O ano de 2024 foi um marco na cena do rap, tanto nacional quanto internacional. Enquanto Kendrick Lamar transformava uma diss em um hit mundial com “Not Like Us”, o Brasil reafirmava sua força com projetos memoráveis lançados ao longo dos meses. E, nesse cenário vibrante, dois nomes se destacaram acima de todos: Duquesa e Febem.
Historicamente, cada ano tem seus protagonistas no rap. Em 2020, por exemplo, Djonga liderou com maestria; em 2021, Tasha e Tracie elevaram a barra do gênero. Agora, 2024 se consolidou como o ano de Duquesa e Febem, não apenas pelos álbuns que lançaram, mas pela consistência, originalidade e impacto que imprimiram em cada verso e performance.
Febem é a verdade em forma de rima
Desde que deu início à sua carreira solo, em 2016, Febem tem sido um exemplo de consistência e evolução. Com seis discos lançados até o ano passado – incluindo dois álbuns do BRIME! –, ele construiu uma discografia que não apenas manteve, mas elevou o padrão a cada lançamento. Sua habilidade de se reinventar fez com que ele se tornasse um dos rappers mais subestimados da cena, apesar de estar entre os melhores de sua geração.
Em 2024, Febem se superou com o lançamento de Abaixo do Radar. O álbum é uma declaração de intenção e um retrato fiel de sua trajetória, alimentado pela verdade que permeia sua arte. Suas rimas, cruas e autênticas, exploram conquistas e desafios com uma vulnerabilidade rara, tornando o disco uma obra visceral e singular.
Outro ponto alto de sua carreira foi a habilidade de transformar vulnerabilidade em força. Febem narra suas conquistas e percalços com um lirismo único, capturando a essência de sua jornada. Essa capacidade de traduzir a própria verdade em arte o diferencia e eleva o rap nacional a novos patamares.
Mas Febem não parou por aí. Ele coroou seu ano brilhante com HIGH BOYZ, um EP em colaboração com Sain. A colaboração, aguardada por anos, mostrou a sinergia entre dois dos mais brilhantes talentos da cena. O projeto tem a leveza de uma obra criada sem pressão, mas impressiona pela qualidade em cada verso e beat, destacando ainda mais o momento áureo de Febem.
Em 2024, Febem fez jus ao apelido de Bolt: inalcançável.
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Duquesa reinventou o jogo
De Feira de Santana para o mundo, Duquesa deu seus primeiros passos em 2022, mas foi em 2023 que a artista encontrou sua verdadeira voz com o primeiro volume de Taurus. O disco marcou uma transformação: ela deixou para trás as melodias suaves do R&B e abraçou o trap com fervor, revelando uma persona poderosa e incisiva.
O clipe de “Taurus/Única”, lançado em 2023, simbolizou a virada de chave em sua carreira. Com punchlines afiadas e uma postura imponente, Duquesa mostrou que estava pronta para dominar a cena, trazendo uma combinação explosiva de técnica e atitude que imediatamente chamou atenção.
Em 2024, Duquesa não apenas manteve o fôlego, mas superou expectativas com a sequência de Taurus. O volume 2 ampliou sua paleta sonora, explorando gêneros como drill, disco, R&B e house, tudo sem perder a essência que a tornou um nome único na cena. O álbum é uma demonstração de versatilidade e amadurecimento, consolidando sua posição como uma das artistas mais promissoras do rap brasileiro.
Sua potência em 2024 não se limitou aos álbuns. Participações emblemáticas em faixas como “Fogo e Gasolina”, de Vulgo FK, e “Eles Me Odeiam”, de Ryu The Runner, além do aclamado “Set AJC 2”, reforçaram sua presença. E não se pode deixar de mencionar “Fuso”, um dos singles mais marcantes do ano.
A culminação desse trabalho é a indicação ao BET Awards 2024 na categoria “Melhor Novo Artista Internacional”. Essa conquista reflete não apenas sua excelência técnica, mas também sua habilidade de desafiar os limites do gênero, incorporando novas influências e expandindo o conceito de ser uma mulher negra no rap brasileiro.
Se há algo que esses últimos 12 meses provaram, é que Duquesa e Febem transcendem o papel de apenas artistas. Eles são visionários, capazes de elevar o rap a novos patamares e inspirar uma geração inteira. E se o 2024 tem dois nomes, eles são Duquesa e Febem, os protagonistas de um ano histórico.
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