Entrevistas

TMDQA Entrevista: Sheila Simmenes

Cantora norueguesa que está lançando trabalho com músico brasileiro fala com a gente e lança música em parceria com Lucas Silveira (Fresno)

TMDQA Entrevista: Sheila Simmenes

Um dos maiores clichês por aí é que a música é a linguagem universal, que ela une povos e supera distancias culturais. Mas quando se conhece o trabalho da cantora norueguesa Sheila Simmenes, dá pra ter certeza que essa afirmação é verdadeira.

Dona de uma voz doce, um sorriso aberto e muita simpatia após horas em um voo transoceânico, Sheila está no Brasil para divulgar o disco “Wake Up For Love”, criado em uma parceria com o músico paulista Peter Mesquita.

“Foi fácil compor com ele. Sempre nos comunicamos em português, o que facilita. Mas na hora compormos juntos, sai leve. Sai naturalmente. A língua da música não é gramatica, com regras e normas. É leve comunicar pela música”, ela mesma diz antes de começarmos a entrevista.

Mesclando o ritmo brasileiro com tons da cultura europeia, o álbum traz um pop elegante e é world music sem apelar para um Brasil-lugar comum de batuques e samba. Para quem gosta do trabalho recente de artistas como Esperanza Spalding e Selah Sue, é um prato cheio.

Leia abaixo nossa conversa sobre música e culturas diferentes ouvindo a faixa que dá nome ao disco, lançada com exclusividade aqui e que conta com a participação especial do Lucas Silveira (Fresno).

 

Sheila Simmenes e Peter Mesquita lançam o álbum nessa quinta-feira (24/09) no Kabul Bar, em São Paulo. Mais informações aqui.

TMDQA: Como surgiu sua ligação com o Brasil?

Sheila Simmenes: A verdade é que a primeira vez que vim foi como voluntária. Participei do Esperança, Criança e Família, em Taubaté. No período que estava lá ouvia muitas bandas brasileiras, ouvia muito reggae. Até cantei em uma banda. (Risos) Numa festa, conheci a Carol (Tavares, da Jazz House) e o Peter Mesquita e foi instantânea a conexão. Desde o começo planejamos fazer algo juntos.

Na última vez que estava aqui, foi só pra encontrar e trabalhar com eles. No começo era só pra tocar, mas começamos a compor e as músicas ficaram maravilhosas… É complicado falar das próprias musicas assim, que elas são maravilhosas…  Mas era uma coisa muito diferente pra mim. A mistura da música escandinava com os ritmos do Brasil foi incrível.

TMDQA: Como foi o processo de criação do disco? Rolava a composição ou a música antes?

Sheila Simmenes: Os dois juntos, sabe. Eu faço as melodias e letras. E começo com uma base e passo pra ele. Uma delas compusemos num camarim, em Curitiba. Hoje mesmo fizemos uma nova, no carro. (risos) As coisas surgem fáceis entre a gente como um rio… fluindo. Essa é uma palavra muito bonita no português.

TMDQA: Verdade! Acho muito legal a percepção do estrangeiro sobre a nossa língua. Isso afeta também no modo como você vê nossa música?

Sheila Simmenes:  Sim! O que mais me impressiona na música brasileira são as letras, como elas funcionam como poemas. São quase uma pintura de imagens. As minhas são mais simples (risos) Parece um clichê falar isso, mas tem um coração, um calor… É mais aberto. Na Europa tem isso, mas é mais estruturada, sabe? A música brasileira tem mutos gêneros dentro dela. Forró, samba… É como um rio com muitos afluentes.

Mas bem… A produção do disco… (Risos)

Gravamos parte do disco à distância. Inclusive tem dois duetos, com Kamal e Lucas Silveira, e nunca encontrei eles! A música com o Lucas ficou tão emocionante que confesso que tenho medo de encontrar com ele. Espero que gostemos um do outro! (Risos)

Fizemos o trabalho mandando as faixas daqui pra lá e de lá pra cá. Foi um trabalho bem mundial, global. O resultado tem uma vibe natural, orgânica, mesmo feito com tecnologia, com Skype…

TMDQA: O disco me lembrou bastante o trabalho recente da Selah Sue e da Esperanza Spalding.

Sheila Simmenes: Adoro elas! Que legal que o disco fez lembra delas! Eu descobri a Selah uns 7 anos atrás, quando tinha um pouco de raggamuffin na música dela! A Esperanza é incrível. O jeito que ela toca faz todo o corpo dela ser parte da música.

TMDQA: O público brasileiro tem te recebido bem?

Sheila Simmenes: Sim, muito. Uma coisa brasileira mesmo, as pessoas parecem muito abertas para o estrangeiro. Pelo menos me sinto assim.  Por isso, sempre volto! (Risos)

TMDQA: Quais os próximos passos depois do lançamento do disco?

Sheila Simmenes: Já começamos a compor um novo disco (risos) Quero levar a banda para a Noruega e fazer intercâmbio entre artistas de lá e daqui. E queremos tocar. Quero fazer as pessoas se sentirem melhor com a música e não sozinhos, que sintam que tem valor. Que sintam que tudo que tocamos foi para essa pessoa que está ouvindo.