Faixa Título: o que assistir no Lollapalooza Brasil 2016

Guilherme Guedes sugere um roteiro com os shows imperdíveis do Lollapalooza Brasil 2016 no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Lollapalooza Brasil 2016

Amanhã começa o Lollapalooza Brasil 2016, a quinta edição brasileira do festival, e a terceira realizada no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Não bastasse o tamanho do local e a distância entre os palcos, o line-up sempre recheado de festivais como o Lolla impossibilita que todos assistam a todos os shows interessantes do evento. Por isso, o Faixa Título sugere um roteiro de shows imperdíveis dessa edição, desde o sórdido início, ao meio-dia de sábado, até o fim da festa, no domingo.

Sábado, 12/03

Ao meio-dia, o The Baggios se apresenta no palco Skol. Uma das grandes revelações do rock nacional os últimos anos, a dupla sergipana abre os trabalhos no festival, mas bem merecia uma posição de mais destaque no line-up. De lá, dá pra andar tranquilo para o palco Onix e curtir um pedaço do show do Dônica, que ao vivo funciona muito melhor que no álbum de estreia do quinteto carioca, Continuidade dos Parques, lançado em 2015.

Depois de uma pausa breve pro almoço, a boa é o Vintage Trouble, lá no palco Axe. O show deles certamente será um dos mais energéticos do festival, comandado pelo carismático vocalista Ty Taylor, cheio de maneirismos à la James Brown. A banda esteve aqui no Rock in Rio em 2013 e fez um show inesquecível, não à toa é uma das mais esperadas do Lollapalooza. O único problema é a longa caminhada entre os palcos Onix e Axe; quem preferir poupar energias para o resto do dia confere o show do Matanza no Skol, embalado pelo último álbum do grupo, Pior Cenário Possível (2015), o mais pesado de Jimmy London e cia.

Às 15h05 começa o imperdível show do Eagles of Death Metal. Não bastasse a boa repercussão de Zipper Down (2015), último disco deles, há a curiosidade de ver como a banda se recuperou do atentado ao Bataclan em novembro passado. Caso você tenha comprado ingresso para vê-los no Cine Joia no dia 15, sugiro deixar o show do Lolla passar e correr para o Axe, onde o The Joy Formidable estreia no Brasil com uma ótima mistura de rock alternativo, dream pop e shoegaze, que fica ainda mais pesada ao vivo. Seja qual for a decisão, dá pra ver o show inteiro, passar no banheiro, relaxar e assistir ao Bad Religion no palco Skol.

Depois, entre Of Monsters and Men e Cold War Kids, sugiro passar pelo palco Trident para curtir o set do RL Grime, um dos poucos nomes que vale a pena na insurgência recente do trap e da bass music, com uma pegada mais sombria que outros produtores do ramo. Quando o set estiver próximo do fim, o lance é voltar ao palco principal para ver o Tame Impala, que volta ao Brasil com Currents (2015), um disco mais eletrônico que os anteriores, mas que ao vivo ganha os caprichos psicodélicos que fizeram do Tame Impala um dos destaques do cenário mundial.

Às 20h15, não tem conversa: vá ver o Die Antwoord. Não há espaço para discussão. A dupla sul-africana é famosa pela controvérsias e polêmicas, e musicalmente borra as fronteiras entre o hip-hop e a IDM com performances exageradas e teatrais de Yolandi e Ninja, dois dos MCs mais insanos que você provavelmente ainda não viu. Depois deles, vale considerar ir pra casa mais cedo, a não ser que o rap de Eminem – fraco ao vivo – ou o pop excêntrico de Marina & The Diamonds faça a sua cabeça.

https://www.youtube.com/watch?v=2EQduTQz6Yk

Domingo, 13/03

Os gaúchos do Dingo Bells assumiram a ingrata missão de abrir o festival no domingo. Uma pena, pois o ótimo show do trio – que ao vivo vira quase uma big band – é um dos melhores da cena independente na atualidade, com muita influência de soul music. Quem tiver disposição, no entanto, apareça pelo palco Skol ao meio-dia que não se arrependerá. Depois deles quem toca o barco é o Maglore no palco Onix, com repertório focado em III, o disco mais arredondado e acessível do trio soteropolitano.

Caso a energia para ir até o Trident conferir a Karol Conka esteja em baixa, a proposta é descansar, comer algo e chegar ao palco Axe para ver o SEEED, um grupo alemão de reggae que faz a ponte entre o Lollapalooza Brasil e o Lollapalooza Berlin, que estreou em 2015. Além da excentricidade em si – grooves jamaicanos made in Berlin? – o grupo surpreende com uma mistura de ritmos que não inova, mas funciona.

Em seguida, a pedida é ver de perto o hip-hop instrumental do Gramatik no palco Trident, com a opção de descer ao Skol para ver o Twenty One Pilots, outro grupo estreante muito elogiado pela presença de palco. De qualquer forma, é importante reservar um tempinho para ver um pedaço do Albert Hammond, Jr., guitarrista do The Strokes com uma excelente carreira solo, no palco Axe. No ano passado, Albert lançou o subestimado Momentary Masters, disco que deve ocupar boa parte do setlist. Mas não espere nenhum hit do Strokes, ou a decepção é certa.

De lá rumo ao palco Onix, onde o Alabama Shakes desembarca no país com a turnê Sound & Color, do elogiado disco homônimo lançado ano passado. Um dos destaques do Lollapalooza Brasil em 2013, a banda volta ainda mais experiente e madura, e deve repetir a excelência de três anos atrás. A essa altura, a cabeça pesa e as pernas parecem não responder mais, mas siga em passos firmes para o palco Skol e aproveite o show do Noel Gallagher’s High Flying Birds à distância, talvez até sentado(a) na colina à esquerda do palco. Apesar das versões de clássicos do Oasis, o que pra muitos é um revés, os melhores momentos da carreira solo de Noel muitas vezes rendem boas surpresas, como a Josh Hommeniana “The Mexican”.

Chegamos à reta final do Lollapalooza Brasil 2016. Andar é uma tortura a esse ponto, por isso a boa é evitar a fritação do Jack Ü com o show do Jungle, que reprisa em grande escala os shows que fizeram por aqui no ano passado. Ao vivo, o projeto ganha fôlego com uma excelente banda de apoio, que transforma as batidas programadas do álbum de estreia em hinos dançantes com ecos do fim dos anos 1970. Ao fim, vale pegar pelo menos alguns trechos dos shows do Emicida (palco Trident), e Planet Hemp (palco Axe), antes de pegar o bonde pra casa e se preparar para viver tudo de novo em 2017.

P.S.: para o pessoal da preguiça, do infalível combo edredom+Netflix, ou simplesmente para quem não conseguiu juntar estalecas suficientes para comprar ingressos, vale lembrar que o festival será transmitido em tempo real pelos canais Multishow e Bis, e também no site do Multishow. E claro, com comentários e análises ao vivo deste que vos escreve. Nos vemos por lá 😉