Entrevistas

TMDQA! Entrevista: Biffy Clyro

Falamos com a banda escocesa que se apresenta no Rio e em São Paulo, sobre música, Escócia e até Lego.

Apresentação da banda Biffy Clyro no Jools Holland

Uma das mais renomadas bandas da cena britânica atual, reconhecida pelas suas performances, está chegando ao Brasil! A Biffy Clyro se apresenta hoje no Rio (16/10) e amanhã (17/10) em São Paulo!

Conversamos por telefone com o simpático vocalista da banda, Simon Neil, sobre as apresentações e até sobre a política do país de origem da banda: a Escócia.

Confira:

TMDQA!: O que os fãs podem esperar dos shows no Brasil?

Biffy Clyro: Temos esperança de um grande coral, um verdadeiro “sing along”. Ouvimos falar muito do público brasileiro nos últimos dias! Queremos dar a ele um show com a paixão que merecem. Vamos dar tudo da gente e esperamos que vocês curtam!

TMDQA: Os três primeiros álbuns da banda são bem complexos instrumentalmente, enquanto os três mais novos são mais simples, diretos e grandiosos. Eu li que essa mudança foi proposital, e que o último disco deles encerra essa trilogia de álbuns de “big rock”, então qual é o próximo passo? Heavy metal? Post rock? Dubstep?

Biffy Clyro: Só duvidaria do dubstep! (risos) A gente tem vontade de um dia fazer algo mais orquestral. É algo nosso, que um dia vamos fazer algo com essa vibe. Mas a prioridade vai ser seguir o caminho que estamos levando, por mais que seja diferente do que só três caras podem fazer, queremos criar canções em que estejamos plenamente envolvidos. Por mais que mude o som, sempre vai ser nós 3 e sempre vai ser rock.

TMDQA: O som de vocês é muito cheio, apesar da banda ser um trio. Como isso se traduz ao vivo? Vocês usam samples ou músicos de apoio? Ou deixam o som mais cru mesmo?

Biffy Clyro: Olha, no começo a gente deixava mais cru mesmo. Só nós três no palco e vamos nessa. Mas dava pra sentir que as músicas perdiam um pouco da magia. Nos últimos anos recrutamos guitarristas e um tecladista. Esse passo foi fruto de uma necessidade. Adoramos a sonoridade, mas fica complicado mantê-la à medida que os shows foram crescendo.

TMDQA: A banda foi formada em 1995 e tem aparecido para o grande público nos últimos anos com mais destaque, colocada em evidência em festivais, publicações, etc. Como é estar na estrada há tanto tempo e perceber essa mudança de abordagem quanto à banda pela mídia e pelos fãs? Muda algo na música?

Biffy Clyro: Eu consigo pensar que não influencia na música, mas mexe um pouco em como pensamos nosso trabalho. E nosso trabalho é a banda. Ficou algo mais sério. Antes basicamente sabíamos bem quem ia comprar nosso álbum. Agora é algo novo. Mas tentamos ignorar qualquer receio ou pensamento voltado pra isso e deixar essa ideia de “estamos fazendo sucesso” de lado. Não quero escrever músicas pensando em rádios ou paradas de sucesso. Quero escrever o que me eleva, o que me explode por dentro. Enquanto cuidarmos bem da música, se preocupar com o resto não importa.

Mas sou muito grato por esse carinho. Ele está nos levando a lugares novos e nos fazendo conhecer pessoas novas.

TMDQA: Vocês 3 formaram a banda há quase 20 anos. Como conseguem continuar ativos, com a mesma formação, mantendo o pique?

Biffy Clyro: Esse é um dos principais desafios para qualquer banda… Na verdade qualquer pessoa, se manter conectado com alguém por tanto tempo pode ser difícil. O que nos ajuda é que somos amigos de verdade e desde criança. Conheci os caras aos sete anos.

Por mais que role problemas, aprendemos a sobreviver. (Risos)

Vai parecer ingênuo o que vou falar, mas eu tento pensar que ainda sou aquele adolescente, tocando pela primeira vez, todos os shows. Eu realmente sinto essa energia. Como se a gente só tivesse começado.

Já passamos por gravadoras e selos, mas o modo como a gente cria ficou o mesmo. Escrevendo em casa, onde começamos. Mudamos muito mas tentamos sempre manter essa chave inicial ligada.

TMDQA: Qual a posição de vocês em relação à rejeição da independência pelo povo escocês? Muitas bandas se manifestaram a favor. 

Biffy Clyro: (Suspira) Cara, foi uma decepção enorme. Era a chance de uma vida de finalmente virar uma nação. Respeito o que as pessoas escolheram, mas não dá pra esconder essa decepção. Já passamos por tantas guerras, tantas lutas e parece que tudo ficou plano, numa folha de papel. Vazio. Acho que os escoceses sabem o que é esse sentimento… Sentir um distanciamento da política britânica que mal sai de Londres e mal conhece Gales ou o norte da Inglaterra… Quanto mais a Escócia… Mas o sonho não vai morrer. Espero um dia vê-lo realizado.

TMDQA: Para encerrar… Simon, você tem mais discos que amigos?

Biffy Clyro: (Risos) Sim! Mais CDs, mais discos de vinil e mais Lego!

TMDQA: Lego?

Biffy Clyro: (Risos) Sim! Estou colecionando e estou meio maluco com Lego!