Música

Grandes momentos em que David Bowie esteve de parabéns

Músico completa 69 anos nesta sexta com o lançamento do disco <em><strong>Blackstar</strong></em>. Relembre grandes momentos da carreira de David Bowie.

Os momentos em que David Bowie esteve de Parabéns!

Além das 69 vezes em que David Bowie fez aniversário, seus dias de parabéns não cabem nos dedos das mãos para contar. Um dos maiores artistas vivos da cultura pop das últimas quatro décadas completa nesta sexta-feira, 8 de Janeiro, 69 anos de vida e quem ganha o presente somos nós. Sim! Hoje sai oficialmente seu 27º disco, Blackstar, que já ganhou dois videoclipes: para a faixa-título, um curta metragem de dez minutos, e também para Lazarus.

O nosso Camaleão do Rock traz na carreira muitos momentos invejáveis, é dos poucos ícones que conseguiu influenciar gerações e foi capaz de assumir uma enorme diversidade de influências e máscaras, pautadas sempre em drásticas mudanças de estilo e experimentações musicais muitas vezes controversas.

Para além de alçar voos altos na música, Bowie também se aventurou pelo cinema – apaixonado pela mímica que era -, e seu trabalho colheu muitos frutos, tendo alguns de seus títulos o patamar de cult movies. Toda sua experimentação visual e androginia também inspiraram e ainda inspiram a vida de tantas pessoas, além do mundo da moda e, inclusive, as discussões de gênero e sexualidade até hoje.

David Bowie possui um catalogo de 26 discos de estúdio lançados, sendo alguns dos mais importantes para a história da música como The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars (1972), Alladin Sane (1973), Young Americans (1975), Heroes (1978), Let´s Dance (1983), Everything (1997), entr outos. Sua carreira no cinema como ator é marcada principalmente por papeis em “O Homem Que Caiu na Terra” (1976), “Fome de Viver” (1983) e “Labirinto – A Magia do Tempo” (1986).

Na sequência, você confere a nossa lista em homenagem aos 69 anos do Bowie separada em tópicos com os melhores momentos desta lenda.

1 – SEU GRANDE RETORNO COM THE NEXT DAY (2013)

15 vezes em que David Bowie esteve de Parabéns!

Foram dez anos de espera, nos quais os fãs iam a cada minuto perdendo as esperanças de que seu ídolo voltasse à ativa. Desde 2003, com o lançamento de Reality, que Bowie se afastou da cena e parou de lançar material inédito. Há muitos boatos sobre esse hiato, incluindo problemas de saúde, mas nada pode ser afirmado com certeza. Para um artista com uma produção de discos intensa, dez anos foi inesperado, tanto que os fãs e a crítica musical chegaram a acreditar na aposentadoria do astro.

No entanto, em 2013, The Next Day veio de uma maneira quase surpresa e com o mesmo nível de excelência bowiano. Dos cinco singles lançados nesse álbum, “The Stars (Are Out Tonight)” rendeu um dos melhores videoclipes da carreira do músico. No vídeo, ele vive uma inversão da realidade junto a sua esposa, interpretada pela ótima atriz Tilda Swinton. O vídeo traz à discussão temas como a idade, gênero e algumas alfinetadas nas divisões entre celebridades e pessoas normais.

2 – SUAS INCRÍVEIS PERSONAS

Ziggy - main image

Escrever músicas, compor melodias e entrar em estúdio são apenas os passos base para David Bowie lançar seus discos. Cada álbum disponibilizado possui um conceito diferente, sempre com narrativas bem amarradas, contextualizadas ou anacrônicas de fatos que se misturam com as artes de modo geral: o cinema, a moda, a política, as artes plásticas. O mais incrível desse processo de produção e construção de discos conceituais, além da música, são as personas criadas por Bowie ao longo dos anos.

Seu primeiro personagem foi Major Tom, um astronauta que é lançado para fora da terra e acaba sendo consumido pelo vazio do espaço de maneira irreversível. Tom veio com Space Oddity, disco de 1969, e também o primeiro single de sua carreira que, por mais incrível que pareça hoje, não foi dos maiores sucessos. Bowie construiu essa persona a partir da discussão sobre exploração espacial em voga nos anos 60, tendo no filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubruck sua maior referência.

Ziggy Stardust é a mais conhecida e adorada. Vestido com trajes andrógino, cabelos tingidos de vermelho, rosto e os lábios fortemente maquiados, Ziggy era um rockstar bissexual, a manifestação humana de um ser alienígena que estava tentando apresentar à humanidade uma mensagem de esperança nos cinco últimos anos de sua existência. Ziggy Stardust representa o rockstar definitivo: sexualmente promíscuo, selvagem no uso de drogas, porém portador de uma mensagem que, no fim das contas, é sobre paz e amor. Ele é destruído pelos consumos que faz e pelos fãs que inspirou.

O alter-ego acabou consumindo o artista: Bowie caiu nos vícios do rock de uma maneira que não conseguia se desligar da persona criada. Em 1973, para a surpresa de todos, incluindo o The Spiders From Mars, banda que o acompanhou nessa turnê, Bowie anunciou o fim de Ziggy Stardust, um suicídio artístico em pleno palco. Essa fase é um marco do glam rock e o disco The Rise and Fall of The Spiders From Mars (1972) aparece até hoje nas listas de álbuns da história do rock.

Depois disso veio Alladin Sane, uma versão de Ziggy nos Estados Unidos, o próprio Bowie o descreve como “Ziggy vai à América”. Na sequência surge Halloween Jack, com o disco Diamond Dogs (1974), um gato trash líder de uma gangue rebelde. O álbum tem uma pegada mais punk, dando mostras do que viria com o punk rock que só daria as caras de fato no final da década.

Outra criação interessante foi Thin White Duke, associado ao obscuro Station to Station (1976), um homem ariano vestido impecavelmente de camisa branca, calças pretas e colete que, nas palavras de Bowie era “um aristocrata demente”, “um zumbi amoral” e “um super-homem ariano sem emoção”. O Duke coincide com uma terrível fase em que Bowie se afundou no vício em cocaína. Para ele, o Duke se tornou seu próprio monstro. Após ele, Bowie passou apenas a modificar sempre sua aparência, deixando um pouco de lado os alter egos e focando mais na exploração de novas sonoridades e tendências musicais.

3 – PARCERIAS MUSICAIS

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Bowie sempre foi bastante curioso sobre tendências de música e um assíduo ouvinte. Entre suas parcerias musicais ao longo dos anos estão artistas contemporâneos dele e também nomes das novas gerações que o inspiraram, o que mostra um lado humilde de um ídolo que não se pôs no pedestal acima dos demais.

“Under Pressure” é uma de suas parcerias mais famosa. O músico fez uma participação no Queen ao lado de Freddie Mercury. A canção foi escrita durante a época em que Bowie foi convidado para atuar com vocais de apoio numa música que o Queen estava gravando que, mais tarde seria “Cool Cat”. David não gostou de sua participação e pediu que o grupo não lançasse a faixa com seus vocais. Mais tarde, sugeriu que fizessem uma música em parceria. Então, “Under Pressure” surgiu através de um riff de John Deacon numa jam session do grupo com Bowie, que escreveu praticamente sozinho a letra. Durante a mixagem da canção, a banda entrou em discussão com David Bowie, e o músico ameaçou impedir o lançamento da canção. Existe uma versão ótima dessa música em um tributo à Freddie Mercury cantada por Bowie  e Annie Lennox.

Outra parceria importante foi com Mick Jagger, o vocalista do Rolling Stones. Os dois ícones do rock se juntaram em 1985 em uma das ações do Live Aid e tocaram uma das músicas mais famosas da gravadora Motown na voz de Martha and The Vandellas, “Dancing in the Street”. A versão de Jagger e Bowie foi gravada em apenas duas horas, no histórico estúdio Abbey Road, e o clipe ficou pronto em 13 horas.

Com Iggy Pop houve duas músicas. “China Girl”, que escreveram juntos durante uma temporada que moravam em Berlim, época em que Bowie ajudou Pop a se livrar da heroína. A primeira versão saiu no álbum The idiot (1977) do Iggy Pop e a segunda em Let´s Dance (1983) do Bowie. O camaleão aparece também na música de Iggy “The Passenger” com ele.

Entre os trabalhos com as gerações mais novas, Bowie aparece na excelente “Without You I’m Nothing” do Placebo, música que faz parte do segundo disco da banda, homônimo, lançado em 1998. O astro também tocou com Trent Reznor do Nine Inch Nails, na música “I’m Afraid of Americans”, que faz parte do disco Earthling, lançado por Bowie em 1997. Outra parceria interessante entre os artistas “novos” foi com o Arcade Fire. Bowie subiu no palco em que a banda se apresentava para tocar junto a música “Wake Up”, além de ter colaborado no último disco da banda, Reflektor, lançado em 2013. Ele já cantou, inclusive, com Scarlett Johansson na música “Fannin Street”, do primeiro disco da cantora/atriz, Anywhere I Lay My Head, que contém apenas versões de músicas de Tom Waits.

https://www.youtube.com/watch?v=9G4jnaznUoQ

4 – SUA CARREIRA NO CINEMA

davidlabyrinth

David Bowie começou a tomar gosto pelo teatro e cinema por conta de um amor que nutria desde pequeno pela mímica. Ao longo de sua carreira musical, paralelamente ele mostrou uma faceta como ator que rendeu filmes que hoje se situam como cults. Vampiro, rei dos duendes, Andy Warhol, Pôncio Pilatos, Bowie soube usar seu poder de camaleão também no cinema em papeis inesquecíveis.

David já havia feito peças, mas seu primeiro papel no cinema foi em “Os Soldados Virgens”, de John Dexter (1969), filme britânico sobre soldados da Segunda Guerra que enfrentam problemas nas trincheiras, mas também na cama. Entre as atuações mais marcantes estão em “O Homem Que Caiu na Terra”, de Nicolas Roeg (1976), filme que pode ser considerado a verdadeira estreia de Bowie como protagonista. Ele interpreta um humanoide que faz dinheiro ao vender sua tecnologia avançada.

Outro importante é “Fome de Viver”, de Tony Scott (1983). O filme foi um fracasso de bilheteria, embora seus longas anteriores também não tenham sido exatamente um sucesso. Mais uma vez o visual do cantor lembrava seus tempos de androginia ao interpretar um homem que precisa se alimentar de sangue para não envelhecer. “Fome de Viver” , com Susan Sarandon e Catherine Deneuve, se tornou cult.

O mais conhecido e lembrado é de fato “Labirinto – A Magia do Tempo”, de Jim Henson (1986), cheio de fantasia e com uma maquiagem duvidosa. Bowie é nada menos que o rei dos duendes, Jareth, que persegue a menina Sarah, que se transformaria mais tarde na bela Jennifer Connelly. Sua empolgação era tanta que ele compôs as canções do filme e aprendeu de verdade como fazer malabares com uma bola de cristal.

Além dos citados, Bowie aparece em filmes como “Um Romance Muito Perigoso”, de John Landis (1985), “O Pirata da Barba Amarela”, de Mel Damski (1983), “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese (1988) e até na série de David Lynch “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” (1992), além de outros filmes.

Também vale lembrar um episódio envolvendo o mundo audiovisual ocorrido em 2007, quando Bowie declarou seu amor pelo desenho animado Bob Esponja, que floresceu por influência de sua filha, Alexandria. Em 2008 ele fez uma participação especial no episódio “Atlantis Squarepantis”, dublando o Rei de Atlantis, Lord Royal Highness. Alexandria deve ter ficado muito feliz ao ouvir o pai em seu desenho favorito.