, muito competente.
1 – Ainda Estou Aqui
Além de ser um grande filme por si só, Ainda Estou Aqui é um dos maiores acontecimentos do ano por ter sido capaz de despertar novamente um sentimento raro: o orgulho do cinema nacional. De tempos em tempos, alguns fenômenos lembram o grande público de que existe, sim, muito valor na produção audiovisual brasileira.
Além de ser uma história acessível, contar com atuações impressionantes e chamar a atenção também do público internacional, o filme dirigido por Walter Salles conseguiu criar uma espécie de conexão dos espectadores entre si, uma identificação e um compartilhamento de sensações que é difícil de explicar.
Apenas grandes obras conseguem fazer isso e Ainda Estou Aqui o fez. O filme já nasceu um clássico!
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