Resenha: Foo Fighters - Saint Cecilia EP

Em novo EP com 5 inéditas, Foo Fighters presta homenagens a ídolos e à própria carreira, e resultado final agrada bastante.

Foo Fighters - Saint Cecilia EP

Quando lançou seu último disco de estúdio, Sonic Highways, o Foo Fighters optou por trilhar um caminho até então inédito não apenas na carreira da banda, como na indústria da música.

Antes do disco o grupo deu diversas declarações sobre como ele estava sendo gravado “de maneira inédita” ou de um jeito “que ninguém fez na história” e obviamente isso foi criando cada vez mais especulações e ansiedade por parte dos fãs para saber do que se tratava.

Quando o projeto foi revelado na forma de um documentário onde 8 músicas seriam gravadas, cada uma, em 8 estúdios de diferentes cidades dos Estados Unidos para contar as histórias musicais de cada um desses lugares, a ideia pareceu interessante, mas o resultado final não agradou.

Sonic Highways acabou tornando-se um disco regular, sem pontos fortes, apenas alguns bons momentos e deixado de lado por muitos fãs da banda que vinham de um relacionamento sério com o ótimo Wasting Light.

Um ano depois Dave Grohl e companhia resolveram andar justamente pelo caminho oposto: jogaram uma contagem regressiva em seu site oficial sem falar do que se tratava e quando ela chegou ao fim os fãs puderam baixar gratuitamente um EP com cinco canções inéditas na forma de Saint Cecilia.

A banda parece não ter se desligado da ideia de criar registros cheios de conteúdo por trás, já que batizou o trabalho com o nome do hotel em Austin onde as (rápidas) gravações aconteceram, em homenagem à Santa Cecilia, padroeira dos músicos.

Mas dessa vez deu certo.

Em seu novo EP o Foo Fighters conseguiu unir conceito com as raízes da banda e na faixa título, que abre o trabalho, por exemplo, voltou ao período do início dos anos 2000, com discos como One By One e In Your Honor, em uma canção que tem toda cara e jeito de andar da banda.

Na segunda faixa, “Sean”, o Foo Fighters prestou uma bela homenagem a um dos membros de equipe, Sean, e também a uma de suas maiores influências, Bob Mould, que inclusive participou de Wasting Light. Em 2 minutos e 11 segundos, a banda criou um som próprio baseado na mistura de rock alternativo e pop/punk imortalizada por Mould em seus projetos e o resultado é muito divertido.

Já em “Savior Breath” a lembrança fica de outro ídolo do grupo, Lemmy Kilmister com seu Motorhead. Menos agressiva que “White Limo”, por exemplo, mas ainda assim barulhenta, remete ao início da carreira do Foo Fighters no seu disco homônimo, quando Grohl era adepto dos vocais sujos e berrados, e ainda assim tem a cara da formação atual, com colaborações de cada um dos seus instrumentistas.

Nessa pequena viagem pela carreira, o Foo Fighters não poderia passar sem uma balada e ela vem na forma de “Iron Rooster”, que não é uma canção “de amor”, propriamente dita, mas reduz o ritmo das coisas em uma fórmula que já funcionou muito bem para a banda, com vocais suaves, violão e partes com banda completa.

Por fim, “The Neverending Sigh” é mais uma prova de que a banda realmente estava interessada em revisitar seu catálogo. Essa canção já apareceu diversas vezes em anotações de estúdio para outros discos do Foo Fighters como “7 Corners” e finalmente foi gravada. Com um riff rápido, pesado e com um quê das guitarras do Dead Kennedys, ela embarca em um som que poderia facilmente estar em álbuns como The Colour And The Shape e There Is Nothing Left To Lose, além de mais uma vez One By One, já que ela chega a lembrar “Come Back” em alguns trechos.

Em Saint Cecilia EP o Foo Fighters resolveu aliar o que fez de melhor nos últimos anos: manter as origens com grandes canções e dar um fundo conceitual ao projeto. E acertou.