Resenha: SILVA - "Vista pro Mar"

O que será que achamos do novo álbum do SILVA? Descubra!

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Lembro que a primeira vez que ouvi dizer que o novo disco do Silva seria mais “alegre”, temi por perder uma das coisas mais legais que havia descoberto no pop nacional: a melancolia capixaba desses irmãos Silva aí. Ouvi Vista pro mar e concluí: não perdi nada, aliás, muito pelo contrário.

Vista pro Mar é uma faceta diferente do Silva, como ele mesmo disse e você leu por aqui, mas é uma face de quem não tem medo do novo, com seus BPMs a mais, que foram muito bem postos, obrigado. A faixa título traz em seu refrão a resposta para quem temia pela novidade do trabalho: “Eu sou de remar / Sou de insistir / Mesmo que sozinho” e os novos e bem vindos naipes de metais, elemento inédito em Silva até então e que aparece também em “Janeiro”.
Mas a cereja do bolo mesmo fica para quem gosta mais do recheio que da bolacha, já que é no meio do trabalho que o disquinho vai ficando cada vez melhor. “Entardecer”, com uma guitarra reggae marcando o fim de tarde da canção, a linda “Okinawa”, parceria com a amapaense mais ocupada do Brasil, Fernanda Takai, “Disco Novo”, com uma marcação fixa da bateria e uma melodia dançante talhando na mente a ideia de que amar de novo é tão bom quanto e saudável quanto ouvir um disco novo e “Universo”, um convite pra dançar e pra ficar até o amanhecer com o refrão mais que esclarecedor “Chega perto / Essa casa é fria / Mas não é vazia mais / O que eu quero / É sua companhia / O restante a noite faz”. 

Lá para o final do trabalho,“Volta” é um aperto no coração, apesar de seus sintetizadores te botarem para requebrar na sala, e “Ainda” continua o clima “pra baixo”, lembrando a melancolia da voz do cantor e seu jeitinho intimista de Claridão. Para finalizar, “Maré” retoma o ritmo otimista e pra frente que o cantor exibe ao longo do disco e te convida para ouvir tudo de novo e de novo e mais uma vez.

Para concluir, Vista pro Mar não é um disco de outro Silva, completamente desconectado de seu trabalho anterior. É apenas um disco feito sob outro ângulo, e com uma criatividade cativante: enquanto Claridão pedia a sombra de uma árvore e a grama de um parque ou o conforto solitário de um quarto vazio, Vista pro Mar pede sol, mar e brisa. Não é um mergulho, é só um eterno contemplar do horizonte. E é um belo horizonte o que se vê.

Nota: 8,5/10