Resenha: Paradise Lost - The Plague Within

Em seu novo disco, Paradise Lost se reinventa mais uma vez e lança um dos grandes álbuns da carreira.

Resenha: Paradise Lost - The Plague Within

O Paradise Lost é uma das poucas bandas que se reinventa de forma magistral a cada álbum. Sua sonoridade veio do Doom Death Metal e passou por caminhos que incluíam o Pop, o Synth Rock e o Gótico. Já soaram agressivos e Dark e já soaram com o Depeche Mode e, em todas as suas fases, a banda fez um trabalho digno de ser apreciado.

Muitos se assustaram quando, depois do famoso Draconian Times (1995), a banda mudou drasticamente sua sonoridade, partindo para algum muito mais leve e melódico e perdendo a sua agressividade em seu One Second (1997). A banda rumou ainda para mais longe do metal em Host (1999), deixando de lado suas texturas distorcidas, mas conservando sua alma e capacidade de fazer boas músicas.

Em 2005 a banda parecia estar voltando, em uma crescente, para o que a deixou mais consagrada: o peso. Álbum após álbum, a Paradise Lost continua impressionando.

Em 2012 todos os elementos clássicos do Draconian Times e do também ótimo Icon (1993) estavam de volta em seu Tragic Idol. Os fãs adoraram, mas não podiam esperar pelo que estava por vir.

The Plague Within (2015) é a biografia do Paradise Lost dos anos 1990-1995. Um álbum que volta às raízes mais profundas da banda sem repetir o que já foi feito, inovando. Da melodia ao peso ríspido, a Paradise Lost está de corpo e alma em um dos melhores álbuns até então lançados em 2015.

Paradise Lost

O primeiro clipe do trabalho traz “Beneath Broken Earth”, que abre com um riff mais que arrastado e grave em uma guitarra de sete cordas. A banda parece citar outro grande nome do estilo nessa canção, a também inglesa My Dying Bride. O mais impactante, no entanto, foi ver Nick Holmes cantando em um sonoro e agressivo vocal gutural, artifício que não usa desde Shades Of God (1992), mas principal forma de vocal dos primeiros álbuns. Definitivamente, sua recente experiência com o Bloodbath, onde cantou o álbum todo dessa forma, o influenciou positivamente.

Nick Holmes é definitivamente o mais impressionante do álbum.  O vocalista passeia por todos os tipos de vocal que já usou ao longo da carreira. Partindo de um suave e doce vocal melódico, quase pop, passando pelo agressivo e forte mas ainda melódico e culminando em seu gutural cheio de personalidade.

Paradise Lost - The Plague Within

O álbum abre com os maravilhosos riffs de “No Hope In Sight”, as melodias iniciais culminam na guitarra abafada e pesada fazendo cama para os vocais de Nick Holmes em uma letra fria, triste e direta que ilustra o passar dos anos e nossa escravidão pela velhice. “Terminal” é direta e seca. Aqui, a banda começa a dar mais detalhes do que será esse álbum, com suas guitarras de death metal e seus vocais guturais. A impressionante “An Eternity Of Lies” nos brinda com uma introdução de cair o queixo; dedilhados em camas de orquestrações se abrem para um forte riff que sustentado por teclados faz menções a antigas bandas de Doom Gótico como Theater Of Tragedy e Tristania, ainda mais pelos corais femininos.

“Sacrifice The Flame” nos remete a Lost Paradise (1990) e Gothic (1991) em seus riffs arrastados e em toda a sua rispidez, com quase nada de vozes limpas. “Victim Of The Past” mostra a cara dos riffs de Gregor Mackintosh  e parece que entraremos em mais uma música que nos remete aos primeiros álbuns da banda quando Nick Holmes começa a cantar com seu vocal limpo, linhas que estariam perfeitamente em álbuns como Host e One Second. A música ainda explode em um refrão gutural e surpreende ainda mais.

“Flesh From Bone” volta ao andamento lento e mostra influências de Raw Black Metal em seus riffs até desembocar em um clássico death/black metal. “Cry Out” e “Return To The Sun” fecham o álbum de forma majestosa. A última mostra a incrível capacidade de composição dessa banda, que mesmo depois de 14 discos ainda consegue nos impressionar.

Um álbum imperdível.