
Março nos convida a refletir sobre as diversas realidades de ser mulher, e no underground essa presença é sinônimo de resistência. Em um cenário historicamente dominado por homens, mulheres conquistaram espaço com talento e luta, transformando a música em ferramenta de denúncia e enfrentamento.
Bandas como Manger Cadavre?, Cáustico, Corja!, Humanal e Kidsgrace refletem a diversidade do underground, abordando temas como feminismo, identidade de gênero, saúde mental e desigualdade. Mas sua atuação vai além: elas exploram o imaginário criativo e fazem da própria presença na cena um ato de resistência. O underground abriga mulheres cis, trans, lésbicas, periféricas, de diferentes realidades, cada uma com sua trajetória, mas todas impulsionadas pelo desejo de mudança.
Mais do que nunca, é essencial apoiar e amplificar essas vozes. O que essas bandas fazem vai além da música – é resistência e transformação. E essa luta precisa ser reconhecida o ano todo, não apenas em março.
Venha conhecer 10 bandas que precisam estar na playlist de qualquer fã de Rock e Metal!
Cáustico
Cáustico é um duo experimental de noisy punk de Jundiaí, São Paulo, que traz um elemento raro e desafiador: Cely Couto, além de baterista, também assume os vocais. Comandar a bateria e cantar é uma habilidade para poucos, e ainda mais raro é ver uma mulher ocupar essa posição. A banda mistura punk, noise rock e drone, criando uma sonoridade intensa e única. Em 2022, lançaram LIVE DEMO I, e em 2023, o single “Rebranding”. Matheus Campos é a contraparte responsável pelas cordas, sintetizadores e voz.
Ethel Hunter

Ethel Hunter é uma banda de death metal de Curitiba, Paraná, que se destaca por ter à frente Larissa Pires nos vocais. Com uma formação sólida e influências do metal extremo, a banda traz uma sonoridade pesada e técnica. A presença de Larissa com seu vocal gutural em um gênero predominantemente masculino é um diferencial importante, mostrando a força feminina na cena do metal. A banda é composta também por Hernan Rodrigo (baixo), Gerson Watanabe (guitarra), Weliton Lisboa (bateria) e Bruno Schmidt (guitarra). Acabam de lançar o single “Passage to Death”.
Kidsgrace
Kidsgrace é uma banda de hardcore formada em 2022 no Distrito Federal, composta por mulheres cis e trans. A formação inclui Tuttis (vocal), Dabi e Lorena (guitarras), Débora (baixo) e Vênus (bateria). O grupo traz letras que abordam temas sociais, psicológicos e disforia. Em 2023 lançaram o EP Tudo está normal (?). A banda se destaca não apenas pela sua sonoridade intensa, mas também por sua representatividade, diversidade e por quebrar paradigmas de estética e gênero.
Mityma
Mityma é uma banda carioca de sludge metal formada no final de 2023, e seu maior diferencial é ser composta exclusivamente por mulheres – uma resistência em si dentro do metal extremo que nos lembra cotidianamente de enxergar mulheres para além do mês de março. O blackened sludge do Mityma combina a agressividade do black metal com a brutalidade do sludge, entregando vocais rasgados, riffs arrastados e letras carregadas densas.
Hatefulmurder
Hatefulmurder é uma banda brasileira de death metal melódico formada em 2008 no Rio de Janeiro. Composta por Angélica Burns (vocais), Renan Ribeiro Campos (guitarra), Felipe Modesto (baixo) e Thomás Martin (bateria), a banda se destaca pela potente voz de Angélica. Ao longo de sua carreira, lançaram álbuns e contam com Jimmy London (Matanza Ritual) em “Engrenagem”. I Am that Power é o mais recente álbum.
Humanal
A vocalista Tati Klingel se destaca por sua voz potente e por sua atuação como mulher lésbica na cena metal, promovendo a representatividade. Ela é a voz à frente da Humanal, banda de groove metal de Curitiba formada em 2020, com uma sonoridade que mistura jazz, death metal, música brasileira e rock progressivo. Recentemente, o grupo lançou o single “Vanity” e este mês dividirá o palco com os russos Slaughter to Prevail em sua primeira passagem pelo Brasil, em Curitiba. A formação inclui André Lazzaretti (guitarra e vocais), André Preto (bateria) e Maurício Escher (baixo).
Manger Cadavre?
Sem dúvida, a identidade do Manger Cadavre? passa pela vocalista Nata de Lima, uma grande agitadora cultural que impulsiona a cena underground, especialmente com projetos como a União das Mulheres do Underground e o podcast Blasfêmea (Canal Scena). A banda aborda temas contra a opressão e a favor da consciência de classe, desafiando o status quo. Recentemente, retornaram do Obscene Extreme Festival na Europa e continuam a expandir sua expressão nacional sendo uma das bandas mais ativas da atualidade em termos de turnês. A formação inclui Marcelo Kruszynski (bateria), Bruno Henrique (baixo) e Paulo Alexandre (guitarra). Acabam de lançar o álbum Como Nascem os Monstros.
CRAS
CRAS é uma banda de sludge metal formada em 2014 em São Paulo, conhecida por suas letras existenciais e introspectivas. Com a vocalista Marili Munari à frente, a banda aborda temas como conflitos emocionais e existenciais. A colaboração com a produtora May Puertas, uma mulher em uma posição dominada por homens, foi um marco na trajetória da banda. Recentemente, lançaram o single “Monumentos de Carne”, iniciando os trabalhos para seu primeiro álbum. A formação inclui Lucas França (guitarra), Hércules Breno (baixo) e Cris Cezar (bateria).
INRAZA
A INRAZA sempre deu voz às mulheres, e essa tem sido uma marca importante da identidade da banda. Antes de Fernanda Souza, a vocalista Stephanie Nusch foi responsável pelos vocais, mantendo o foco em representar a presença feminina no metal. A banda, que mistura death/groove metal com comentários sociais, segue com sua proposta de amplificar essas vozes, abordando temas de manipulação de massas e abuso narcisista no single mais recente “Crowning”. A formação atual inclui Davi Oliveira (bateria), Robin Gaia (baixo) e Bruno Ascêncio (guitarra).
Corja!
Corja! é uma banda de metal do Ceará, com um som que mistura elementos de várias vertentes do metal extremo, criando uma sonoridade intensa e visceral. Liderada por Haru Cage, uma vocalista lésbica e nordestina, a banda é conhecida pela sua performance de palco única e autêntica, com guturais poderosos e uma energia que faz dela uma força da natureza e um espetáculo a parte. Haru se posiciona com orgulho sempre empunhando a bandeira LGBT nos shows, trazendo visibilidade e autenticidade à sua arte.
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A coluna definitiva para os apaixonados pelo heavy metal que traz uma curadoria afiada de bandas e temas que merecem sua atenção. Um mergulho no som que molda gerações. Se você vive e respira metal, essa é a sua leitura obrigatória!