Fotos: I Hate Flash/Getty Images
Dia de de um indie rock épico, de muitos adolescentes em roupas exóticas e do Offspring, o dia 14/09 – segundo do Rock in Rio – deixou em destaque artistas esperados e como fazer (ou não) um show.
O Palco Sunset, como sempre, surpreendeu com atrações bacanas e com um som meia boca. Não pude ver Marky Ramone & Michale Graves por conta do trânsito carioca (escreverei o que tem de bom e ruim no transporte para o Rock in Rio aqui no TMDQA!), mas Offspring chegou com jogo ganho. Pouco importava se o último disco da banda não agradou ninguém ou se o som estava muito baixo. O público que lotava – mais que muito show do Palco Mundo – o Sunset surtou com clássicos como “All I Want”, “Why Don’t You Get a Job?” e “The kids aren’t alright”. A banda está muito bem, obrigado. E com novos fãs, com essa onda revival 90s se mostrando cada vez mais forte.
No Palco Mundo, Capital Inicial merece uma resenha em Dinhoouropretês: Cara, mano, do c****** fazer show com hits pra moçada, mas… meo, cara, mano, do c****** fazer protesto… cara, meo, cara… mas tá na hora de cantar um pouco melhor, cara. Prestar atenção no que faz pra essa moçada do c******, cara… Só isso, cara.
O 30 Seconds to Mars era uma incógnita para mim antes do show. Como nunca tinha parado para ouvir, resolvi deixar que eles me surpreendessem. E bem, eles conseguiram. Só não sei se positivamente. É bem verdade que Jared Leto se esforçou, como nunca fez no cinema, para ser o melhor ali. E para os fãs – que se amontoavam na frente do palco – o foi. Rolou camisa do Brasil, palavras em português, bolas, trampolins-meio-gangorra. Os fãs surtavam, mas o resto do público olhava apático, sem entender muito bem o que estava acontecendo. A sensação era de um espetáculo regido para as câmeras, para as pessoas que estavam vendo a transmissão. E Leto continuava a tentar atrair a atenção da plateia, conseguindo somente quando desceu de tirolesa, em uma imagem que vai marcar esse festival (e qualquer retrospectiva dele que seja feita). Ao fim do show, as luzes apagam e a sensação é de que a banda é uma espécie de Teatro Mágico não-circense, se esforçando em ser entretenimento e se esquecendo que é música.
Aliás, é complicado tentar ser racional e achar algo de bom no show depois do rolo-compressor que foram as apresentações de Florence + The Machine e Muse. Florence subiu ao palco com um vestido estranho e esvoaçante, bem bonito com a arte do palco, que remetia a uma capela. A empolgação e emoção de uma visivelmente alcoolizada e feliz ruiva contagiou enlouquecidamente as pessoas. Poderia destacar aqui “Shake it out” ou “You’ve got the love”, talvez a corrida alucinada no meio da galera em “Rabbit Heart”, mas o controle quase emocional que ela fez no megahit “Dog Days are over” foi o ponto alto. A sensação era realmente de estar numa capela, num culto pagão maluco regido por Florence. E isso é um elogio.
O Muse fechou a noite com um show com aquilo que eles fazem melhor: drama. A banda, que vem testando a paciência dos seus fãs com lançamentos medianos nos últimos anos, provou ao vivo que todas as experimentações que tem buscado faz sentido e é muito bom. Misturando clássicos como “Time is Running Out” e a versão de “Feeling Good” com novas como “Follow Me” e “Madness”, a banda empolgou e surpreendeu o público (o que sobrou dele, já que uma quantidade considerável foi embora depois da Florence).
A lição do dia, crianças: é ótimo interagir com o público. Aliás, é o que se espera de um festival plural como o Rock in Rio. Mas façam isso de modo a trazer atenção para suas canções – e não o contrário.