
Em poucos dias, o Incubus estará de volta ao Brasil – e, dessa vez, a espera foi bem curta para os fãs. Há cerca de seis meses, o grupo veio ao país para se apresentar no Rock in Rio, mas agora irá fazer duas performances solo em Curitiba e São Paulo celebrando o icônico álbum Morning View, que será tocado na íntegra.
Antes desse retorno, Brandon conversou com o TMDQA! e falou com exclusividade sobre temas que vão além do show, incluindo a importância dessa turnê para a banda, a nova formação com a entrada da baixista Nicole Row e até um novo disco de inéditas, que está previsto para ser lançado ainda em 2025.
Como você pode ver clicando aqui, Brandon também aproveitou a oportunidade para eleger os 4 discos que mudaram sua vida, e o papo cheio de simpatia do vocalista também passou por detalhes sobre o processo de revisitar Morning View e até um curioso show no Chile que aconteceu há poucos dias.
Veja o papo na íntegra a seguir, logo após as informações dos shows no Brasil!
Incubus no Brasil em 2025
O primeiro show do Incubus no Brasil em 2025 acontece no dia 8 de abril, em Curitiba, e o segundo no dia 10 de abril, em São Paulo, respectivamente no Live Curitiba e no Espaço Unimed.
Todos os ingressos para os shows do Incubus no Brasil estão sendo vendidos pela plataforma da Tickets For Fun. Você pode garantir o seu clicando neste link e acessando a página dedicada à cidade na qual você quer ir ao show.
TMDQA! Entrevista Brandon Boyd (Incubus)
TMDQA!: Oi, Brandon!
Brandon Boyd: Olá! Adorei o nome do site. [risos] E adorei esse pôster do Bad Brains na sua parede!
TMDQA!: Opa, obrigado demais! É um prazer estar falando contigo, sou grande fã do Incubus há muito tempo. Acho que temos muito pra conversar, mas queria começar falando sobre o Brasil, afinal, logo mais vocês estão por aqui – de novo! É engraçado, né? Vocês voltarem tão pouco tempo depois do show no Rock in Rio em 2024… Queria começar te perguntando justamente sobre qual a diferença dessas experiências na sua opinião, entre fazer um show no festival e depois vir para uma turnê solo.
Brandon: Bom, nós amamos tocar em festivais. Eu acho que o conceito deles é algo que me agrada muito, diria que pra maioria das bandas, na verdade. Pelo menos pra gente, a ideia de tocar em frente a um público que… algumas das pessoas estão ali pra te ver, mas alguns estão ali pra ver uma banda X ou Y ou Z.
Então, é meio que uma festa gigante, e acho que isso faz as bandas se esforçarem um pouco mais, sabe? Porque você não está simplesmente tocando para o seu público, você tem esse conhecimento de que há pessoas ali que não ligam pra você estar ali e isso é divertido porque é um pouco desafiador. E aí, claro, há todo o legado do Rock in Rio e você quer fazer jus a esse desafio, você quer ser tão bom quanto o legado pede, se é que isso faz sentido.
Mas quando você faz seus próprios shows, não é como se não déssemos nosso melhor também, mas é que há um certo apoio do público – as pessoas te seguram um pouco mais, o que é incrível, nós somos incrivelmente gratos por isso. Mas nesse caso, especificamente, nós estamos indo tocar Morning View na íntegra, como uma peça só, do começo ao fim, e uma vez que terminarmos isso vamos passar os últimos 45 minutos ou coisa do tipo meio que passando por todo o resto do catálogo. Então, também será um daqueles grandes shows de Rock, mas as duas coisas são definitivamente únicas em relação uma à outra.
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TMDQA!: Com certeza, faz sentido. Curiosamente, vai ser minha primeira vez vendo o Incubus ao vivo – até hoje, nossas agendas sempre conflitaram. [risos] Mas o curioso é que também é a primeira vez que o Brasil vai de fato ter uma “turnê” do Morning View, já que a primeira vez de vocês aqui já foi com outro disco!
Brandon: É verdade!
TMDQA!: Imagino que, pra vocês, tenha uma certa nostalgia em revisitar o álbum, mesmo que várias músicas dele já estejam no setlist há muito tempo. Então, queria saber como tem sido esse processo de revisitar músicas que vocês não tocavam há mais tempo, de levar esse disco para lugares que ainda não tinham recebido essa turnê…
Brandon: De verdade, tem sido uma experiência incrível. No começo eu estava meio nervoso, ou cético, eu diria, com essa ideia de tocar o disco do começo ao fim dentro de um show. Eu já vi bandas fazendo isso antes e no papel é sempre uma boa ideia, mas você nunca sabe como as coisas vão funcionar quando está no palco, sabe? Porque, olha, eu escrevo setlists há 30 anos e eu não faço eles como se fossem um álbum. [risos]
Sabe o que quero dizer? Eu os escrevo sempre com uma pegada de picos e vales, como se fosse uma jornada. Mas aí nós começamos [a tocar Morning View na íntegra] e fizemos uns 10 shows nos EUA ano passado, e a maneira como você descobre se algo está funcionando é quando o tempo voa. Você sabe que o tempo é bem gasto quando parece que passou rápido demais. E, quando fizemos os dois primeiros shows, nós chegamos ao final do Morning View e foi como se tivéssemos piscado e tudo tivesse acabado. Então eu fiquei tipo, “Ah, bom, isso funciona sim como um setlist ao vivo”. Só levamos 23 anos pra perceber isso! [risos] Nós provavelmente teríamos feito isso antes se soubéssemos que seria tão legal.
Então, como tem sido? Tem sido incrível. É incrível que as pessoas querem engajar novamente com esse álbum, com algo que nós fizemos quando éramos jovens, essencialmente. Ainda éramos tão novos na música e na indústria, e nós colocamos nossos sentimentos todos nisso, e saber que isso ainda funciona décadas depois é algo realmente maravilhoso. Nós agradecemos muito.
TMDQA!: É um disco fantástico e a ideia é ótima! Depois dessa experiência, vocês consideram fazer algo similar com outros álbuns?
Brandon: Nós conversamos sobre isso. Mesmo. Tem sempre um aniversário de algum disco chegando. [risos] Eu nunca sei os aniversários dos discos, eu sempre descubro pela internet – tipo, as pessoas me mandam as coisas. “Ah, feliz aniversário para o Grenades” ou “Feliz aniversário para o S.C.I.E.N.C.E.“, e é tipo, “Uau, olha, só, é aniversário daquele álbum”.
Enfim, a resposta é sim. Digo, provavelmente faremos isso em algum momento. Acho que só depende das circunstâncias.
TMDQA!: Aí sim! Brandon, nesse processo de revisitar o disco, certamente tem músicas que vocês estão revisitando depois de algum tempo – algumas inclusive com um aspecto mais complicado ao vivo, como “Aqueous Transmission”, uma das minhas preferidas. Queria saber de você qual tem sido um dos momentos preferidos desse processo, ou se alguma música que vocês revisitaram realmente ganhou um significado novo ou coisa do tipo?
Brandon: É interessante você mencionar “Aqueous Transmission” porque essa música… ela é, sim, desafiadora de fazer ao vivo, muito pelo fato de ser diferente de qualquer outra música que nós já escrevemos. Tipo, não é feita de uma maneira tradicional para uma banda de Rock! O Mikey está tocando uma pipa [instrumento de corda chinês], e eu de forma geral estou sussurrando a música inteira – o que parece fácil, mas quando você está gritando por uma hora e você muda para um sussurro, é definitivamente desafiador de uma maneira boa.
Mas, falando de uma maneira conceitual, essa é a música que eu achei interessante revisitar. Porque é meio que disso que ela fala: é sobre engajar novamente com alguém depois de um tempo, tipo, mais à frente no fluxo do rio, tipo, “Te vejo em algum momento no futuro”. Então, quando tocamos essa música agora, eu não deixo passar batido o fato de que estou conversando com meu eu do passado, sabe?
Quando eu canto “Further down the river” eu fico, tipo, “Oi, eu de 25, 26 anos. Agora eu tenho 49”. Então, sabe, é meio divertido! [risos]
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TMDQA!: Que legal saber disso. É definitivamente o momento do show pelo qual estou mais empolgado, ainda mais no contexto do disco completo! Mudando um pouco de assunto, vocês agora estão com a Nicole Row como baixista, e ela é fantástica. Como baixista, eu já a acompanhava por um tempo e fiquei bem feliz com essa nova formação. Queria saber como tem sido essa turnê, se já deu tempo de acostumar com a formação, e como está o processo de trabalhar com ela em estúdio.
Brandon: Sim, nós já terminamos um disco novo com ela, e foi muito divertido. Eu ouso dizer que foi muito fácil escrever e gravar com ela. Nós tivemos esse primeiro gostinho quando gravamos a nova versão de Morning View, e ela é incrível, ela é uma musicista incrível – o que já seria suficiente na maioria dos casos – e ela também é uma pessoa incrível, sabe? É muito divertido estar perto dela, e ela tem muita confiança em jogar com o time.
Tipo, toda vez que nós começamos a ficar cansados ou qualquer coisa do tipo, ela meio que… sabe, ela é consideravelmente mais nova que a gente. [risos] Acho que ela tem uns 15 anos a menos que a gente. Então ela meio que vira e fala, “O que vocês estão fazendo? Vamos continuar”, sabe. [risos]
Então, essa energia e esse entusiasmo dela têm sido muito bons para a banda e tem nos ajudado a nos manter como nossas melhores versões, por assim dizer. Acho que, de diversas maneiras, ela é uma brisa de ar fresco nessa banda. Ela é tão empolgada com música! E nós somos também, mas nós somos velhos e meio cansados. [risos] Então, pra mim, alguém que é jovem e não está nem um pouco cansado, é algo tipo, “Pô, você é legal, sabia? A gente precisa se ajeitar, ficar mais em forma”. Tem sido ótimo, cara, realmente muito divertido.
TMDQA!: Eu estou empolgado demais pra ouvir esse disco novo! Bom, eu tenho mais uma pergunta que eu deixei por último porque não sei nem como perguntar isso direito. Eu vi que vocês vieram ao Chile recentemente, meio do nada, e ninguém por aqui pareceu entender muito bem o que aconteceu por lá. [risos] Você consegue me explicar o que foi aquilo? Tipo, vocês voltam no mês que vem, o que vocês foram fazer lá tão em cima? [risos]
Brandon: [risos] Nem eu sei direito! De fato, nós já tínhamos marcado dois shows em Santiago, os shows do Morning View, e aí ofereceram da gente fazer esse festival que passaria na televisão. E era um show de uma hora, que nós sabíamos que seria transmitido ao vivo, e nós adoramos ir para Santiago! E o local do show era meio que a versão chilena do Hollywood Bowl, que é algo muito legal também.
Então, quanto ao que estava acontecendo… é algum tipo de programa de TV. Meu espanhol é uma vergonha, tipo, muito ruim mesmo. [risos] Eu sei que eles estavam entregando uns prêmios pra gente depois do show, e meio que todos nós ficamos tipo – e você consegue ver nossas caras nos vídeos -, “Oba, uau, meu Deus, obrigado, eu não tenho ideia do que diabos está acontecendo”. [risos] Mas é incrível! Nós amamos!
Até onde eu entendi, é meio que uma tradição onde eles chamam uma banda para tocar e aí entregam uma “Gaivota de Prata”, e aí olham para a plateia e perguntam, tipo, “Devemos dar a eles a Gaivota de Ouro?”, e se a plateia curtir, eles fazem barulho e, tipo, imitam gaivotas. [risos] E nós ganhamos a de Ouro, o que foi muito legal!
Mas é, foi muito divertido, eu estou diodo pra voltar.
TMDQA!: Brandon, muito obrigado pelo seu tempo! Obrigado também por continuar fazendo música e por tudo que vocês já fizeram, parabéns pelo trabalho incrível de décadas. Nos vemos em breve!
Brandon: Obrigado, de verdade! Foi um prazer. Até mais.
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