À medida que o tempo passa, novas descobertas surgem sobre os avanços das inteligências artificiais e um estudo global identificou que criadores de música, além do mercado audiovisual em geral, perderão mais de R$100 bilhões nos próximos anos para a IA.
Segundo os dados coletados, o mercado de conteúdos de música e audiovisual gerados por IA crescerá de R$16 bilhões (€3 bilhões) atualmente para R$340 bilhões (€64 bilhões) em 2028.
As receitas de serviços de IA generativa na música e audiovisual estão projetadas em R$48 bilhões (€9 bilhões) em 2028, frente a R$1,6 bilhão (€0,3 bilhão) nos dias atuais.
Os resultados calculam que a IA generativa enriquecerá empresas de tecnologia, ao passo que coloca em risco substancial a renda de criadores humanos nos próximos cinco anos. Eles podem perder, respectivamente, 24% e 21% de suas receitas até 2028, o que equivale a uma perda cumulativa de R$117 bilhões (€22 bilhões), sendo R$53 bilhões (€10 bilhões) na música e R$64 bilhões (€12 bilhões) no audiovisual.
O estudo encomendado pela CISAC (Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores, que representa mais de 5 milhões de criadores) e conduzido pela PMP Strategy revelou ainda que as receitas futuras de provedores de IA generativa aumentarão para R$21 bilhões (€4 bilhões) anuais na música (frente a R$0,5 bilhão (€0,1 bilhão) em 2023) e R$26,5 bilhões (€5 bilhões) no audiovisual (frente a R$1,06 bilhão (€0,2 bilhão) até 2028.
Vale lembrar que as receitas são derivadas diretamente da reprodução não licenciada de obras de criadores, representando uma transferência de valor econômico dos criadores para empresas de IA.
Complicado!
Criadores de música e audiovisual perdem mercado para a IA
No setor musical, conforme o relatório da pesquisa, os mercados de streaming e bibliotecas musicais serão fortemente impactados pela IA que, em 2028, representará aproximadamente 20% das receitas de plataformas tradicionais de reprodução de música digital e cerca de 60% das receitas de bibliotecas musicais.
Já tradutores e adaptadores para dublagem e legendagem serão os mais afetados na indústria audiovisual, com 56% de suas receitas em risco, enquanto roteiristas e diretores poderão perder entre 15% e 20% de suas receitas.
Em conclusão, o estudo afirma que tudo isso é feito com base em não haver qualquer tipo de alteração na regulamentação do uso de IA:
“Em um cenário regulatório inalterado, os criadores sofrerão perdas em duas frentes: perda de receitas devido ao uso não autorizado de suas obras por modelos de IA generativa, sem remuneração; e substituição de suas fontes de receita tradicionais pelo efeito de substituição de outputs gerados por IA, competindo com obras feitas por humanos”.
Presidente da CISAC, Björn Ulvaeus destacou a importância da pesquisa como um guia para gerar debates legislativos ao redor do mundo:
“A IA tem o poder de criar novas e empolgantes oportunidades para os criadores, mas, se mal regulamentada, também pode causar grandes danos às suas carreiras e meios de subsistência. O resultado dependerá, em grande parte, das escolhas feitas pelos legisladores. É crucial proteger os direitos dos criadores e desenvolver um ambiente de IA que valorize a criatividade e a cultura humanas”.
Gadi Oron, diretor-geral da CISAC, completou:
“Este estudo mostra o imenso valor que obras protegidas por direitos autorais trazem às empresas de IA generativa. Legisladores devem agir urgentemente para proteger os criadores humanos, garantindo transparência e direitos legais no ambiente de IA”.
O debate está só começando, né?
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