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Sem risadinha!

"After Laughter": como o Paramore transformou álbum mais pessimista da carreira em um sucesso atemporal

Em 2016, banda de Hayley Williams e Taylor York "mascarou" letras importantes sobre ansiedade e hipocrisia com sonoridade dançante e "electropop"

Meus Discos, Meus Amigos: "After Laughter", do Paramore
Imagens: Divulgação

Sabe quando você dá uma risada gostosa, e momentos depois já está sério de novo? O que é esse sentimento que nos traz “de volta para a realidade” depois de um período de alegria? Foi isso que o Paramore tentou capturar com o álbum After Laughter, de 2016.

Além de nos ajudar a entender os desafios do século 21, a banda de Hayley Williams fez com que muita gente conhecesse seu trabalho a partir desse disco, incríveis 10 anos depois de explodir como uma das expoentes do emo e do pop punk dos anos 2000.

Encarnando uma nova formação depois de vários conflitos internos, o Paramore decidiu explorar estilos como new wave, funk e synth pop, e mostrou para o mundo que, quanto mais perto chegam de uma separação, mais a banda encontra motivos para seguir unida.

Com letras que falam sobre a ansiedade do envelhecimento, as pressões do mercado e “esconder” as próprias emoções, o grupo criou um álbum que virou “melhor amigo” de muita gente, e será tema da coluna de hoje!

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Os conflitos e mudanças de formação do Paramore nos anos 2010

A trajetória do Paramore começou a mudar em 2010, quando Josh Farro, guitarrista e compositor principal do grupo até ali, acusou a banda de ser “um produto fabricado da gravadora” em torno de Hayley Williams, sem liberdade criativa para os demais. Seu irmão, o baterista Zac Farro, o acompanhou na decisão de sair da banda.

Mas o trio que ficou, completado pelo guitarrista Taylor York e o baixista Jeremy Davis, não apenas seguiu em frente como iniciou a “reinvenção musical” do grupo com o álbum Paramore (2013), considerado um marco do rock alternativo daquele início de década.

Essa foi a semente para After Laughter, e três anos depois o Paramore deu um passo adiante em suas experimentações ao retornar à cidade natal de Nashville, no Tennessee, para gravar um álbum “em casa” pela primeira vez na carreira.

Assim como o anterior, o álbum foi produzido por Taylor em parceria com Justin Meldal-Johnsen, conhecido por seu trabalho com Beck e o Nine Inch Nails. A diferença é que Jeremy Davis também tinha “pulado do barco”, mas Zac Farro embarcou de volta – esta é a formação que continua até hoje.

Está se sentindo pessimista? Então vamos dançar!

Em 12 faixas e 42 minutos no total, After Laughter é um contraste perfeito entre um som animado e dançante, inspirado nos anos 1980, e letras pessimistas sobre a hipocrisia da sociedade, a falta de sentido e o “vazio existencial” que sentimos às vezes.

O disco começa simplesmente com os versos: “Tudo que eu quero é acordar de boa, me convencer de que estou bem e não vou morrer”, no poderoso single principal “Hard Times” – atualmente a 4ª faixa mais popular da banda nos streamings.

Na sequência, “Rose-Colored Boy” critica o “otimismo tóxico” de algumas pessoas, enquanto “Told You So” fala sobre o machismo constante sofrido por Hayley no showbiz, com tantos homens querendo mostrar que têm mais razão do que ela.

“Fake Happy” é um retrato do pessimismo do álbum, com o refrão que diz: “Não me faça fingir / Eu aposto que todos aqui estão ‘falsamente felizes’ também”, enquanto a faixa “26” traz uma pitada de esperança com os versos: “Dizem que sonhar é de graça, mas eu pagaria qualquer preço”.

Em entrevista à iHeart na época de lançamento, Williams explicou o conceito por trás de After Laughter e os perrengues que levaram o Paramore até aquele ponto:

“Nós não fizemos muita coisa [desde o álbum ‘Paramore’, 2013], exceto um álbum chamado ‘After Laughter’, e passamos por muitos ‘momento difíceis’ nesse tempo, por isso temos uma música chamada ‘Hard Times’.

O título ‘After Laughter’ é sobre aquele olhar no rosto das pessoas quando elas terminam uma risada. Se você observar alguém por tempo o suficiente, verá esse olhar ‘depois do sorriso’ que eu sempre achei fascinante de imaginar o que foi que os trouxe de volta para a realidade”.

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Ouça After Laughter, álbum do Paramore mais repleto de significados

Além das letras cheias de sentimento de Hayley, podemos dizer que Taylor York foi o “coração musical” de After Laughter. O guitarrista assinou a composição de todas as músicas e tocou teclado, sintetizadores e percussão, além de ter produzido, editado e cuidado da engenharia de som do álbum.

Vale a pena prestar atenção nas mudanças de melodia presentes em praticamente todas as faixas, no último refrão de cada uma delas, algo que deu uma dinâmica incrível para o som do Paramore dos anos 2010 em diante.

O disco estreou na sexta posição da Billboard 200, marcando o terceiro álbum Top 10 da banda nos EUA, e também atingiu as primeiras posições em outros sete países, incluindo Reino Unido, Canadá e Austrália.

Relembre abaixo todas as músicas de After Laughter, essa verdadeira obra-prima do pop rock dos anos 2010 e amigo de primeira hora para quem curte um som fácil e popular, mas cheio de significado!

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Rafael Teixeira, redator e editor de podcasts do TMDQA!
Meus Discos, Meus Amigos com Rafael Teixeira

Repórter, apresentador e locutor especializado em música, Rafael Teixeira é redator e editor de podcasts no TMDQA!, onde também faz cobertura de shows e cria vídeos para Reels e TikTok. Participou da transmissão oficial do Rock in Rio Lisboa e do Primavera Sound São Paulo em 2022 e é apaixonado por rádio, tendo passado pela CBN e Rádio Bandeirantes, onde cobriu três Eleições, Copa do Mundo e Olimpíadas.